Fiquei parada, sem saber o que dizer ou fazer, enquanto a secretária fechava a porta atrás de mim. Olhei para trás, amedrontada de ficar ali sozinha com ele.
Mas lá estava novamente eu e Heitor Casanova, frente a frente.
- Sente-se, por favor. – Curvou a boca num meio sorrido, de forma debochada, como de todas as vezes que o encontrei.
Demorei um pouco para fazer o que ele pediu. Percebi que ele olhava meu currículo atentamente no computador, sem dizer nada, me deixando ainda mais nervosa.
Heitor Casanova em nada me agradava enquanto pessoa e na mesma hora eu já soube que estava fora da vaga. Mas não podia negar o quanto ele era bonito e atraente. Sentia o cheiro de perfume caro de onde eu estava.
Ele vestia terno e gravata e os cabelos estavam bem arrumados. Exalava masculinidade pelos poros. E meu coração começou a bater mais forte. Eu o temia e não sabia nem o motivo. As pernas, eu já nem sentia mais. Pareciam gelatina de tão moles. E se não bastasse, meu pé começou a bater no chão nervosamente, mesmo eu tentando parar os movimentos.
Ele me encarou e não tenho certeza de quanto tempo ficou ali, sem dizer uma palavra sequer. Sustentei o olhar firmemente, até que ele disse:
- Bárbara Novaes... A senhor Bongiove finalmente tem nome.
- E o CEO da North B... É o mesmo dono das boates mais famosas do país?
- Sim... Heitor Casanova. – Ele sorriu enigmaticamente, recostando-se para trás na cadeira, que obedeceu imediatamente ao movimento do corpo dele, inclinando-se.
Ele pegou uma caneta e girava ela nas mãos, enquanto me olhava:
- Por que pouco tempo em cada empresa?
Suspirei. Era a pergunta que todos faziam.
- Eu poderia dizer falta de sorte. Mas certamente o senhor acharia que isso seria minha explicação para incompetência. Então, antes de inventar mil mentiras, prefiro dizer a verdade: tive um ex namorado que me trazia problemas nos locais onde eu trabalhava.
- Hum... – ele voltou os olhos para o computador e perguntou, sem me olhar:
- Ele poderia trazer problemas aqui também?
- Não.
- Por quê? – me olhou novamente.
- Está morto.
Ele riu:
- Seria invadir sua privacidade se eu perguntar como ele morreu?
- Seria. – Me limitei a responder.
Novamente um silêncio pairou entre nós.
- Eu... Sou boa no que faço. Sempre me dediquei muito. E posso mostrar isso... Na prática. – Tentei.
Porra, por que eu estava tentando convencê-lo a me contratar? Sabia que era para trabalhar diretamente com ele, o que não daria certo. E também tinha certeza de que já estava fora da seleção, porque a antipatia dele por mim era clara.
- Você não é o que eu procuro, senhorita Novaes. – Ele não me olhou.
- O que exatamente você procura? Mulheres quase sem roupa?
- Hum... Do que está falando, exatamente? – ele me encarou.
- Do tipo de mulheres que se ofereceram para a vaga. Outra coisa, por que tinha que ser do sexo feminino? Me perguntei isso... Até ver que era você.
- Acho que mulheres podem ser mais... Como posso dizer... Criativas. E confesso que me dou melhor com elas do que com homens. – Foi sarcástico.
- Sim, que são mais criativas, concordo. Mas isso é trabalho... E eu realmente acreditei que minha competência viria acima da minha aparência.
- Neste caso, não há nem competência, nem aparência. – Sorriu.
- Lamento... Ninguém trabalharia melhor que eu. Mas suportar sua companhia deve ser horrível. Alguém que se acha superior a todos.
- Você já disse isso...
- Não disse... – tentei lembrar de tudo que eu havia falado.
- Da outra vez... – ele riu novamente, girando o dedo.
Peguei minha bolsa e virei as costas, espraguejando:
- Perda de tempo... Que ódio.
- Senhorita Novaes? – ele me chamou.
Virei e ele completou, debochadamente:
- Tenha um péssimo final de semana.
Eu sorri e minha mente borbulhou. Cheguei a ver o diabinho sentado no meu ombro, cochichando ao meu ouvido o que eu deveria fazer.
- Certamente vou ter... Mas o do senhor será ainda pior.
Bati a porta com toda minha força, ouvindo o estrondo. A secretária levantou, preocupada. E a outra garota que esperava sentada arregalou os olhos para mim.
- Ele é tarado. – falei bem alto para que fosse escutada por ele do outro lado da parede. – Então, se você não estiver quase sem roupa como a secretária, não vai ser contratada. A escolha não é por capacidade... E pelo quanto você está disposta a dar para este “desclassificado”.
Por sorte um dos elevadores estava naquele andar e entrei rapidamente, com medo de ele mandar alguém atrás de mim.
Eu estava furiosa. Meu corpo chegava a tremer de raiva. Que idade aquele idiota tinha? Agia como se tivesse vinte, embora parecia ter uns trinta. O que a vida fácil fazia com as pessoas?
Assim que saí do prédio, olhei para cima. Bem que ele poderia se desequilibrar, a cadeira ir muito para trás e ele cair do 21º andar... Sobre o Maserati dele.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Decidi terminar de ler o livro.....
Decidi terminar o livro.......
Estava amando este livro envolvente,cativante que realmente prende atenção do leitor por ser bem escrito,mais infelizmente desisti de ler "dropei" quando Daniel começou a chantagear a Barbará,to indignada!...
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...