Gabriela de Sá
— A comida está no forno, a roupa já está no varal e está tudo limpinho. Amanhã venho passar a roupinha do meu netinho — ela falou para o meu bebê.
— Não mãe, não precisa. Desse jeito não vou aprender a me virar sozinha. — sentei no
sofá.
— Você ainda está de resguardo meu anjo. Precisa descansar! Não tem mal uma semana que o meu netinho nasceu você também precisa ser cuidada — minha mamãe beijou minha testa e se abaixou para deixar meu filho em meus braços. Segurei o pequeno embrulho na manta do Batman e embalei o pequeno que estava quase dormindo já.
— Obrigada por tudo mãe.
— Imagina meu amor. Agora tenho que ir! Os seus irmãos precisam de mim e daqui para casa ainda tem muito trânsito, mas se preocupe eu amo cuidar de você.
Me deu mais um beijo e passou pela porta do apartamento. Respirei fundo e embalei o pequeno, porém assim como eu prévia ele começou a chorar. Trouxe ele para mais perto do meu corpo assim como todos diziam para eu fazer.
Eu estava exausta, fazia cinco dias do meu parto, e apesar da grande ajuda da minha mãe e do Lucas, eu estava muito cansada. Meu bebê era muito chorão, claramente igual ao pai. Na primeira noite ali ele chorou todo o tempo e desde então não tive mais noites de sono completas.
Mas ainda assim a sensação de tê-lo em meus braços era a melhor de todas. O rostinho dele era uma fofura, e eu o amava tanto já que sempre que ele começava a chorar eu praticamente começava junto. Queria tanto entender o porquê daquele choro.
— Calma, meu anjo. Conta o que está incomodando para a mamãe meu amorzinho.
Levantei balançando ele junto do meu corpo, e batendo nas costinhas dele. Mas de forma alguma ele parava de chorar, e foi o gatilho para que eu caísse no choro também. Meus soluços se juntaram aos dele. O pior era não saber o que ele queria, já tinha tentado dar leite para ele, trocado a fralda e até fiz uma massagem como minha mãe me ensinou, mas parecia não ficar bem comigo.
No colo da minha mãe ele ficava quietinho, dormia facilmente, mas no meu ele abria o berreiro. Chorando continuei balançando nossos corpos. As lágrimas embaçavam meus olhos e eu tentei secar. A porta se abriu e Lucas que tinha ido na farmácia entrou segurando um pacote.
— O que foi, Gabi?
— Ele não para de chorar.
Deixando a sacola sobre a poltrona ele estendeu o braço e eu lhe entreguei o nosso bebê. Lucas o pegou sustentando sua cabecinha com a mão e a coluna como braço.
— Você está chorando é Oli?- balançou ele e se sentou no sofá. — Não deixa a mamãe dormir, e ainda fica fazendo ela chorar, que feio — o deixou sobre sua perna e segurou as mãozinhas dele que tinha luvas azuis. — O que você quer?
— Vou tirar leite, está vazando. — levantei.
Ainda chorando fui para o banheiro e comecei a tirar o leite com a bombinha, aquele negócio era horrível, doía pra caramba, sem contar que era triste ter que tirar tanto leite porquê o meu filho não queria. Encostei na parede cansada, tirei o suficiente para não vazar mais e coloquei nos potes para guardar no congelador. Amanhã o Lucas ia levar junto com os outros para doação.
Mas quando cheguei perto da geladeira bati o pé até a geladeira e então a luz apagou, praguejei mentalmente por a luz ter acabado. E fechei os meus olhos pela dor de ter batido o meu dedinho.
Quando abri a geladeira para deixar o leite vi que não tinha acabado a luz, pois a mesma estava ligada. Olhei para trás e vi todas as luzes do apartamento apagadas.
— Lucas — chamei com medo.
O barulho dos banquinhos da bancada caindo invadiu o lugar, me abracei querendo ir direto pegar meu bebê. Ouvi alguém gemer e fui até a luz mais próxima, acendi e a luz estava ali. Olhei para o chão, Lucas estava caído no meio dos bancos da pequena ilha, rindo comecei a ajudar ele a se levantar.
— Não ri de mim. — ele falou rindo.
— Você que apagou as luzes? — perguntei.
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