Gabriela Clara Morais temia que a enfermeira mal interpretasse suas intenções, então acrescentou: "Amanhã de manhã, eu voltarei."
"Você se sente apta para isso?" questionou a enfermeira, preocupada. "Eu não recomendaria que você fosse para casa agora."
"Eu não consigo dormir direito no hospital," Gabriela inventou uma desculpa.
A enfermeira decidiu não insistir. "Então, por favor, assine um formulário de dispensa. Também precisarei da assinatura do médico. Você terá que voltar amanhã de manhã para prosseguir com o tratamento."
"Ok, obrigada."
Saindo do hospital, Gabriela ligou para Quirina Soares.
Ela pegou um táxi e foi para o apartamento dela.
Jobson Morais já estava de volta à sua casa, parecendo perdido, alternando entre momentos de silêncio e risos sem motivo aparente.
"Jobson Morais, ainda reconhece sua irmã?" Gabriela olhou para o irmão, sentindo uma constante amargura.
Quirina Soares deu-lhe um leve toque no ombro, sinalizando que não deveria se preocupar excessivamente. "Eu marquei uma consulta com um especialista em psiquiatria. Amanhã levaremos ele para uma avaliação inicial e depois decidiremos os próximos passos do tratamento."
Parecia que era a única coisa a fazer no momento.
Mas já era o melhor resultado possível.
Sandro Goulart não quebrou sua promessa.
"Quirina, para ser honesta, ainda temo que Sandro Goulart possa mudar de ideia. E se um dia ele decidir levar Jobson Morais para algum lugar terrível novamente, talvez nunca mais o vejamos."
"Ele realmente faria algo assim?"
Quirina Soares não conhecia bem Sandro Goulart, mas, considerando a forma como ele tratava Gabriela Clara Morais, não seria surpreendente se ele fosse capaz de tal crueldade.
Gabriela estava determinada a proteger Jobson Morais, pelo menos por enquanto. "Quirina, tive uma ideia."
"Diga."
"Eu estava pensando em vender a casa que meus pais deixaram."
Quirina Soares surpreendeu-se. "Por que você quer vender a casa? Onde vocês vão morar?"
"Eu não planejo ficar no Rio de Janeiro."
Ela parecia desanimada, sem qualquer apego à cidade.
Partir era uma questão de tempo, e a decisão final já estava tomada.
Quirina Soares sentiu uma tristeza profunda.
"Chega de falar sobre mim." Ela pegou seu celular e transferiu todo o dinheiro que tinha para Quirina Soares. "Eu sei que isso é apenas uma pequena contribuição para o tratamento de Jobson Morais. Vou buscar outra forma de ajudar... encontrar um novo emprego."
"Eu não quero seu dinheiro."
Quirina devolveu o dinheiro.
Enfrentar a vida ao lado de Sandro Goulart significava lidar com dias difíceis. Como ela poderia se permitir ficar sem nenhum recurso?
"Quirina..." Ela realmente esperava que Quirina aceitasse.
Quirina Soares foi firme em não aceitar, "Quando você se separar daquele louco do Sandro Goulart, aí você me paga. Nessa hora, não vou te poupar."
Tudo bem.
Gabriela Clara Morais registrou mentalmente cada centavo que devia a Quirina Soares. Quando estivesse em melhores condições, devolveria o dobro.
Gabriela Clara Morais passou uma noite na casa de Quirina Soares.
Nessa noite, ela cuidou de Jobson Morais, deu-lhe um banho, cortou seu cabelo, fez a barba dele.
E também trocou-o para roupas limpas.
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