Dom Alfa e a sua substituta humana romance Capítulo 207

Terceira Pessoa

Cora não tinha certeza do que estava fazendo.

Sua irmã precisava dela, então por que ela estava se afastando do quarto de Ella? Por que ela não estava oferecendo ajuda para fazer os arranjos para o funeral, ou tentando ajudar Henry a convencer a teimosa Luna a aceitar sua perda e focar em cuidar de si mesma e do bebê? Por que ela estava determinada a seguir o mesmo caminho que havia percorrido apenas algumas noites antes, quando estava vulnerável e imprudente o suficiente para procurar Roger?

‘Porque você enlouqueceu.’ Ela pensou amargamente. ‘ Se preocupando com um homem que não merece seu tempo ou atenção, alguém que traiu sua própria família e colocou a vida de Ella em perigo. Então, o que importa se ele é lindo e inteligente, o que importa se ele te entende ainda melhor do que você mesma... E faz seu estômago ficar todo mole e macio toda vez que ele te olha com aqueles olhos de lobo ferozes... Ele ainda é um canalha. Ele não pode ser confiável.’

Mas apesar das confusas reflexões internas de Cora, ela estava preocupada. Ela não tinha visto nem sinal de Roger desde que a notícia da morte de Sinclair se espalhou e isso foi há três dias. Ella pode não ter percebido, mas depois que ela desmaiou, o médico a sedou por 72 horas completas, Cora sabia que isso era parte do motivo dessa luta. Ella estava acordando como se a morte dele tivesse acabado de acontecer, mas o resto deles havia passado pelos últimos dias sem ela. Eles esgotaram todas as possibilidades, todas as esperanças, e eventualmente aceitaram o que Ella não conseguia.

Quando ela chegou aos aposentos de Roger, Cora bateu suavemente, sem ter certeza se ele estava lá. No entanto, sua pergunta logo foi respondida, quando um rosnado amargo soou de algum lugar lá dentro.

— Vá embora!

Roger, sou eu— Cora chamou, lutando contra um tremor de medo. — Eu só queria verificar como você está.

Eu disse para ir embora. — Ele latiu novamente, e Cora pensou ter ouvido algo quebrar.

Respirando fundo, Cora reuniu toda a sua coragem, se perguntando brevemente se havia enlouquecido. Ela sabia que não deveria interferir com um homem em tal estado, e embora suas palavras duras e seu tom irritado enviassem tremores nervosos por seu corpo, ela não conseguiu se controlar. Ela girou a maçaneta da porta e abriu-a cautelosamente. A cena que se apresentou a ela era mais preocupante do que qualquer coisa que ela pudesse ter imaginado.

Seu quarto era um pouco maior que o dela, mas não menos opulento, pelo menos costumava ser. Agora estava em ruínas, cada móvel havia sido quebrado ou derrubado, cada vaso decorativo e retrato emoldurado havia sido esmagado e rasgado. Papéis e cacos de vidro, cerâmica e fragmentos de madeira cobriam o chão, tornando o quarto quase intransitável. Cora prendeu a respiração chocada, pressionando a mão sobre a boca para abafar o som.

O que diabos você está fazendo? Você não tem ouvidos? — Roger exclamou, aparecendo na porta do quarto. Ele estava sem camisa, calças escuras penduradas baixas nos quadris, músculos ondulando em seu abdômen e braços. Seus cabelos escuros estavam bagunçados e uma espessa camada de barba cobria suas bochechas. Em seu punho cerrado ele segurava uma garrafa meio vazia de licor marrom escuro, e ele balançava ligeiramente em seus pés, com os olhos desfocados.

Cora amaldiçoou em sua mente, desejando subitamente ter vindo mais cedo. Roger estava claramente em péssimo estado, e ela não tinha certeza se ele representava uma ameaça para ela nessa condição.

— Desculpe. — Ela gaguejou, tentando e falhando em olhar para qualquer coisa além da bagunça ou de seus músculos definidos. — Mas, pelo que parece, você não está bem.

