“Flávio”
Eu estava na delegacia, depois de encontrar a Sabrina não voltei pra casa, o dia já estava quase amanhecendo e eu teria que sair para o trabalho mesmo, achei melhor não perturbar minha baixinha. Mas eu ia perturbar outra pessoa. Peguei o telefone e disquei para o meu pai.
- Flávio, bom dia! Já recobrou o juízo? – Meu pai atendeu tranquilamente. Eu sabia que ele acordava sempre muito cedo e a essa hora já estava sentado na biblioteca de casa lendo as notícias.
- Pai, eu nunca o perdi! Mas eu liguei só para te dizer uma coisa que eu acho que você não entendeu. – Falei tão calmo quanto ele. – A Sabrina é um tiro no pé. Eu nunca vou voltar pra ela e se ela perturbar a Manu eu rompo em definitivo com a família. Então, pare de usá-la, não vai funcionar e só está me irritando.
- Pelo menos está te irritando. – Meu pai riu. É claro que ele queria mais do que me irritar.
- Pensei que nós daríamos uma trégua? – Perguntei vendo que meu esforço do dia anterior foi em vão.
- Ah, filho, mas eu te dei uma trégua. Estou aceitando a proposta que você me fez de estar nos eventos da empresa e apoiar o seu irmão sempre que eu achar conveniente. Por um tempo, pelo menos. Mas a Sabrina, não tenho nada com isso. – Meu pai falava muito tranquilamente.
- Claro. Pai, você é um homem inteligente, aja como tal. Usar a Sabrina pode se voltar contra você. Estou avisando, se ela, ou qualquer outro que seja, perturbar a Manu, eu rompo em definitivo com a família. Era só isso que eu queria dizer. Bom dia. – Desliguei o telefone, pois já havia dado o meu recado.
Fiquei sentado olhando para o tempo. Eu estava com meu trabalho bem adiantado, decidi incomodar outra pessoa, que acordava cedo, mas nem tanto assim.
- Se morreu, enterra, não precisa me ligar pra perguntar o que fazer. – Lisandra atendeu com voz sonolenta. Ela odiava ser acordada e eu ri sabendo que ela ficaria brava.
- Não morreu, mas por sua culpa vai acabar ficando careca. – Ri e escutei a risada dela do outro lado.
- Poxa, maninho, você sabe como acabar com o meu mau humor! – Ela riu. – Fala rápido pra eu voltar a dormir, eu estava sonhando com aquele cara gato que faz aquela série policial que a gente assistiu juntos, quero voltar pra ele.
Comecei a rir. Minha irmã adorava séries e em cada uma arranjava uma paixão platônica, ou um crush, como ela dizia. O do momento era o cara que fazia um policial durão numa série da swat.
- Engraçado, eu tenho um amigo que parece muito com ele. – Falei me lembrando do Patrício. – Ah, mas você também conhece, é o Patrício Guzman. – Minha irmã ficou muda.
- Fala logo, Flávio. Ainda é de madrugada, o que você quer? – Lisa falou impaciente e eu percebi que seu bom humor tinha sido passageiro. Ela deve ter visto as horas e ficou brava.
- Irmãzinha, quero saber o que te deu para ir tomar um café com a Sabrina.
- Como você sabe? – Lisa ficou surpresa.
- Aquela louca está aqui. E pelo amor de deus, quando ela descobrir que você pregou uma peça nela sobre os piolhos, ela vai querer te matar. – Falei me lembrando de uma briga que as duas tiveram no clube da cidade, quando eu ainda estava casado com a Sabrina.
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