Ficar ou correr? romance Capítulo 348

“Não! Você não entendeu. Você não sabe o limite de Pedro. Se ele não estiver bêbado, continuará bebendo até o sol nascer. Ele está se prejudicando. João e eu não podemos fazer nada para detê-lo. Se alguma coisa acontecer com ele, não poderemos arcar com a responsabilidade!”

Armando descreveu a situação de Pedro de forma muito vívida. Era notória a ansiedade manifestada em seu tom.

Fiquei na varanda, deixando o vento soprar suavemente no meu rosto. “Se ele não se preocupa com ele mesmo, deixe-o beber até morrer!”, respondi com irritação.

“Scarlet...”

“Scarlet?” Aparentemente, Pedro tomou o telefone de Armando. A sua voz estava fanha. Obviamente ele estava bêbado.

“Pedro, você vai beber a esta hora e agora está fazendo birra comigo? Quantos anos você tem? Três?”, eu disse.

Provavelmente o telefone estava no modo viva-voz, pois Armando parecia ter perdido o controle quando terminei o meu discurso retórico. Ele chamou Pedro com a voz arrastada, obviamente em tom de provocação. Mas Pedro provavelmente não devia ter se importado e, mais uma vez, fez-se silêncio do outro lado da linha.

Como eu não estava com vontade de fazer parte daquela patifaria, disse informalmente: “Pedro, se você estiver bem, não me ligue mais! Vou desligar!”

Antes que ele pudesse pensar em uma resposta, encerrei a chamada e deixei o telefone fora de função.

Naquela noite, não consegui dormir muito bem. Como sempre, continuei tendo pesadelos. Somente quando amanheceu, consegui adormecer. E, então, Sarah ligou.

Ela notou a exaustão em minha voz rouca. “Você não dormiu bem, não é?”

“Dê-me o endereço. Estarei lá em breve!”

Uma dor de cabeça latejante me assaltou. Levantei e me sentei na beira da cama por um tempo até recuperar os sentidos.

“Vamos fazer assim... Vou buscá-la daqui a pouco, para que você possa dormir um pouco mais. Vou levar café da manhã para você no caminho!”, Sarah disse.

Eu queria rejeitar a proposta, mas ela foi mais rápida.

“Abra a porta para mim mais tarde, certo? Vou desligar. Até logo!"

E foi isso que ela fez.

Ainda atordoada, verifiquei o meu telefone. Além do monte de ligações perdidas de Pedro na noite passada, não havia outras mensagens ou telefonemas de mais ninguém.

Quando Sarah chegou, eu não estava mais na cama, mas a minha cabeça ainda doía. Só aliviou depois que engoli alguns comprimidos.

Alguém que eu gostaria de encontrar? Tentei me lembrar de alguém, mas nada me ocorreu. Não consegui pensar em ninguém que eu gostaria de encontrar e que ficasse nos subúrbios. “Quem exatamente?”

Ela desceu do carro, comprou um buquê de crisântemos na entrada e me entregou. “Pegue isto!”

Então, ela me arrastou para o cemitério.

A minha mente ainda estava zunindo. Não conseguia entender por que ela havia me levado ali, entre todos os lugares. “É um de seus amigos ou alguém da sua família? Depois de prestarmos a homenagem, para onde vamos?”

Ela estava andando na minha frente. “Provavelmente ver o Sr. Fernandes, mas eles deveriam estar aqui hoje.”

“Por quê?”

Ela avançou um pouco mais até pararmos em frente a uma lápide na última fileira. Congelei ao ver o túmulo. Os meus pensamentos cessaram abruptamente e os crisântemos que segurava caíram no chão. Olhei para a foto em preto e branco e o epitáfio na lápide. Em seguida, olhei para Sarah, suprimindo a dor e o choque no meu coração. “Isto é uma pegadinha?”, perguntei a ela.

Ela franziu os lábios. “Acha que é uma pegadinha?”

Olhei novamente para a lápide e examinei a foto em preto e branco. Aqui estava a única pessoa com quem eu estava mais familiarizada, a amiga mais próxima que já tive! Pude ver claramente que ela foi enterrada no dia 28 de setembro. Foi na época do meu acidente. Como ela poderia...

Balancei a cabeça, ainda não querendo aceitar a morte dela. Com raiva, confrontei Sarah. “Não entendo por que você tem que fazer isto comigo. Mas tenho certeza de que não fiz nada de errado com você de forma alguma. Não acha que está exagerando, até para você?”