Claro que não estou bem! — Roger retrucou, dando um gole na garrafa e avançando. Ele pisava sobre os destroços como se nem mesmo percebesse que estavam lá, e Cora fez uma careta quando cacos de vidro e lascas se enterraram nas solas de seus pés descalços. Sangue escorria para se misturar aos destroços, e Cora engoliu em seco quando ele se aproximou. — Meu irmãozinho está morto— Roger lembrou a ela, como se ela pudesse esquecer. — Como você estaria?

Cora sentiu-se encolhendo, mesmo sabendo que não deveria. A última coisa que você deve fazer com um lobo irritado é se comportar como presa, e aqui ela estava inundada de adrenalina e contemplando a fuga.

— Não assim. — Cora conseguiu dizer, olhando novamente para o quarto destruído.

Bem, sinto muito se minha dor é mais bagunçada do que a sua. — Roger alfinetou, fechando a porta atrás dela e fazendo-a recuar, suas omoplatas colidindo com a porta. — Eu finalmente consegui o que queria, não é? Dominic fora do caminho e a matilha precisando de um Alfa?

Então quem é? — Roger perguntou, com sua voz grave como um carinho.

Você mesmo. — Cora respirou, perguntando-se como, pelo amor da Deusa, ela poderia estar tão assustada e excitada ao mesmo tempo. Ela não podia negar o medo que sentia ao enfrentar um lobo desequilibrado, mas o simples fato de que ela era capaz de fazê-lo era algo milagroso. Cora nunca tinha sido capaz de enfrentar alguém dessa maneira, e Roger era cem vezes mais perigoso do que qualquer pessoa com quem ela já tinha enfrentado no passado. E havia também a maneira como ele a olhava, a maneira como ele a tocava, incrivelmente gentil apesar de seu comportamento ameaçador.

Ela observou enquanto sua acusação atingia em cheio, e de repente os olhos de Roger se fecharam. Seus ombros caíram à medida que parte da energia caótica se dissipava, e a próxima coisa que Cora soube foi que ele estava apoiando a testa em seu ombro, uma de suas mãos poderosas segurando sua cintura tão firmemente quanto segurava a garrafa de bebida.

— Eu acabei de tê-lo de volta…— Roger murmurou miseravelmente. — Eu perdi tantos anos culpando-o por coisas que ele não podia controlar, ignorando-o quando tudo o que ele queria era ser meu amigo. — Uma gota de umidade caiu na pele de Cora, e ela percebeu que Roger estava chorando.

Tentativamente, Cora envolveu seus braços em torno de seus ombros largos, perguntando-se como alguém poderia ser tão imenso. Ela colocou uma mão em seus cabelos escuros, acariciando as mechas sedosas enquanto ele continuava a expor sua alma.

Eu nunca fui o irmão que deveria ter sido. Nunca cuidei dele ou o ensinei sobre o mundo. Eu não o protegi quando éramos pequenos, e não o fiz agora, quando ele mais precisava de mim. — Ele soluçou. — Era meu trabalho e eu falhei com ele.

A garrafa de bebida caiu no chão, apenas mais um pedaço de destroços em toda a ruína, e Roger apertou os braços ao redor do meio de Cora, apertando-a com força enquanto ele expunha sua alma. Qualquer ameaça ou intenção sensual havia desaparecido agora, e Cora o acariciou e o confortou enquanto ele chorava. Havia lágrimas em seus próprios olhos também, em simpatia por sua perda, mas também por seus próprios erros com sua irmã.

Isso não era o que ela planejava quando foi procurar Roger, mas ela estava feliz por ter seguido seus instintos. Roger claramente precisava de conforto, e mesmo que ela decidisse não deixar isso mudar nada entre eles, ela estava mais do que disposta a cuidar dele... Ela não queria pensar em por que isso poderia ser o caso. Ela simplesmente se aconchegou em seus braços e lhe deu o consolo que ele desesperadamente precisava.

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