A indiferença esmagou a tempestade emocional que ele mesmo havia criado em Deirdre. Fechando os punhos, ela se esforçou para suprimir a vontade de não soltar a mão no rosto de Brendan.
― Sua consciência? Depois de todos os pecados que você cometeu? Depois de todas as vidas que você arruinou? E tudo o que você consegue é sua consciência fraca queimando um buraco em sua alma inexistente!? Sua consciência não vale nada! ―
Havia algo ilegível e nebuloso nos olhos negros de Brendan, mas ele conseguiu manter a língua cáustica guardada dentro da boca.
― Tudo isso é passado, então você pode parar de falar sobre isso? O que você quer que eu faça? Rale meus joelhos. implorando por perdão? Cresça! ―
― Crescer? ― Deirdre quase podia ver manchas pretas dançando diante de seus olhos de tanta raiva. Ela não pôde deixar de zombar. ― Acho que você está certo. Eu preciso crescer e parar de ser tão ingênua. Como eu poderia exigir que o grande e poderoso Brighthall implorasse pelo meu perdão? Como eu poderia cometer o pecado de fazer sua consciência funcionar!? Oh Deus, claro! Eu pensei alto demais sobre mim! ―
Brendan virou a cabeça de lado. Ele não conseguia inventar coisas ainda mais amargas para superá-la. Talvez sua febre tivesse ficado forte o suficiente para impedir seus pensamentos.
Deirdre conseguiu conter a raiva e perguntou:
― E o espaguete que você queria que eu fizesse? Você sonhou com isso? ―
― Sim. ― Algo brilhou em seus olhos.
Deirdre deixou a conversa morrer. Somente depois que um ataque de tosse tomou conta de Brendan, ela se lembrou de seu remédio. Ela moveu seu corpo e pegou o comprimido e um copo de água da mesa. Passando para ele, ela instruiu:
― Tome isso. ―
Antes que Brendan pudesse desfrutar de seu choque, ela acrescentou:
― Tome e volte a dormir. Quero que você ganhe força suficiente para prosseguir com nosso divórcio. ―
Qualquer última gota de esperança que ele tinha morreu em seus olhos.
Ele deveria saber que aquilo era o que o esperava. Sua cabeça fazia seus pensamentos parecerem um pote de cola fervendo girando dentro de seu crânio. Algo o estava sufocando em sua garganta, tornando uma conversa simples muito difícil.
O homem engoliu o comprimido, deitou-se e se sentou, logo em seguida:
― Onde você vai dormir? ―
― Eu vou ficar no sofá ― Deirdre respondeu, categoricamente.
― Apenas durma, Deirdre.―
O homem se deitou no sofá enquanto percebia que era um espaço consideravelmente limitado para se estar, mas conseguiu adormecer. Foi só depois de ouvir sua respiração lenta e ritmada que Deirdre percebeu que o homem estava sendo sincero. Não havia nenhum truque, nenhuma reviravolta. Não era ele dando um show. Ele realmente queria deixá-la ficar com a cama.
Deirdre ficou perplexa e demorou um pouco para sair do choque. Então, puxou o cobertor da cama e o cobriu, deixando apenas a segunda camada mais fina sobre ela. Deirdre deitou na cama e ficou olhando a noite passar. Ela não sabia quando finalmente tinha adormecido. Tudo o que sabia era que o telefone de alguém a havia acordado.
No momento em que abriu os olhos sentindo uma potente enxaqueca, o telefone ainda estava tocava em seu ouvido. Ela começou a estender a mão, tentando sentir o objeto ofensivo, até que encontrou um telefone que havia escorregado acidentalmente na fresta entre a parede e a cabeceira da cama. Pertencia a Brandan.
Ela debateu consigo mesma se deveria, ou não, atender. Mas, o toque parou, antes que ela pudesse fazer uma escolha. Então, pela quarta vez, começou de novo.
Deirdre não teve escolha a não ser refazer sua memória da interface de um smartphone e deslizar na direção certa para respondê-la. Quando começou a ouvir ruídos saindo do alto-falante, colocou o telefone próximo ao ouvido. Mas, nem teve tempo de falar, quando ouviu uma voz ansiosa chamando:
― Bren! ―
A voz causou um calafrio na espinha de Deirdre.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor
triste não ter o final 🫠...
Cadê o restante?...
😣...
Terá mais capítulos?...
Gostaria de ler o restante do livro...