Guilherme olhou para a roupa molhada:
- Tudo bem Medy... Eu vou me trocar.
Ele saiu e Melody sentou-se no lugar dele:
- Quero comida, mamãe.
Um dos empregados retirou o prato de Guilherme e serviu outro para Melody.
- Pode dar na minha boca, mamãe? – Ela pediu.
- Claro, meu docinho.
Ela não costumava fazer aquilo. Pelo contrário, era muito independente. Parecia estar querendo chamar a atenção. Assim como ocupar o lugar de Guilherme à mesa.
Dei uma garfada de comida na boca dela, que falou, diretamente para Mariane:
- Você parece algumas das minhas Barbies.
Minha irmã a encarou, arqueando a sobrancelha:
- Devo dizer obrigada?
- De nada... Parece aquelas que estão mais velhas e os cabelos viraram emaranhados que é impossível pentear. A mamãe não deixa eu jogá-las fora. O problema é que os Ken’s não querem namorar com elas.
O olhar de Mariane foi de raiva, desdém. Mas não disse nada. Engoliu em seco.
O clima ficou tenso, mas ninguém foi capaz de chamar a atenção de Melody, incertos se ela fazia de propósito ou inocência. Mas eu sabia que era de propósito. E não, ela não sabia sobre Mariane ter feito o que fez no passado. Tudo era por ciúme do pai. Independente de quem fosse a mulher ao lado de Charles, passaria pela mesma situação.
- Você é bonito. – Melody olhou para o pai, dizendo seriamente.
- Obrigado... Mas você é a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. – Ele se derreteu.
- Por causa dos meus olhos?
- Também pelos seus olhos... E todo o resto. – Sorriu, encantado.
- Ela é sua namorada? – Questionou.
- Sim. – Mariane respondeu por Charles.
- Vocês não combinam... Nenhum pouco. Porque o Ken combina com...
Ela levantou-se e gritou:
- Chega! – Estava com a face ruborizada
Levantei também, encarando-a:
- Não fale assim com a minha filha.
Melody começou a chorar. Charles pegou a mão de Mariane e a puxou de volta, para que sentasse à mesa novamente:
- Ela é uma criança!
- Para mim está claro que está tentando me provocar...
- Gui... O que você está fazendo?
Ele me olhou e saiu, sem dar explicações.
Olhei para Charles e imaginei que ele controlaria a situação com Melody. Além do mais, tinha Yuna por ali, que sabia tudo sobre a minha filha.
Saí correndo atrás dele quando ouvi o som da porta se fechando. Não era justo deixá-lo ir quando tudo que ele fez o tempo todo foi tentar me ajudar.
Consegui alcançá-lo quando estava no último degrau, puxando sua mão, fazendo-o parar:
- Onde você pensa que vai, Gui?
- Vou embora. Não tem lugar para mim aqui e você sabe muito bem disto. Até Melody está jogando contra mim.
- Seja tolerante... Por favor.
- Tolerante? Mais do que já estou sendo? Acha que é fácil olhar para o homem que me abandonou a vida inteira, no mesmo ambiente que eu? Detalhe: ele é o pai da filha da minha namorada. Isso é demais para mim.
- Gui, dê uma chance a Charles. Você precisa ouvir a versão dele. Não pode acreditar em sua mãe e avó a vida inteira.
- Elas estavam lá comigo... A vida inteira. Ele nunca se importou. E certamente fará o mesmo com você. Quando enjoar, irá embora e deixará Medy, assim como fez comigo um dia.
- Kelly não estava com você. Ela foi embora quando você ainda era uma criança e precisava dela em tempo integral, deixando a responsabilidade com Charles. Ele fez o que era possível...
Soltei a mão de Guilherme, deixando os braços caírem ao longo do corpo, cansada de tentar convencê-lo de algo que ele não queria ouvir ou nem ao menos tentar saber como realmente tinha acontecido.
- Eu amo você, Sabrina.
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