Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 278

Eduardo estava prestes a dizer algo, mas parou no meio da frase ao registrar, de fato, as palavras da secretária.

— Espera... Carinho? — Repetiu, surpreso.

— Claro! — Respondeu ela com um sorriso encantado. — Quanto mais caprichado e formal for o presente, maiores são as chances de sucesso no encontro.

Ela continuou:

— Quer dizer... Sr. Eduardo é charmoso, elegante, irresistível. Mesmo sem presente, já é um sucesso garantido. Mas o presente dá aquele toque especial que faz o coração acelerar.

Eduardo sentiu uma leve contração na sobrancelha.

A secretária definitivamente entendeu tudo errado. Achava que ele estava se preparando para um encontro romântico?

Mas não. Era só um pedido de desculpas.

— Não é um encontro. — Corrigiu, com a voz seca.

A secretária congelou.

“Como assim... Não é um encontro?

Então... a fragrância feminina não era pra uma pretendente?

Será que era pra Srta. Letícia?

Mas, se fosse pra Letícia, ele podia simplesmente pedir que ela mesma entregasse, afinal, estavam no mesmo andar.”

— Nesse caso... Ainda quer as flores? — Perguntou ela, agora hesitante.

Eduardo apertou os lábios, pensou por alguns segundos e então negou com um leve movimento de cabeça.

— Não. Deixa só o presente.

“Rosas amarelas ainda são rosas. E se a Beatriz não souber o significado das cores?

Melhor evitar qualquer mal-entendido.”

A secretária assentiu e se retirou discretamente.

Eduardo, então, pegou o frasco de perfume, colocou de volta no saquinho branco e o deixou sobre a mesa, num ponto bem visível. Amanhã, levaria com ele quando fosse à Aurora assinar o contrato.

Era uma boa forma de lembrar, sim. Mas havia um efeito colateral: sua irmã.

Mais tarde, já perto do fim do expediente, sua reunião se estendeu um pouco mais. Quando voltou para o escritório, deu de cara com uma visita não autorizada fuçando em sua mesa.

— Não mexa nas coisas dos outros. Quantas vezes eu te ensinei isso quando éramos pequenos? — Disse Eduardo, pegando o presente das mãos dela.

— Mas você não é "outro", é meu irmão! — Respondeu Letícia, fazendo um biquinho debochado. — Só estava olhando. Nem cheguei a abrir. Tá tudo intacto. Perfume feminino? Pra quem é? Vai me dar de presente?

— Então pra quem era aquele perfume? — Insistiu ela, agora num tom mais analítico. — Aquela marca é super voltada pra mulheres jovens. Não é pra mim, você já disse. Nossa mãe é mais velha... Então quem sobra?

— Tanta curiosidade assim... Acho que vou te transferir pro departamento de P&D, quem sabe te ocupam com algo útil. — Disse ele com um sorriso tranquilo, porém ameaçador.

Letícia sumiu da porta no mesmo instante, batendo em retirada. Sabia reconhecer o tom de perigo silencioso do irmão.

Mas a curiosidade... Ah, essa não passava.

Antes de ir embora, deu uma passadinha estratégica na sala da secretária pra sondar alguma informação.

Sem sucesso.

A secretária explicou que só tinha feito a compra a pedido do Sr. Eduardo, mas não sabia quem receberia o presente.

Letícia saiu de lá ainda mais desconfiada.

“Tá escondendo. Quanto mais esconde, mais suspeito fica.”

Enquanto descia no elevador, mandou mensagem para sua amiga Beatriz.

Beatriz ainda estava na Aurora, atolada em trabalho, mas respondeu prontamente.

[Deve ser pra sua futura cunhada, né? Seu irmão já tá numa idade que precisa se casar, não acha?]