Mais do que paquera romance Capítulo 26

- Com licença. - Raviel a envolveu pelo ombro de repente, interrompendo seus raciocínios a respeito de onde sentira esse cheiro de menta antes.

Andreia não tinha jeito, jogando esses pensamentos para longe.

- Preparar, apontar, já! - O homem disparou um tiro no ar, fazendo um barulhão.

Ao som de disparo, Raviel moveu a perna que estava amarrada e a avisou:

- Vamos.

- Ok. - Andreia respondeu e se concentrou para não o atrapalhar.

Mesmo que a saída inicial tenha sido um sucesso, eles estavam atrás das crianças.

As crianças cresceram juntas, e tinha a mesma altura. Logo, tinha a total sintonia. No momento em que ouviram o disparo, eles saíram correndo como vento, deixando-os para trás.

- Papai, mamãe, rápido! - gritava Giovana enquanto corria.

- Papai, mamãe, vocês vão perder - disse Daniel.

Andreia entendeu que seus pequenos estavam zombando deles e riu com isso.

- Temos que acelerar - disse Raviel olhando para o ponto de chegada que estava bem longe, e olhou para as duas crianças que já passavam da metade da pista.

Andreia também sabia que iam perder se não acelerassem, então respirou fundo e aumentaram a velocidade.

As pernas deles eram muito mais compridos do que as pernas das crianças, então logo as ultrapassaram.

A vitória estava na frente de seus olhos, mas a expressão de Andreia de repente se mudou.

Ela viu a placa sobre o posto do ponto de chegada se balançando.

No próximo instante, um parafuso caiu, e a placa se desmantelou toda, caindo em direção a Andreia e Raviel.

As pupilas de Andreia se contraíram e, sem pensar em mais nada, ela derrubou Raviel, mas ela mesma acabou tendo o pé esmagado pela placa.

A cena assustou todos no restaurante, e o homem de terno de veludo quase sentiu a alma sair pela boca de susto. Gritou chamando pessoas para ajudarem.

Logo, os seguranças vieram e levaram a placa embora.

Raviel soltou a corda de suas pernas e ajudou Andreia a ficar em pé. Vendo seu calcanhar cheio de sangue, seu coração deu um naquele momento.

- Você...

- Sr. Raviel, você está bem? - perguntou Andreia suando friamente, seu rosto estava pálido.

- Eu estou bem - disse Raviel.

- Então está tudo bem - suspirou Andreia aliviada.

- Por que me salvou? - perguntou Raviel com um olhar muito complicado.

Ele viu muito bem que ela o salvou de primeiro, sem hesitar nem por um instante.

Ela parecia ter muito medo dele se machucar.

- Não é normal salvar pessoas? - sorriu Andreia, respondendo fracamente.

Ele tinha vindo para a ajudar, se deixasse ele se machucar, seria demais da conta.

- Mamãe, você está bem? - perguntou Daniel ao se aproximar correndo juntamente com Giovana.

- Mamãe, você está sangrando... - disse Giovana começando a chorar.

Vendo seus pequenos desesperados por ela, ela ficou muito emocionada, então aguentou a dor e respondeu:

- Está tudo bem, mamãe está bem.

- Como poderia estar bem? Está sangrando! - disse Daniel segurando as mãos em punho, e se virou furioso para Raviel. - É tudo culpa sua! Se não fosse para te salvar, mamãe não estaria machucada!

- Daniel! - Andreia o repreendeu. - Como poderia falar com titio assim? Mamãe o salvou por vontade própria, não tem nada a ver com ele.

- Mas... - Daniel ainda queria falar algo com seus olhos ficando vermelhos.

Raviel abaixou a cabeça e disse a ele:

- Você está certo. Sua mãe se machucou por mim, e eu vou me responsabilizar por isso até o fim.

Daniel levantou a cabeça e o encarou por alguns segundo antes de desviar bufando, aceitando suas palavras.

Raviel arqueou as sobrancelhas, surpreso.

Essa é mesmo uma criança de quatro anos?

É inteligente e maduro demais para a sua idade.

Andreia estava ciente de que fora um acidente, então não estava com a intenção de ficar discutindo por isso.

- Pode ser.

- Sim, senhorita, vamos organizar isso agora mesmo, e aproveitarei para chamar um médico para a senhorita. – Vendo que Andreia tinha aceitado as desculpas, ele se sentiu aliviado.

Esse era um restaurante de luxo, apenas pessoas abastadas frequentavam esse lugar.

Se as desculpas não forem feitas devidamente, e os clientes ficarem pegando no pé deles, seu cargo de gerente irá por água abaixo, e ainda correria perigo de ser responsabilizado por uma ação judicial.

Então ele estava extremamente feliz em encontrar uma pessoa simples como Andreia.

- Não precisa chamar o médico, eu já tenho um aqui - disse Raviel. E assim que ele terminou de dizer, uma voz bem relaxada veio de trás dele.

- Ravi, onde está a pessoa ferida que você disse?

Andreia seguiu com o olhar na direção da voz, e se deparou com um homem com cara de bebê.

Ele vestia um conjunto casual todo colorido, seu cabelo era cacheado, e ainda tinha caninos bem pontudos e aparentes ao sorrir. Ele parecia muito fofo.

Embora usar a palavra “fofo” para qualificar um homem não fosse muito adequado, essa palavra simplesmente se ficava bem com ele.

Como se a palavra “fofo” fosse feita especialmente para ele.

O jeito em que Andreia olhava fixamente para Kristofer foi captado pelos olhos de Raviel.

Assim ele se sentiu bem incomodado com isso, e seu olhar ficando um pouco mais sombrio.

- Ah, é essa pessoa - disse Daniel surpreso, piscando os olhos.

Então esse titio era um médico!

- Irmãozinho, ele é titio esquisito que barrou a gente da porta do banheiro - disse Giovana, reconhecendo-o.

Ela já não chorava mais, mas ainda soluçava enquanto falava.

- Sim, é ele, mas ele não é titio esquisito, ele veio junto com titio Raviel - disse Daniel.

Ouvindo a voz dele, Kristofer se virou em sua direção para cumprimenta-lo. Mas foi aí que ele viu a mulher ao seu lado.

Foi apenas um olhar e Kristofer simplesmente ficou paralisado no lugar.

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