Deirdre assentiu com a cabeça e Brendan, para a perplexidade da jovem, perguntou:
― Foi ruim? ―
Ela mordeu o lábio em surpresa.
― V-você não está bravo? ―
Bravo? Claro que Brendan estava bravo. Furioso, até. Estava furioso por um dia inteiro. Ele estava totalmente fora de si desde que a jovem atrasou e ele esperou e esperou que ela voltasse para casa. Cada segundo tinha ampliado sua fúria.
Mas, e daí? Toda aquela raiva havia se dissipado. Como ele poderia ficar bravo depois de testemunhar até onde essa mulher iria, apenas para esconder seu ferimento e a dor que isso lhe causava? Como ele poderia dizer para si mesmo que a enlouquecedora recusa dela em ser sincera não era motivada pelo medo da reação dele?
― Se você pudesse apenas... Se você tivesse me dito francamente que se machucado, eu teria me acalmado muito antes! ―
Brendan desceu e ligou para o doutor Ginger, pelo telefone da sala de estar. Como ordenou que o médico viesse o mais rápido possível, Deirdre rapidamente protestou, ainda deitada na cama.
― E-espere! Você não precisa chamar o médico! Já está tarde, Brendan! Além disso, fiz um check-up no hospital. Não é grande coisa... ―
― Ele vai apenas fazer o que é pago para fazer, Deirdre. O que há para discutir nisso? ― Brendan argumentou. ― Além disso, preciso saber qual é exatamente a natureza de sua lesão e quão grave é. ―
O empresário se lembraria desse dia. Gravaria em sua memória o motivo de Deirdre não ter sido franqueza e por qual motivo ela preferia ser maltratada a dizer a verdade. Brendan garantiria que isso nunca mais aconteceria.
― Não foi nada grave, é sério! Eu juro, não é debilitante nem nada... ―
― Claro, claro. Você e seu espírito industrial! Não vamos deixar que um simples braço quebrado me impeça de ir trabalhar, vamos? ― Ele brincou.
Deirdre ficou quieta. Brendan aproveitou a chance e acrescentou:
― Olha. Não precisa se preocupar, tá? Prometo que você pode ir trabalhar, e essa é uma promessa que pretendo cumprir. Você tem o direito e a liberdade de trabalhar, certo? Você não precisa se preocupar tanto com isso. ―
Deirdre ficou olhando para o chão, sem saber em que pensar.
Brendan voltou com um saco de gelo e colocou gentilmente no cotovelo machucado da jovem, até que a pontada aguda de dor se transformou em uma pressão brusca. Apenas quando a jovem garantiu que a dor tinha sido suavizada, a conduziu escada abaixo. O médico chegou bem na hora e, assim que viu sua paciente, rapidamente desfez o curativo e deu uma boa olhada.
― Não seria um problema se você pudesse tocar piano com uma mão. A pergunta é: você pode? ―
Os olhos de Deirdre brilharam.
― Acho que posso! ―
― Senhor Brighthall! ― O médico se assustou. ‘Ninguém era mais superprotetor com Deirdre do que Brendan e ainda assim ele a está encorajando?!’
Como o trabalho de Deirdre poderia permitir que ela tocasse com uma mão só? Era um trabalho e não algum tipo de fisioterapia.
Brendan ignorou a surpresa do homem careca e fixou os olhos em Deirdre.
― Eu dei a você um livro de partituras em braile, não dei? Ele foi composto por um pianista deficiente e por isso foi escrito em braile. Então, além das versões originais, tem muitas versões e simplificações que permitem que você toque com apenas uma mão. A ideia é que a pessoa estaria lendo a partitura em braile com a outra mão. Acredito que, se você se dedicar, vai conseguir um ótimo resultado. ―
― Se eu me dedicar?! ― Os olhos vazios de Deirdre de repente pareciam animados de alegria. Um sorriso alegre e vivo surgiu em seu rosto. Era a primeira vez que ela sorria genuinamente diretamente para Brendan. ― Eu posso fazer isso! Eu posso fazer isso, eu sei que posso! ―
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor
triste não ter o final 🫠...
Cadê o restante?...
😣...
Terá mais capítulos?...
Gostaria de ler o restante do livro...