Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 347

Durante a refeição, ninguém falava. Os três comiam em silêncio, exceto pelo leve som dos talheres tocando a louça.

Beatriz mantinha a cabeça baixa, concentrada nos sabores. Sabia que o restaurante era caro, mas, honestamente, valia o preço. A comida era realmente muito boa.

Estava tão focada na refeição que não percebeu que, do outro lado da mesa, Eduardo ocasionalmente levantava os olhos e a observava, de maneira discreta.

Ela comia com elegância. A delicadeza nos gestos revelava uma educação refinada.

Tinha também um modo muito inteligente de se expressar. Era sempre educada, usava as palavras certas e mantinha uma postura impecável. Não perdia em nada para filhas de famílias ricas que cresceram cercadas por normas de etiqueta.

Ele se lembrava de Letícia ter comentado que Beatriz era órfã. Isso significava que toda aquela postura, educação e elegância eram fruto do próprio esforço, não algo herdado.

Além disso, ela havia passado na Universidade A, bem diferente do caminho artístico que a própria Letícia seguia.

Beatriz era, de fato, muito inteligente. Inteligência acima da média. Não era surpresa que Leonardo tivesse reclamado com ele, dizendo que tentava conduzi-la e acabava vencido pela lógica dela.

Enquanto seguia observando discretamente os movimentos da garota, os pensamentos de Eduardo iam longe.

Mesmo que não tivesse se casado com Gabriel, Beatriz, com certeza, teria um futuro brilhante. Acabaria com um bom marido, alguém bem-sucedido, com uma vida acima da média.

Mas ela havia se casado com Gabriel por contrato... E havia dinheiro envolvido.

Eduardo se lembrava das poucas coisas que Letícia havia deixado escapar sobre o assunto. Apertou levemente os lábios, pensativo.

Beatriz tinha feito um enorme sacrifício por Daniel. E ele podia ver com clareza que Daniel gostava dela. Então, por que nunca ficaram juntos?

Letícia dizia que Beatriz não gostava dele. Mas nisso ele não acreditava.

A explicação mais plausível era uma só: Beatriz, naquela época, gostava sim de Daniel. Muito. Só que já se passaram dois anos... E talvez esse sentimento tenha enfraquecido com o tempo.

Perdido nesses pensamentos, Eduardo percebeu de repente um movimento à sua frente. Imediatamente baixou os olhos para o prato, fingindo atenção à porcelana branca impecável.

No instante seguinte, Beatriz levantou o olhar.

Olhou ao redor, para Letícia ao lado e para Eduardo em frente. Ambos pareciam apenas continuar comendo, como se nada tivesse acontecido.

Ela ficou levemente confusa. Estaria imaginando coisas?

Seu sexto sentido era muito aguçado. E, há poucos segundos, teve a nítida sensação de que alguém a observava.

Beatriz sorriu com os olhos, radiante.

Do outro lado da mesa, Eduardo, ao notar que as duas finalmente quebraram o silêncio e começaram a conversar com naturalidade, também levantou o olhar.

Aproveitou o gancho para se incluir na conversa. Lançou uma pergunta em tom casual para Beatriz:

— Eu te dei meu cartão, não dei? Por que foi pedir pra Letícia me chamar? Se ia me convidar pra almoçar, era só falar comigo direto.

Beatriz se virou calmamente para ele, medindo as palavras antes de responder.

— Bom... É que o senhor Eduardo é irmão da minha amiga Letícia. Na hora, não pensei muito. Achei mais prático pedir pra ela fazer o contato.

Fez uma pausa. Depois, continuou, com expressão sincera:

— Me desculpe. Foi falta de atenção da minha parte. Eu deveria ter ligado pessoalmente.

— Aí vem você de novo, hein, irmão! — Letícia interrompeu, já indignada. — O que tem eu marcar por você? Qual é o drama? A gente tem intimidade, não? A Bia não é sua cliente de negócios pra precisar formalizar tudo com ligação oficial!

Eduardo suspirou, com expressão de quem estava sendo injustiçado.

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