Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 352

Ela realmente não ousava deixar nem mesmo uma impressão digital no celular dele. Vai que ele fosse um daqueles obcecados por limpeza?

Na verdade, ela acreditava estar sendo educada. Para ela, aquele gesto demonstrava respeito aos limites do outro. Mas, por algum motivo, foi totalmente mal interpretado…

— Em que situação específica eu teria te dado motivo pra você me desprezar? — Disse Eduardo, olhando fixamente para ela.

Na visão dele, tudo aquilo era claramente uma desculpa esfarrapada de Beatriz por ter demonstrado desprezo.

Que irritação absurda.

Será que ele estava fedendo? Será que parecia um desleixado qualquer?

— Tem pessoas que têm TOC com limpeza. Não gostam que os outros toquem em seus pertences. — Beatriz respondeu, tentando manter a calma.

— E você me perguntou isso antes? Como sabe que eu tenho ou não TOC? — Retrucou Eduardo, sem perder o tom provocador.

Ele queria ver até onde ela conseguiria manter a defesa. Porque, pra ele, não importava o que dissesse, no fim, era desprezo.

— É que esse tipo de coisa a gente não pergunta diretamente. Soa meio rude. Então, achei melhor prevenir qualquer desconforto. — Disse Beatriz, sem jeito.

Assim como naquele momento anterior, em que ele perguntou por que ela não ligou diretamente para convidá-lo, e ela respondeu e logo emendou com um pedido de desculpas. Ela sempre tentava ser o mais cuidadosa possível, para evitar ser mal interpretada.

Mas, ainda assim… Olha no que deu.

Tinha conseguido exatamente o oposto do que queria. Um verdadeiro tiro no pé.

Sobre a cadeira de couro legítimo, Eduardo lançava um olhar penetrante à garota diante dele, tentando decifrar se por trás daquela explicação havia alguma ironia, algum subtexto escondido.

Observou por vários segundos, atento a qualquer micro expressão fingida.

Infelizmente, ou talvez, irritantemente, não viu nada.

— É sério, Sr. Eduardo. Eu não te desprezo. A Letícia só estava brincando. — Disse Beatriz, se endireitando, encarando-o com seriedade e insistindo mais uma vez.

Eduardo apenas a fitava, em silêncio.

Letícia, percebendo o clima tenso, tentou intermediar:

Mas também, Eduardo adorava provocá-la. Era do tipo que se divertia às custas dela — claramente tinha um senso de humor duvidoso.

Mesmo assim, ela não ousou contrariá-lo. Também não confirmou nada.

Apenas ergueu o olhar e o encarou em silêncio. Um gesto neutro, sem tomar partido.

Eduardo não pareceu se importar se ela respondeu ou não. Voltou a segurar faca e garfo, cortando com calma o filé no prato, enquanto continuava:

— Não precisa me tratar com tanta reverência como se eu fosse seu chefe. Você não é minha funcionária.

As palavras de Letícia faziam sentido. Eduardo podia sentir o cuidado quase exagerado com que Beatriz lidava com ele, uma formalidade que já beirava o desconforto.

Naquela conversa anterior, ele nem tinha dado bronca, mas ela já se antecipou pedindo desculpas.

E toda vez que falava com ele, era num tom polido demais, mantendo uma distância que, para ele, parecia desnecessária.

Era justamente isso que ele não queria. Por isso implicava com ela, queria ver a Beatriz real, espontânea, sem máscaras.

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