“Abigail Zapata”
A D. Yolanda, mãe do Martim, havia me contado tudo sobre a noiva que o abandonou no altar. Eu fiquei chocada com a história. Ela me contou também como o filho ficou arrasado e vendo a cara que ele fez quando eu toquei no assunto, eu percebi que isso era ainda uma ferida aberta. Se ele ainda amava a tal mulher ou não eu não tinha idéia, mas o assunto ainda era espinhoso para ele.
Nós conversamos por um bom tempo, estabelecemos todos os pontos importantes. O Martim ficou responsável por resolver o assunto do casamento. Seria um petit comitê e um brinde após a cerimônia, apenas isso. Provavelmente seria feito no próprio cartório. Achei simpático ele se oferecer para preparar isso.
- Bom, então é isso, Martim. Tudo está encaminhado. – Eu falei e estava pronta para me levantar.
- Quase! Nós vamos precisar ficar uns dias fora. – Ele falou e eu olhei sem entender.
- Uns dias fora? Por quê? Pra quê?
- Lua de mel, coelhinha! Eu pensei que poderíamos ir pra casa de praia onde o nosso amor nasceu! – Ele riu da careta que eu fiz.
- Ou a gente pode se trancar em casa. – Eu sugeri com uma fagulha de esperança.
- Nós precisamos de registros, Abigail. Por um ano nós teremos que documentas a nossa imensa felicidade. – Eu sabia que ele tinha razão.
- Isso é muito mais complicado do que eu pensei. – Eu gemi e ele riu.
- Três ou quatro dias de brisa do mar te farão bem. – Eu mostrei a língua pra ele que riu ainda mais.
A campainha tocou e o Martim se levantou para atender a porta
- Filho, você não imagina a minha alegria quando vi a foto na rede social! Ah, meu filho, a Abigail é uma ótima moça! – Eu fiquei de pé assim que ouvi a voz da mãe do Martim. – Ah, querida! Deixa eu te dar um abraço. Eu estou tão feliz. Eu sabia que vocês dois iam acabar se apaixonando.
- Eu tentei segurá-la em casa, Martim, mas você conhece a sua mãe! – O Sr. Miguel, pai do Martim surgiu na porta.
- É, eu sei. – O Martim cumprimentou o pai e enquanto fechava a porta ele deu de ombros pra mim, como se não pudesse fazer nada.
- Agora me diga, querida, quando vocês estão pensando em se casar? – A D. Yolanda estava radiante e eu me atrapalhei com as palavras.
- Mãe eu não vou dar tempo para a Abigail desistir. – O Martim riu e se sentou ao meu lado segurando a minha mão. – Nos casamos no próximo sábado.
- Sábado? Minha nossa, mas nós temos muita coisa pra organizar, não vai dar tempo. – A D. Yolanda era como um furacão e os meus neurônios não estavam se conectando.
As conversas eram animadas ao redor da mesa durante o jantar. Na hora da sobremesa o Martim, cedendo aos apelos da mãe para repetir o pedido de casamento, ficou de pé e improvisou um discurso diante de mim.
- Coelhinha, meus dias nunca mais foram os mesmo depois que te conheci. Você entrou em minha vida como um furacão e me arrancou do estado de entorpecimento que eu estava. Eu me apaixonei por você, pelo seu jeito zangadinho, cheio de marra e que me desafia o tempo todo. Eu não posso mais viver sem isso. Casa comigo, coelhinha? – O Martim deu uma piscadinha pra mim e eu me dei conta de que estava rindo.
- Sim, ursinho, eu aceito me casar com você! – Respondi olhando pra ele da cadeira onde eu estava sentada.
Ele se abaixou e me beijou. Outro beijo! E foi um de tirar o fôlego e bagunçar os pensamentos. Ao nosso redor as palmas eclodiram. Eu não vou negar, eu me sentia mal por mentir assim para todas aquelas boas pessoas, mas tinha que ser assim.
Quando eles se despediram, eu estava exausta. O Martim e eu estávamos abraçados na porta dando adeusinhos para eles. Quando o último carro saiu, nós voltamos para dentro da casa.
- Eu vou chamar um taxi. Eu estou morta. – Eu comentei.
- Abigail, dorme aí, a gente passa na sua casa amanhã. E talvez seja melhor você se mudar de uma vez. – O Martim comentou e eu arregalei os olhos para ele. – Não faz drama, está no contrato. Nós temos que morar juntos. E não tem porque morarmos naquele cubículo que você aluga se eu tenho essa casa.
Eu não havia lido o contrato e agora eu queria matar o Tony. Eu não queria sair do meu apartamento e também não queria o Martim lá.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...