Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 237

Depois do jantar, as duas voltaram pra casa.

Beatriz tomou um banho e, quando saiu, Letícia já estava com o frasco de loção na mão, pronta pra ajudar.

Aplicou o remédio com cuidado e, depois, disse:

— Fica paradinha aí. Vou tirar umas fotos.

Beatriz franziu um pouco a testa, confusa, mas nem teve tempo de perguntar.

Letícia já respondeu:

— Pro laudo da polícia, né? A gente pediu cinco milhões... Precisa justificar.

Beatriz não desconfiou. Apenas assentiu com a cabeça, acreditando sem reservas.

Letícia tirou as fotos, mas olhou e sentiu que ainda não estava bom.

Então, abriu o editor no celular, ajustou o contraste, escureceu os hematomas, aplicou um filtro...

Fez parecer que os machucados estavam bem mais graves do que de fato estavam.

Aí sim, satisfeita, enviou para Gabriel.

Na sede do Grupo Fu. Escritório da presidência.

Gabriel estava fazendo hora extra. Assim que a notificação chegou, pegou o celular apressado.

Na mesma hora, seus olhos bateram na imagem.

Aquelas marcas...

As marcas no braço.

Vermelhas. Fundas. Como se tivessem sido causadas por chicotadas.

O tom escuro contra a pele clara da Beatriz fazia tudo parecer ainda mais cruel, mais doloroso.

O braço dela era fino, delicado como um bambu, o contraste com aquelas marcas doía só de olhar.

Na hora, os olhos de Gabriel marejaram.

Sentiu uma dor apertada no peito, quase sufocante.

Seus dedos tocaram a tela com leveza, como se pudessem acariciar aquela imagem.

Como se pudessem apagar a dor da foto.

Estava tão feio... Devia doer muito.

Beatriz devia estar sofrendo e ele, ali, impotente.

A mistura de culpa e dor o deixou com a respiração presa.

Uma lágrima escorreu no canto do olho.

Gabriel sentiu vontade de largar tudo.

Vontade de correr até ela.

De abraçá-la.

De segurar Beatriz nos braços e protegê-la do mundo inteiro.

A emoção transbordou.

Levantou-se num rompante, a cadeira deslizando para trás com força.

Saiu do escritório num passo acelerado.

Do lado de fora, os quatro seguranças continuavam de plantão.

Um deles disse, ao vê-lo sair:

— Vai pra casa, Sr. Gabriel? O Sr. Henrique pediu que o senhor passasse o fim de semana lá com a família.

Gabriel não respondeu.

— Sr. Gabriel, qual a senha da sua sala? — Perguntou o segurança.

— 396750. — Respondeu ele, sem piscar.

Mas, segundos depois, veio a devolutiva: senha incorreta.

Gabriel franziu a testa com naturalidade:

— Normalmente uso o desbloqueio por digital. Nem lembro direito. Pede pra tentar 396751.

Enquanto os dois discutiam a senha, o celular do outro segurança também tocou.

Ele atendeu e repassou a informação:

— Sr. Gabriel, o Rafael já saiu. Saiu mais cedo hoje.

— Então manda outro assistente acessar o computador dele e me enviar os arquivos. — Disse Gabriel, firme.

O segurança assentiu e começou a repassar a ordem ao colega.

Gabriel os observava.

Olhar fundo. Fixo. Calculista.

Sem fazer alarde, esticou o braço e apertou o botão de fechar as portas do elevador.

Os seguranças reagiram na hora, percebendo o que ele tentava fazer.

Avançaram com pressa, braços e pernas tentando impedir o fechamento da porta.

Mas Gabriel foi mais rápido.

Com um impulso, enfiou o braço pela fresta da porta e empurrou os dois para trás, com força suficiente pra desequilibrá-los.

No segundo seguinte, recuou a tempo antes que o sensor detectasse algo e reabrisse.

A porta se fechou por completo.

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