Parte 4...
Ele levantou o olhar para ela. Anelise parecia tímida de novo.
— Desculpe... Eu nunca me liguei... Achei que você cuidasse disso. Fui egoísta, só pensei em mim mesmo - murmurou.
— Nisso eu concordo com você - ela puxou o ar erguendo a cabeça — Eu era muito inexperiente, você deveria ter tido mais atenção sobre isso.
Ela não pode evitar de relembrar quando estava com Haroldo. Ele tinha muito cuidado com a saúde dela, ia aos exames, contratou uma nutricionista e uma personal trainer para cuidar de seu período de gestação.
Várias vezes ele fazia massagens em seus pés que estavam inchados, dormia abraçado a ela e quando entrou em trabalho de parto, correu com ela para a maternidade onde tudo já estava organizado a esperando.
E a emoção genuína dele quando Alan nasceu e ele a beijou com carinho. O modo como agarrou seu bebê nos braços e disse que era dele. Com toda certeza. Haroldo tinha sido um pai incrível para Alan. E um perfeito substituto para Mathias.
Ele lhe devolveu o celular com o olhar pesado e se virou para a janela , olhando perdido para as árvores que balançavam lá fora. Seu peito estava pesado. Imaginou que ele poderia ter passado por seu filho sem nunca saber a verdade. Seria só mais um menino. Mas ele era pai e não teve o direito de saber.
Márcia entrou e trouxe café para Anelise. Ela agradeceu, mas deixou o copo de lado. Ela tinha ouvido parte da conversa deles.
— Como se sente hoje irmão? - ela sentou na cadeira perto de Anelise.
— Por que você pergunta? - ele disse de modo seco — Até parece que você se importa.
— É claro que eu me importo - ela respondeu sem jeito.
— É... Eu percebi. Por isso mentiu todos esses anos.
Anelise não queria se meter no assunto deles. Os dois que se resolvessem sozinhos.
— Mathias, eu já lhe pedi desculpas.
— Eu sei que você não me desculpou. Até tomou minha empresa - disse magoado.
— É verdade - respondeu sincera — Foi uma boa chance de vingança e de investimento - mexeu no cabelo — E não me arrependo do que fiz, vocês mereceram. Não pense que ainda sou aquela garota que deixava tudo pra lá. Não, eu aprendi com a vida anda e não vivo mais de sonhos. Também aprendi a ser malandra. Eu vivo a realidade.
As palavras dela atingiram os três como um tapa forte na cara. Realmente ela tinha sido vítima de todos eles e isso não é algo que se esquece. Ela poderia estar em uma situação muito pior e eles não se incomodariam, porque tinham seguido suas vidas normalmente.
— Eu me sinto péssimo - ele resmungou — Minha empresa nas mãos de outros e um filho que não sabe que eu sou seu pai - deu um suspiro cansado.
— Não se preocupe com a empresa - ela disse — Eu sei muito bem o que fazer com ela - Mathias a recriminou com o olhar apertado — E quanto ao meu filho... Talvez eu conte a ele em breve.
— Faria isso? - Luiza se espantou.
— Estou pensando nessa hipótese - torceu a boca — Mas não se anime demais. Se eu contar - ergueu uma sobrancelha — E tem um se bem grande... Será toda a verdade de acordo com a compreensão dele. Não vou mentir.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....