“Rita”
Aquela ratinha está muito bem protegida, eu achei que estivesse com sorte quando a vi sair do prédio, mas quem tem sorte é ela, até agora não sei de onde saíram aqueles policiais. Agora eu estou voltando pra casa de mãos abanando. O pior é que o prazo que o Cândido me deu está acabando. Mas algum jeito eu tenho que dar.
Cheguei em casa e a Magda estava me esperando. Ela é uma amiga muito útil, mulher do delegado, ele faz tudo o que ela quer e ela faz tudo o que eu quero. É uma carola, vive enfurnada na igreja, mas é uma pecadora, uma pecadora útil, fofoca da vida de todo mundo nessa cidade, sabe dos podres de todo mundo. Bem, de quase todo mundo, pois ela me acha uma santa, todos nessa cidade acham que eu sou uma beata, às vezes tenho até vontade de rir.
- Rita, onde está a sua filha? Você não a encontrou? – Magda me olhou curiosa, era melhor me fazer de coitada.
- Acredita que aquela ingrata não quis vir comigo, Magda. E ainda fez um escândalo na rua, chamando a atenção de todo mundo, pedindo para chamarem a polícia, pois eu queria sequestrá-la. Foi uma vergonha, Magda, e uma decepção. – Deixei as lágrimas caírem.
- Ah, minha amiga! Que filha má você tem. Sinto muito. – Magda me abraçou. – Eu já cansei de falar com o meu marido, Rita, já pedi para ele ir buscar essa garota, afinal ele é delegado. Mas ele disse que não pode, se ficarem sabendo que ele foi ele pode perder o cargo e como agora ela namora um delegado, ele não pode se meter nessa história.
- Como seu marido ficou sabendo que ela namora um delegado? – Achei estranho, pois eu não tinha contado isso.
- Seu marido contou pra ele. E pelo que o meu marido andou perguntando, o namorado da sua filha é alguém importante e tem um bom relacionamento com o secretário de segurança. Meu marido disse que é melhor não mexer com ele. – Magda arrematou, mas acabou me lembrando de uma coisa.
- Magda, aqui as chaves do seu carro. Obrigada por tudo, amiga, mas eu estou muito cansada e quero me deitar um pouco. – Eu precisava me livrar dela rápido.
- Claro, amiga. Se precisar de mim, manda me chamar. – Magda se despediu e foi embora.
Fui para o meu quarto e revirei a bolsa até encontrar aquele cartão, estava na hora dele me ajudar. Fiz a ligação.
- César Moreno. – A voz soou do outro lado da linha.
- Sr. César, aqui é a Rita, mãe da Manuela. – Falei e demorou um segundo para o homem me responder.
- O que a senhora deseja? – Ele perguntou muito formal.
- Colocar em prática a parceria que nós fizemos. Eu já sei o que fazer para separar aqueles dois e do que eu preciso do senhor. – Falei certa de que agora eu conseguiria trazer aquela ratinha pra casa.
- Minha senhora, as coisas mudaram. Eu conheci melhor a moça e mudei de idéia, não quero mais separá-los. Aliás, eu espero que eles continuem juntos. – Ele falou e me deixou confusa.
- Isso é algum tipo de brincadeira? – Perguntei irritada.
- Não, estou falando sério. A senhora não conta com o meu apoio para separá-los, pelo contrário, se tentar, terá em mim um inimigo. – Mas por que esse homem mudou de idéia assim? Eu não conseguia entender.
- Mas, Sr. César, o senhor disse que... – Ele me interrompeu antes que eu terminasse.
- Dona Rita, eu já disse, mudei de idéia e não quero separar os nossos filhos. A Manuela é uma ótima moça e meu filho está feliz e é o que importa. Eu entendi isso e se ele está feliz, eu também estou feliz. – Ele falou firme.
- Senhor, isso é um absurdo! – Protestei, mas de nada adiantou. Ouvi ele responder para alguém do outro lado da linha que já estava indo, antes de voltar a falar comigo.
- Dona Rita, essa é a minha decisão final. E se quer um conselho, desista, a senhora não vai conseguir nada com isso. – Ele falou e desligou o telefone.
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