“Manuela”
Não pensei que essa semana seria tão agitada, mas felizmente deu tudo certo e a Catarina e o Pedro foram resgatados e estão seguros. Agora eu precisava correr atrás, porque perdi dois dias de aulas na faculdade, eu tinha matéria para colocar em dia e trabalhos para entregar, com certeza passaria a noite em claro. E ainda tinha o casamento da Cat e do Alessandro no sábado.
Dei sinal e desci do ônibus a um quarteirão da minha casa. Agora que eu estudava à noite eu estava pensando em como seria prático e seguro ter um carro, pois eu chegava tarde em casa e as ruas estavam vazias. Talvez fosse hora de mexer no dinheiro que meu avô deixou pra mim quando faleceu. Acelerei os passos, quase correndo, eu tinha medo de andar pelas ruas sozinha à noite, fui criada no interior, com uma mãe super protetora e super antiquada, tudo me assustava.
Mesmo sentindo esse medo de tudo e não sabendo me virar longe da super proteção da minha mãe, decidi enfrentar o mundo. Prestei o vestibular e escolhi uma faculdade bem longe da minha cidade, não só porque era a melhor faculdade de direito do país, mas porque eu queria me livrar da super proteção da minha mãe, ela fazia eu me sentir presa e amordaçada.
Minha mãe era uma mulher muito dura e muito antiquada, tinha conceitos muito ultrapassados sobre o papel da mulher na sociedade, idéias muito radicais sobre tudo. Ela era uma pessoa muito religiosa, então tudo pra ela era pecado, mesmo que nem a igreja que ela frequentava achasse que fosse, de modo que não dava pra culpar a religiosidade dela pelo seu pensamento ultra radical ultrapassado, mas ela usava a religião como desculpa para as suas convicções exageradas.
Meu pai ao contrário, me apoiou na minha decisão, aliás, foi ele que me aconselhou a romper com os grilhões que minha mãe mantinha em mim, ele dizia que eu precisava aprender a me virar, porque os pais não vivem para sempre e ele gostaria que eu fosse uma mulher forte e que decide sobre a própria vida. Ele comprou a maior briga com a minha mãe quando eu comuniquei que iria me mudar. Ela ameaçou me trancar em meu quarto e me arrumar um marido. Então, meu pai me mandou fazer as malas sem ela saber, esperou ela ir pra igreja, me colocou no carro e me trouxe pra cá. Meu irmão me contou que quando ele voltou pra casa ela armou um escândalo, chamou até a polícia, que acabou rindo da situação e a deixando ainda mais furiosa.
E a verdade é essa, eu saí fugida de casa, com a ajuda do meu pai e já tinha quase um ano que eu não os via, pois eu não tinha me atrevido a voltar na minha cidade e correr o risco de ficar trancada no quarto.
As primeiras semanas foram muito difíceis. Meu pai me ajudava com tudo, bancava todas as minhas despesas, mas depois que eu comecei a trabalhar, eu me virava bem sozinha e recusava a ajuda dele muitas vezes. Ele tinha um laticínio de porte médio, especializado em queijos de cabra que andavam fazendo sucesso no país, um negócio que começou com o meu avô e meu pai fez crescer bastante e agora o meu irmão estava modernizando e levando muitas idéias boas para o negócio.
E com esses pensamentos sobre a minha família, me distraí até entrar no meu apartamento e trancar bem a porta, com o coração acelerado e as pernas bambas.
- Está decidido, já que estou de folga até segunda, vou sair amanhã e comprar um carro. Já fiz a parte mais difícil, que foi tirar a carteira logo que cheguei na cidade, então agora vou comprar o carro. – Falei comigo mesma.
Na sexta feira, passei a manhã pesquisando carros na internet. Achei um modelo que eu gostava e tinha dinheiro suficiente pra ele na minha poupança. Me arrumei e saí, parei pra almoçar num restaurante perto da concessionária e depois do almoço fui até lá toda resolvida. O vendedor, um senhor de uns cinquenta anos que me atendeu foi muito simpático. Escolhi o carro, mas teria que esperar uns dias, pois não tinha o modelo na cor que eu escolhi, um azul cobalto reluzente.
Enquanto o vendedor preenchia os documentos, olhei para a porta e vi um deus grego entrando, fiquei hipnotizada. Era um homem bem alto, musculoso, tinha os cabelos pretos bem curtos e uma barba que dava um ar de mistério a ele. Estava usando óculos escuros, jeans que marcavam suas coxas e uma camisa preta com as mangas dobradas. E quando ele sorriu para o vendedor que o atendeu eu senti um calor se espalhar por todo o meu corpo. Ele era de tirar o fôlego.
- Então vamos! – O vendedor já ia se colocar de pé.
- Na verdade, eu estou um pouquinho atrasada. E eu já escolhi o meu modelo e estou feliz com a escolha. – Falei depressa.
- Tudo bem. Mas se quiser fazer o test drive outra hora, passa aqui na loja, será um prazer. – O vendedor sorriu.
Depois de tudo pronto saí da concessionária dando uma última olhada para o ser mais lindo que já vi na vida, caminhando em direção ao lugar de onde eu acabara de me levantar. Droga, eu deveria ter ficado mais tempo por aqui.
N.A.:
Queridos leitores, quem quiser relembrar como a Manuela surgiu na estória, pode encontrar sua primeira aparição em um contato com o Heitor no capítulo 62 do “Casal 1 – Chefe irresistível”, quando ela faz uma venda de maquiagens para ele. Essa cena também está no capítulo 14 do “Casal 2”, sob a perspectiva da própria Manu. Se quiserem relembrar mais trechos sobre as primeiras interações importantes da Manu nas estórias anteriores, estão nos capítulos 102, 103 e 162, do “Casal 1 – Chefe irresistível” e nos capítulos 7, 26 e 41, do “Casal 2”. Deixo essas informações aqui para quem quiser relembrar os primeiros passos desse casal na nossa estória.
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