Ciclo de Rancor romance Capítulo 293

― Você tem razão! ― Madame Russel disse, balançando a cabeça tão forte que mais parecia a cabeça de bobble head em uma estrada esburacada. Então, com um sorriso no rosto, pegou uma porção de purê de batatas e colocou no prato de Deirdre. ― Você precisa comer mais, querida! Seu corpo precisa recuperar uns quilinhos. Sobre sua casa, me dê um tempo. Vou chamar um chaveiro para quebrar a fechadura, em alguns dias. —

― Obrigada. ―

Enquanto isso, na parte nobre de Neve, todos nas proximidades de Brendan Brighthall sabiam que um novo demônio havia possuído o homem. Ele vinha se dedicando de cabeça enfiada no trabalho e passando várias noites em seu escritório.

Até sua assistente não aguentou mais:

― Senhor Brighthall? Você terminou de ler sua papelada, certo? Da última vez que verifiquei, não havia nada importante, urgente ou minimante corriqueiro, precisando de sua atenção, então talvez... Talvez você devesse ir para casa. Descanse durante o resto do dia. O que acha? —

A mulher não precisava dizer a ele por que achava que era necessário um descanso, afinal as terríveis olheiras azul-escuras e seu rosto quase magro falavam por si só.

Brendan apoiou a testa com a palma da mão. Assim que parou, o cansaço o envolveu como uma mortalha de névoa negra que ameaçava cegá-lo. Ele deu um pequeno aceno de cabeça.

― Tudo bem. Você está certa. Obrigado. ―

Ainda assim, ele não tinha o menor desejo de ir para casa. Como poderia, quando a mansão ainda cheirava tanto a Deirdre? Quando sua casa estava coberta de vestígios, sombras e rastros dela? Ele ficava ansioso, sempre que começava a fechar os olhos, porque tinha medo de sonhar com Deirdre.

No entanto, a parte racional de sua mente sabia que, se mantivesse sua tendência de workaholic, logo adoeceria.

Brendan pegou seu terno e chamou um segurança para levá-lo. Mas, quando chegou em casa, viu um rapaz carregando uma caixa para fora, atravessando a calçada. Então, quando saiu do carro, seus olhos avistaram roupas de Deirdre saindo da caixa.

Seu sangue ferveu e ele avançou, pegando o objeto, enquanto ameaçava o pobre carregador:

― Quem diabos te deu autoridade para tocar nas minhas coisas!? ―

O homem estremeceu e Charlene saiu da sala, bem a tempo.

Sem um pingo de delicadeza, o empresário passou pela mulher, quase esbarrando ombro com ombro e subiu as escadas para o antigo quarto de Deirdre. Ele tirou as roupas dela da caixa e as pendurou no armário mais uma vez.

Tudo o que pertencia a ela ainda ficaria ali, intocado e bloqueado. Para que parecesse que ela ainda estava viva e apenas afastada, em alguns assuntos, antes que pudesse retornar e reassumir seu lugar.

Como as janelas de seu quarto nunca mais haviam sido abertas, o lugar ainda cheirava a Deirdre. Brendan levou a mão à testa e sua mente começou a repassar os momentos entre eles, naquele mesmo cômodo. Brendan se lembrava de como ela era cautelosa, de sua obediência gradual, até, finalmente... o desmoronamento do último sinal de cautela e o desabrochar de um sorriso genuíno em seu rosto, nos últimos dias bons de sua convivência.

Brendan tinha acreditado que a vida seria feliz daquela maneira. Que a felicidade continuaria.

Seus dedos tremiam e sua mão foi até o peito, enquanto ele se sentia sufocado. Sua falta de ar havia roubado seus pensamentos e doía ficar no quarto.

Destrambelhado, o homem saiu do cômodo e finalmente sentiu como se pudesse respirar novamente. Ele estava confuso, acima de tudo.

‘Por que não consigo deixar você ir e seguir em frente, Deirdre?’

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