- Jura?
- Eu... Não tenho certeza absoluta. Mas acho que sim.
- Ela... Já sabe?
- Não... – Olhei para Melody, que nos olhava, sem entender.
- Então espere... Vamos contar quando tivermos certeza. Juntos.
Assenti, enquanto ele alisava o rosto de Melody. Depois, começou a passar o dedo indicador ao redor dos olhinhos, do nariz, da boquinha, contornando-os enquanto ela sorria.
- Charles, você não tem dúvida de que... Seja seu? – Arqueei a sobrancelha, tocando meu ventre, quase certa de que um novo bebê estava dentro de mim.
Ele me olhou, o dedo ainda no rostinho de Melody:
- Não! E só pra constar, fiz tudo de caso pensado, para pelo menos participar da vida de um bebê desde o começo... Do zero. – Ele tocou minha barriga.
- Mil anos podem passar, minha alma voltar por várias encarnações... Ainda assim, vou te amar da mesma forma.
- Eu passei mais de cinco anos com você na minha cabeça, Sabrina. Eu daria minha vida pela sua... No passado, no presente e no futuro. Quero que tudo se exploda... Ainda assim, nada nem ninguém me tirará vocês duas... Ou três. – Olhou para minha barriga.
Olhamos para Melody, adormecida nos braços dele.
- Ela... Está molhada. Pode ficar doente. – Falei.
- Não está frio.
- Mas ela está muito molhada.
- Ficaria assim se tivesse tomado banho de praia.
- A roupa do corpo dela está molhada.
- Podemos tirar e deixá-la de calcinha.
- “El cantante”... – Quase me dei por vencida.
- Nada vai fazer você se afastar agora, “garotinha”. – Ele aproximou o rosto e beijou meus lábios.
- Ok, vamos começar... – Puxei a cabeça dele e pus minha língua dentro da sua boca, não suportando a distância do corpo dele.
- Acho que... – ele falou entre meus lábios, enquanto mordia o inferior – Podemos começar pondo Melody deitada... E irmos para trás de uma árvore. – Sugeriu.
Comecei a rir:
- Não, nós vamos começar por você me explicando onde esteve por todos estes anos.
- Isso leva um bom tempo. Quantos beijos ganho?
- Todos... Todos os beijos do mundo, que guardei para você por tanto tempo.
Nada mais importava no mundo: só nós três... Ou quatro. Eu sabia que daquele momento em diante, Charles e eu estaríamos juntos para sempre.
Charles olhou para a filha deitada em seu colo e alisou seu rosto adormecido, antes de dizer:
- Você chegou a ir à nossa casa naquele dia?
- Sim... Mas quando cheguei, você já tinha ido embora.
- Já estava praticamente nua quando chegou e passando pela porta ficou só de calcinha. Claro que fiquei confuso... Ela tentou tirar a minha roupa. Conseguiu arrancar minha camisa... Eu fiquei apavorado. Na minha cabeça você chegaria e nos pegaria ali e não acreditaria que eu não tivesse culpa do que estava acontecendo.
- De onde ela saiu?
- Eis a questão: alguém a mandou para lá. Alguém... Que sabia que eu estava naquela casa... Esperando por você.
- Isso... É loucura!
- Não foi só isso, Sabrina. Do nada, enquanto a menina tentava me arrancar a roupa, praticamente nua, a porta foi aberta e a Polícia apareceu.
- Tudo meramente planejado... O flagrante.
- Exatamente. Eu estava com a parte de cima nua... Ela só de calcinha. E a desgraçada tinha 16 anos. Você tem noção, Sabrina? Dezesseis... – ele ficou visivelmente nervoso, passando as mãos pelos cabelos, deixando-os completamente desarrumados.
- Conseguiu se defender? Não havia esperma seu nela...
- Ela tinha hematomas. Já veio com eles... Não sei de onde. Não me deixaram sequer falar. A menina tinha dado queixa contra mim na noite anterior, me acusando de persegui-la. Sabia meu nome... Sobrenome... E endereço. Disse que tínhamos um relacionamento, sendo que nunca a vi na vida. Havia um carro estacionado na entrada da casa. Estava dado como roubado. O dono confirmou, naquela mesma noite, que eu o assaltei, à mão armada. Reconheceu meu rosto, sendo que... – A voz dele embargou.
- Charles, se não quiser, não precisa terminar.
- Sim, eu preciso.
Senti meu peito doer e um forte enjoo tomar conta de mim. Porque temi que aquilo tivesse sido planejado por alguém da minha família.
- O dono da casa não sabia que eu estava lá. A chave havia sido dada para meu amigo, que cuidava. Ele raramente aparecia... Por isso Diego nos deu a chave naquela noite. Eu já estava fodido... Não quis prejudicar Diego e seu emprego. Então assumi a invasão da casa, que era de todos o menor crime.
Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, quentes, doendo minhas bochechas maltratadas pela areia:
- Eu... Sinto muito. Mas acho... Que posso ter sido culpada por isso.
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