“Flávio”
Eu estava muito preocupado com o que ia acontecer quando a Manu descobrisse aquilo tudo, ela ia sofrer, e eu daria qualquer coisa para evitar um sofrimento a ela, mas eu também não podia esconder isso. Eu estava começando a me arrepender de ter começado a revirar essa história. Acho que até a Olívia se arrependeu, pois ela passou o resto da tarde quieta, sentada em um canto da minha sala, olhando para o nada.
- Olívia, você está arrependida de ter ido atrás dessa história? – Me virei para ela após terminar o último relatório do dia. Eu estava pronto para ir para casa, mas nós ainda tínhamos que esperar o Camilo e o pai dele.
- Eu estava pensando sobre isso. – Olívia suspirou e me encarou. – Por um lado, eu não queria que meu sogro, meu marido e minha cunhada passassem por isso, mas por outro, não é justo deixar a Rita se safar de todas essas maldades. Eu não sei, Flávio, no final das contas, eu não sei o que é pior ou melhor ou menos ruim.
- A baixinha vai sofrer mais do que os outros. – Comentei pensando no quanto seria duro para a Manu.
- Ela sempre sofreu mais do que os outros. As coisas que a Rita faz com ela... – Olívia me deu um olhar indulgente. – Mas dizem que a verdade liberta, então vamos torcer para que seja assim e depois de passar o choque a Manu se liberte e seja mais feliz.
- Tomara que sim. – Quando acabei de falar, o Camilo e o Sr. Orlando entraram na sala.
- Finalmente chegamos. – O Camilo falou ansioso.
- Flávio, o que está acontecendo? O Camilo não quis me dizer nada, mas pelo jeito como ele está deve ser algo grave. – O pai da Manu se dirigiu a mim buscando a verdade e nesse momento eu desejei com todas as forças que essa verdade realmente libertasse.
- Sogro, sente-se. – Depois que eles se sentaram e recusaram minha oferta de água, café ou qualquer outra coisa, era hora de falar. – Sogro, lembra que o Camilo me contou da suspeita dele de que a Malu fosse filha da sua primeira esposa e não da Rita?
- Uma idéia sem pé nem cabeça. Eu reconheço a semelhança delas, mas eu sei o que eu vi quando cheguei em casa quase vinte anos atrás. – Sr. Orlando respondeu bastante sério. – Mas por quê disso agora?
- Porque eu não achei a idéia do Camilo tão absurda assim. – Respondi. – Conversei com o Camilo mais algumas vezes e decidimos investigar. Mas eu quero deixar claro que só fiz isso porque nós precisamos livrar a Manu das garras da Rita, e a Manu não consegue se libertar porque está agarrada a idéia de que a Rita seja sua mãe.
- Mas a Rita é a mãe dela, embora seja uma mãe horrível. – O Sr. Orlando me olhava como se eu estivesse delirando.
- Não, sogro, tudo indica que a Rita não seja a mãe da Manu. – Falei sentindo o peso daquilo que estava em minhas mãos.
- O que você disse? – O Sr. Orlando estava confuso e pareceu até um pouco irritado.
A hora seguinte eu passei explicando ao pai da Manu tudo o que havíamos feito até ali e o que havíamos descoberto. Os olhos do Sr. Orlando estavam úmidos. Ele quis ver cada prova que reunimos até ali. A emoção que ele sentia era pungente e eu não tinha palavras para consolá-lo.
- Ela, ela não é minha filha? – Ele perguntou entre lágrimas.
- É o que parece. – Respirei fundo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque