Ficar ou correr? romance Capítulo 515

Na mansão, Eliana desceu as escadas com um suéter de lã e o colocou sobre mim. Com uma leve franzida na testa, ela disse: “Para deixar o passado para trás, é preciso estar disposta a suportar a dor que vem com ele. Scarlet, venha comigo. A única coisa que precisa fazer é aceitar as desculpas de todos com gratidão.”

Eu franzi os lábios, ciente de que as coisas começaram a dar errado quando esconderam o relatório de DNA, resultando na troca de lugares entre Rebeca e eu.

Isso também foi o início de toda a dor e sofrimento.

Carmen olhou para mim. Sua voz engasgou enquanto dizia: “Minha querida, pare de se torturar. Nós deveríamos ser aqueles a suportar as consequências de nossos próprios erros.”

Depois de dizer isso, ela tirou seu casaco, meias e sapatos e pisou no caminho coberto de neve. Com o vento gelado batendo em seu rosto, cada passo que ela dava parecia extremamente difícil.

Fábio estava desolado vendo sua esposa fazer isso, mas não tentou dissuadi-la.

Embora eu não conseguisse descrever meus sentimentos estando em uma situação dessas, eu sabia que não era nada agradável.

Todos estavam se punindo à sua maneira, suportando voluntariamente as consequências de suas ações. Parecia que era hora de eu seguir em frente também.

“O que todos estão fazendo?”, falei, calmamente. Olhando para Pedro, que tremia de frio, dei uma risada seca e disse: “Você sabe o quanto eu te amo e nunca quis te ver sofrer ou se machucar. Por que ainda fez isso? Você deveria apenas ter deixado eu enterrar a dor bem fundo no meu coração e nunca mais cavar novamente. Você sabe quão insuportável é a dor para mim? O que espera de mim ao se torturar assim? Eu deveria te impedir de fazer isso e dizer que está tudo bem e que te perdoo com lágrimas escorrendo pelo meu rosto? Você quer que eu te perdoe por mudar minha vida, por causar indiretamente a morte do nosso filho e por tudo o que você fez? Pedro, você acha que sou uma santa que pode perdoar e esquecer todo o mal que você e todos os outros me causaram?”

Na verdade, não precisávamos chegar a esse ponto. Se eu tivesse escolha, não mencionaria todas essas coisas para poder fingir que nada aconteceu. Acho que teria conseguido continuar com o amor e cuidado que ele estava me dando.

“Pedro, por que teve que revisitar minhas feridas e até mesmo cavar suas unhas nelas?”

Eu podia ver seus lábios pálidos tremendo. Ele abriu a boca, mas não conseguiu dizer uma única palavra.

Então, abaixou a cabeça e soltou uma risada autodepreciativa. Com uma careta, disse: “Desculpe, não fui atencioso o suficiente.”

Tentando ao máximo suprimir meus sentimentos, que eram uma mistura de angústia e fúria, disse: “Pedro, o que quer que eu faça agora? O que quer da família Leão? Você espera que as pessoas superem isso e continuem se dando bem como antes?”

Sim, eu não conseguia deixar a dor ir. Mas ao fazer isso, eu só continuaria machucando.

Olhando para Carmen, que ainda estava de pé na neve, eu estava sem palavras. “Você sabe o que está fazendo agora? Está tentando ganhar simpatia e esperando que eu te diga que não estou mais com raiva de você e não te culpo mais? Por favor, não se torture dessa maneira. O que está feito, está feito. Mesmo que você queira ser punida, este não é o caminho a seguir. Qual é o seu objetivo ao fazer tudo isso? É contar para o mundo inteiro que, usando suas táticas de pena, sou forçada a perdoar todos vocês? E se eu não perdoar, isso mostraria que sou mesquinha e implacável, já que sabendo que todos vocês podem morrer de frio, ainda assim não estou disposta a ceder. Estão tentando anunciar para o mundo que sou sem coração?”

“Scarlet!” O rosto de Carmen estava sem cor depois que eu disse isso.

Depois de vestir meu casaco, desci as escadas e vi que as luzes da sala de estar ainda estavam acesas. Aparentemente, Pedro não voltou na noite passada.

Como de costume, fui para a cozinha preparar o café da manhã para a Suelen enquanto esperava que ela acordasse. Depois, a levei para a escola.

Acho que chegamos cedo demais, pois o portão ainda estava fechado.

“Mamãe, chegamos muito cedo. Estou com muito sono”, disse Suelen, bocejando. Então, ela se deitou no banco do carro, querendo dormir mais um pouco.

Baguncei seu cabelo e disse que a acordaria quando o portão fosse aberto. Naquele momento, eu estava me sentindo bastante emotiva, mas não conseguia identificar exatamente qual sentimento era esse.

O portão da escola finalmente abriu quase meia hora depois. Depois de deixar Suelen, percebi que não tinha mais nada para fazer.

Só vi as notícias sobre Cristina quando estava navegando pelas redes sociais depois de voltar para a mansão e percebi que Pedro ainda não tinha voltado.

Inicialmente, foi o título daquele artigo que chamou minha atenção. Foi só depois de clicar nele que percebi que era sobre Cristina sendo uma valentona na faculdade. Alguém até gravou um vídeo dela em ação.