Ficar ou correr? romance Capítulo 1100

De repente, uma familiar sensação de calor em meu pulso me trouxe de volta à realidade. Recuperei meus sentidos e me deparei com o olhar terno e afetuoso de Pedro.

Ele estava de joelhos ao lado da minha cama, com uma mão segurando meu celular. Seus olhos profundos me encaravam intensamente.

“Sei que está preocupada com a taxa de sucesso e que todo nosso esforço pode ser em vão. Sei também que tem medo de que algumas pessoas más apareçam novamente, querendo te machucar e ao nosso filho. No entanto, Letti, não se deixe vencer pelo medo. Pense em como eu te resgatei a tempo e também leve em conta o conselho da tia Suzana. Estou aqui com você; todos nós estamos aqui por você. Deus não permitirá que você passe por isso novamente. Não vamos falhar desta vez. Tente mais uma vez, por minha causa, tá bom?”

Estudei sua expressão, mas não consegui entender se Pedro realmente queria tanto um filho. De qualquer forma, eu estava um pouco convencida por ele.

Deus não faria isso pela terceira vez. Todos merecem a chance de ser mãe. Deve haver um limite para o número de vezes que o destino pode brincar comigo.

Após refletir, troquei de roupa e pedi à Sra. Escobar que cuidasse da Suelen enquanto Pedro e eu nos dirigíamos ao Hospital.

Pedro dirigiu, em vez do chofer. Sentada no banco do passageiro, a jornada de trinta minutos pareceu durar uma eternidade.

No hospital, finalmente encontrei o Professor Zenon, cuja foto eu só havia visto em um artigo. Ele tinha uma testa alta, usava um jaleco branco e exalava desinfetante, mas era um homem muito simpático.

Ele nos fez algumas perguntas e, em seguida, pediu que Pedro e eu fizéssemos um check-up.

Murmurei a segunda metade da pergunta e acabei soluçando. Eu não fazia ideia de como consegui colocar tudo isso para fora.

Sentia um desejo desesperado dentro de mim, ansiando para ser mãe. Anteriormente, me disseram que minhas chances de engravidar eram pequenas, mas ainda havia uma pequena probabilidade de isso acontecer, e realmente aconteceu! Desta vez, estava sendo declarada definitivamente infértil, com zero chances de ter meu próprio bebê. Eu estava além da tristeza, e meu coração morreu naquele momento. A esperança é uma espécie de fé, invisível e intangível, mas pode motivar uma pessoa a continuar vivendo.

Inconscientemente, meus dedos se cravaram na palma de Pedro. Parecia que eu só poderia usar esse modo de buscar força nele para manter a compostura.

Um som ensurdecedor zumbiu em meus ouvidos naquele momento. Bem na hora em que eu estava prestes a desmoronar, a voz rouca do Professor Zenon disse gentilmente: “Não, isso não é verdade. Não há resposta absoluta para a pergunta feita.”