Felipe
A segunda-feira foi frustrante! Fiquei trancado em meu apartamento o resto do dia sem conversar com absolutamente ninguém, para não acabar descontando os meus problemas nos outros e hoje acordei ainda pior, ao ter certeza que Allana não liga para nada além dela mesma, afinal nem se deu ao trabalho de fingir se importar.
Tomei banho e me arrumei para ir à empresa.
Como choveu durante a noite, o clima hoje está fresco, então vesti uma calça jeans preta, uma camiseta gola V branca e uma jaqueta de couro, também preta. Calcei um coturno da mesma cor, me perfumei, arrumei o cabelo e fui trabalhar.
Estava concentrado e logo Camila entrou para deixar a cafeteira. Ela é muito observadora e também um tanto atirada, e como notou que não estou usando aliança, não perdeu tempo em me convidar para sair, mas claro que não aceitei.
Continuei focado em meu computador e após alguns minutos quem entrou foi o Caio. Conversamos por alguns minutos e ele logo saiu, pois tinha uma reunião fora da empresa.
Não demorou muito e a porta voltou a se abrir, dessa vez é o Gustavo... Pelo jeito hoje não conseguirei trabalhar em paz!
— Bom dia, Felipe! — Cumprimentou ao entrar sem bater e eu assenti. Preciso falar com você! — Informou e já foi logo se sentando.
— Se for sobre sua irmã, não quero falar sobre esse assunto. — Avisei, pois não estou com paciência.
— Não se preocupe, não tem nada a ver com isso.
— Então diga, do que se trata?
Ele começou a falar sobre um relatório do financeiro e de repente bateram na porta.
— Mas será possível que hoje eu não vou conseguir trabalhar sossegado? Onde está Camila que não anuncia ninguém? — Proferi ainda sem saber de quem se tratava e a porta se abriu.
— Já vi que está bem humorado! — Minha irmã brincou e foi entrando.
— Kate, não sabia que era você. Aconteceu alguma coisa? — Levantei e fui ao seu encontro.
— Eu é que pergunto! Você chegou ontem, não foi nos ver e nem deu notícias. — Colocou a bolsa no sofá e me deu um abraço.
— Eu estava resolvendo algumas coisas. — Inventei uma desculpa porque não estava afim de explicar e meu sócio que até então mantinha-se neutro, se pronunciou ao levantar-se.
— Não vai nos apresentar, Felipe? — Indagou encarando minha irmã e eu não gostei nem um pouco do jeito que ele a olhou, mas mantive a postura.
— Desculpe… Gustavo, essa é minha irmã, Kate e esse é o meu sócio, Gustavo.
— Muito prazer! — Ela falou e o safado ficou todo empolgado e beijou a mão dela, justo hoje que eu estou sem paciência.
— Encantado! — Pronunciou sorrindo enquanto a encarava fixamente e eu respirei fundo.
— Então você é o irmão de Allana?!
— Isso mesmo! — Respondeu todo simpático e isso já estava me irritando.
— O que é? — Perguntei e ela começou a explicar.
— Na volta da minha viagem a Boston eu tinha um compromisso em Petrópolis e como já estava certo que eu precisaria passar por lá, Kate e eu combinamos que ela me entregaria a pasta de desenhos escolhidos para o ensaio, mas quando cheguei no hotel, ela se deu conta que não estavam com ela e acha que esqueceu na empresa. Você encontrou?
— Na verdade não vi nada por aqui, mas vou dar uma olhada. Só um minuto. — Fui até o sofá, onde ela havia deixado a bolsa e a pasta estava lá. — Realmente, ficou aqui. Você passa para pegar? — Indaguei, voltando a me sentar.
— Não posso irmão, acabei demorando mais do que o previsto no meu compromisso e agora estou correndo para chegar na hora marcada. Se eu desviar o caminho, vou me atrasar. Você poderia levar para mim? — Pediu, mas eu soube que se fosse, iria encontrar Allana.
— Vou pedir para um dos seguranças deixar no estúdio.
— Não, Fe! Faz um mês que não nos vemos e eu estou com saudades... Vá você mesmo!
— Ayla, eu tenho muito trabalho e já fiquei fora tempo demais, não posso me ausentar. — Menti, para ver se ela desistia, mas não teve jeito.
— A Fe… por favor, né! Você é o chefe e pode sim sair alguns minutos para ver sua irmãzinha caçula! Além disso, se não for pessoalmente, vou achar que só gosta da Kate.
Meu Deus, dai-me paciência! Além de tudo que estou passando ainda tenho que aturar chantagem emocional da Ayla.
— Está bem... Eu vou, mas só para você não continuar com esse drama! — Expliquei e pude ouvir a gargalhada.
— Ok! Nos vemos daqui a pouco.
Encerramos a chamada e eu segui para o estúdio. Fui contrariado, mas não adianta tentar evitar os encontros com Allana. Nós moramos no mesmo lugar e querendo ou não, sempre vamos acabar nos vendo, então não me custa nada fazer esse favor para minha irmã, afinal, não tenho nada de importante para fazer agora à tarde.
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