- Vou levá-la em casa. Tudo ficará bem.
- Pode... Me deixar na rua? Em frente ao prédio, por favor. Não sei como sair daqui.
- Não posso deixá-la sozinha, senhora Bongiove.
- Por favor... Anon. Só faça o que eu peço. Não deixe as coisas ficarem ainda pior. Muita gente já se prejudicou. Não quero mais que isso aconteça.
- Senhora...
- Anon, se você não me deixar ali, eu vou sozinha daqui...
- Ok, eu vou deixá-la onde quiser, senhora Bongiove.
- Pode dobrar o carrinho para mim, por favor? Eu nem deveria ter trazido esta coisa. Achei que ficaria mais tempo... Mas não.
Ele dobrou o carrinho habilidosamente e colocou no porta-malas. Entrei com Maria Lua na porta de trás e ele me levou até a saída da garagem, no térreo, onde desembarquei.
- Obrigada por tudo, Anon.
- Eu lamento o que aconteceu, senhora Bongiove.
- Não lamente. Era para ser assim – eu dei um beijo no rosto dele, levantando os pés para alcançar sua bochecha – Deixei a porra da sandália no chão da sala dele. Sinceramente, nem sei o que pensei... Só queria me livrar delas – ri novamente, nervosa, confusa, aturdida, sem saber exatamente como conseguia pronunciar qualquer frase com sentido – Será que você poderia... Ficar comigo aqui, só até chegar o carro?
- Claro, senhora. Embora eu possa levá-la em casa confortavelmente em poucos minutos.
- Não... Obrigada.
Peguei o celular com dificuldade e abri o aplicativo, dando para Anon:
- Pode chamar para mim, por favor? Preciso dar o leite para ela... Está muito agitada.
Procurei a mamadeira enquanto Maria Lua seguia chorando. Não estava mais quente e sim morna, quase fria. Não tinha como esperar até chegar em casa. Teria que dar-lhe o resto da mamada anterior.
Assim que coloquei o bico da mamadeira na boquinha minúscula, ela parou de chorar. Com um braço eu segurava o corpinho dela e o outro dava-lhe de mamar. A bolsa pesada estava no meu ombro e Anon segurava o carrinho fechado e o meu celular, que começou a tocar.
Olhei para o visor quando ele levantou a mão, mostrando a chamada. Eu não tinha como atender. Mas parecendo saber que eu precisava de ajuda, ele atendeu para mim, colocando o fone no meu ouvido:
- Ben? – Senti minha voz quase falhar e o choro vir imediatamente, borrando minha visão enquanto eu tentava controlá-lo.
- Ainda estou aqui no aeroporto, Babi. Está caindo uma nevasca nesta porra e o meu voo já foi adiado duas vezes. Estou esperando há horas.
- Ben, não volte.
- Como assim? Você ficou louca?
- Eu estou indo ao seu encontro.
- Você vai vir para a Itália? Mas...
- Precisamos proteger nosso raio de sol. As nuvens ficaram escuras por aqui, bem escuras. Mas eu não tenho tempo para explicar. Em vinte minutos chego em casa e faço as malas. Encontro você no aeroporto e então decidimos para qual país iremos. O certo é que precisa ser bem longe dos avós dela.
- Mas... E Heitor?
- Ele não a quer. Ou melhor, acho que ele nunca quis uma criança na sua vida. Ela não tem ninguém a não ser nós.
- Eu... Vou esperar. Mas e a certidão?
- Vou ver com Sebastian. Amo você. Nos espere – olhei para Anon e pedi – Pode desligar para mim, por favor?
- Sim, senhora.
O carro chegou e Anon colocou o carrinho no banco da frente para mim. Sentei atrás com Maria Lua e assim que ele fechou a porta, acenei, sentindo novamente meu peito comprimindo de dor.
Então parti, sem saber exatamente o que fazer. Já nunca fui muito boa em pensar direito, sempre colocando minha ansiedade à frente da sanidade. Naquele momento nada funcionava: nem minha cabeça, nem meu corpo e meu coração estava estraçalhado e desta vez eu mesma não queria que ele fosse colado.
- Está brincando comigo?
- Eu venderia meu rim para ir para Nárnia neste momento – me ouvi dizendo. – Literalmente.
- Sua louca. Aposto que este lugar nem existe no mapa.
- Não... Não existe mesmo. Mas eu tenho esperanças de um dia encontrá-lo... Nem se seja por uma semana... De paz e tranquilidade.
- Você está partindo quando?
- Agora.
- Eu vou deixar tudo providenciado com Ben. Estarei ligando para ele agora mesmo. Você e Maria Lua serão bem-vindas às terras da família Perrone, seu lar, mesmo que você não queira.
- Eu amo você, Sebastian.
- Amo você. Caso a certidão não esteja lá, fale com Milena ou me ligue de volta.
- Pode deixar.
Desliguei o telefone e o carro estacionou na frente do meu prédio. Paguei o motorista, que sequer me ajudou a tirar o carrinho do banco.
Girei a chave na porta de entrada do prédio, descalça, com a bolsa cheia, Maria Lua dormindo num braço e a porra do carrinho no outro. Como eu já tinha feito aquilo outras vezes? Não sei, sinceramente.
O certo é que naquele momento eu não tinha forças para subir tudo ao mesmo tempo. Estava esgotada. Deixei o carrinho no lado do primeiro lance de escadas e subi somente com minha menina e a sacola.
Tinha uma tarefa árdua para fazer quando chegasse: arrumar as malas em um curto período de tempo.
Eu estava estraçalhada por dentro, mas não tinha tempo para pensar no que aconteceu. A ansiedade para partir o mais rápido possível tomava conta de todo meu ser.
Assim que subi o último lance de escadas, que deixaria no quarto andar, dei de cara com Breno e Anya sentados em frente à minha porta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Decidi terminar de ler o livro.....
Decidi terminar o livro.......
Estava amando este livro envolvente,cativante que realmente prende atenção do leitor por ser bem escrito,mais infelizmente desisti de ler "dropei" quando Daniel começou a chantagear a Barbará,to indignada!...
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...