Parte 2...
— E você fez exatamente isso - Márcia disse — Você é orgulhoso demais, irmão. É muito cheio de si.
Ele não esquecia das fotos onde mostrava Anelise ao lado de Jonas e Novaes, sorrindo. Seu sangue esquentou.
— Depois da primeira briga, ela continuou ligando atrás de você e veio aqui de novo... Então eu aproveitei - Luiza fechou os olhos um instante — Foi quando eu aproveitei que você a deixou sem controle emocional após a briga e peguei pesado, a ameaçando.
Ele abaixou a cabeça recordando as palavras duras que tinha jogado em cima dela, sem nem mesmo deixar que falasse nada, apenas tomado pelo ciúme e pelo coração machucado.
A chamou de burra, vulgar, interesseira. Disse que ela não valia o esforço, que era uma pobretona que usava para se divertir. Acusou-a de ser ladra e tudo pela raiva e mágoa que sentia.
— Eu a peguei depois de nossa discussão e ameacei prendê-la e jogar a avó dela na rua. Eu sabia que a casa ainda pertencia ao banco - pausou um instante — Disse que usaria meus contatos para que nunca mais conseguisse trabalho na cidade - suas mãos tremiam — E lhe dei dinheiro para ir embora.
— E ela aceitou? - ele perguntou de cabeça baixa.
— Não... Eu peguei o dinheiro - Márcia confessou.
— O quê? - Luiza se espantou. Ela não sabia.
— Ela saiu correndo chorando e jogou o pacote na varanda. Eu peguei... E quando ela mandou a avó devolver os presentes, eu peguei também... E ameacei a velha - engoliu em seco — Eu disse que era fácil descobrir onde Anelise estava e era só mandar a polícia atrás dela.
— Você ameaçou uma velha? - ele fechou a cara.
— Qual a diferença? - ela fez uma careta cínica — Tanto faz se é uma adolescente ou uma velha - fez um som com a língua em desprezo à situação e levantou agitando os braços — Dá no mesmo.
— O que você fez, filha? - Luiza se sentia mal.
— Eu vendi as joias e gastei o dinheiro - deu uma risadinha — E cá pra nós, né mãe... Era pouco, bem pouco.
— Eu fui atrás dela - ele passou a mão pelo cabelo — Mas desisti muito rápido - disse com voz rouca.
— Eu também fui - Luiza assumiu murmurando — Fiquei muito tempo preocupada com as condições que ela saiu daqui.
— Que condições? - ele apertou os olhos.
— Anelise queria contar... Mas eu a impedi - ela estremeceu todo o corpo — Ela... Estava grávida quando foi embora.
Foi um choque. Inicialmente ele levou alguns segundos para assimilar o que havia ouvido da mãe. Depois foi sentindo um aperto no peito e uma falta de ar como se seus pulmões estivessem secos. Depois a realidade da revelação fez sua cabeça doer com uma pontada fina do lado esquerdo da têmpora.
Precisou levantar, estava sentindo dificuldade para respirar. Encarou a mãe com os olhos vidrados. Por um segundo até sentiu uma tontura rápida.
— Grávida? - sua voz estava irregular pela emoção — Ela... Anelise estava grávida? E você a mandou embora? - sentiu um ardor na garganta — A assustou, ameaçou... - fechou os olhos apertando a testa dolorida — Ameaçou a avó dela... Meu Deus... Meu Deus... Que loucura - ele foi atingido como um pugilista quando leva um soco certeiro no queixo — Que horror... Por isso ela guarda tanta mágoa...
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....