Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 196

Antes mesmo que as palavras ofensivas fossem completadas, Beatriz pegou um maço de documentos sobre a mesa e o arremessou na direção da mulher. Seu rosto estava sério, e ela falou com firmeza:

— Cuida melhor da sua boca. A senhorita da família Martins não é alguém que você pode caluniar assim. Se não sabe quem é a família Martins, sugiro que pesquise. E se prepare, porque pode acabar respondendo por difamação. E no nosso meio, você nunca mais arruma trabalho.

Ao ouvir as palavras “Grupo Martins”, todos ao redor congelaram, espantados. Olharam mais uma vez para a mulher elegante, com o porte de uma princesa persa.

Agora tudo fazia sentido.

Afinal, Letícia era uma verdadeira joia da família Martins. Claro que ela era tão rica. Aquelas roupas e joias não eram simples ostentação. Eram status.

Amanda se metera numa encrenca das grandes.

Muita gente tinha tentado alertá-la para evitar confusão. Afinal, Letícia só estava ali para buscar Beatriz no final do expediente e não tinha causado transtorno algum.

Do outro lado, os papéis estavam espalhados no chão. Amanda, tomada pela raiva, estava prestes a levantar a mão para dar um tapa em Beatriz.

Mas, ao ouvir o que ela disse, seu corpo congelou. Os ombros ficaram tensos, e seu olhar se fixou na mulher que a havia enfrentado.

Filha da família Martins. Grupo Martins.

Aquele nome era poderoso dentro da Cidade A.

Ela passou a observar com mais atenção as roupas da outra, os acessórios, o brilho do diamante no anel. Tudo ali exalava luxo, sofisticação e um tipo de elegância que não se compra. Se nasce com ela.

Olhou para Beatriz e percebeu que não havia um traço sequer de dúvida em sua expressão. Os olhos confiantes, o tom seguro... Nada ali parecia fingimento. Amanda começou a sentir um frio no estômago.

— Eu só… Só estava chamando atenção pra uma regra da empresa. Só isso. Não falei nada demais. — Disse, gaguejando levemente. Sua voz, antes firme, agora soava vacilante.

— Aliás, foi a senhorita Letícia quem começou com os insultos, dizendo que meu pó de arroz barato não cobria nem minhas rugas. Ela é quem começou a confusão.

Aos poucos, Amanda tentou se reerguer. Endireitou o corpo, com o queixo levemente erguido, como se ainda quisesse recuperar a dignidade perdida.

— Amanda, pede desculpas logo. — Sussurrou um colega ao lado, tentando salvá-la.

Amanda abriu a boca para falar, mas nada saiu. As palavras pareciam entalar na garganta.

Os outros funcionários, vendo a situação, não quiseram deixar que a coisa piorasse e começaram a apelar para Beatriz:

— Beatriz, será que dá pra conversar com sua amiga? Pede pra ela não levar isso adiante. A Amanda só falou demais, mas não é má pessoa. Se ela pedir desculpa pra Srta. Letícia, não tem como deixar por isso mesmo?

— A família da Amanda tá passando aperto. O filho dela tá no comecinho do ensino fundamental… Será que a Srta. Letícia pode deixar isso passar?

Beatriz olhou para as pessoas que pediam clemência. E então foi Letícia quem respondeu, com uma voz fria e clara:

— Já tá nessa idade, com filho pequeno… E mesmo assim tem esse tipo de caráter?