“Manuela”
O tempo foi passando lentamente enquanto estive sentada naquele sofá no quarto de hospital ocupado pela Sabrina. O Flávio estava quieto ao meu lado, mas o pai dele estava se desdobrando em atenção comigo. Ele chegou a ir a lanchonete do hospital e voltar com um lanche e café, dizendo que nós deveríamos comer. Quanto mais ele tentava ser gentil, mais eu o comparava com a minha mãe e percebia que o dinheiro poderia fazer as pessoas mudarem a forma como me viam. Quanto mais eu pensava nisso, menos eu queria aquela herança.
- Humm... ai... Flá-flávio... – Sabrina se mexeu na cama parecendo desconfortável.
Flávio me olhou, ele parecia caminhando sobre um terreno minado. Eu apenas fiz um sinal com a cabeça, indicando que ele deveria se aproximar dela. Ele soltou a minha mão, se levantou apreensivo e caminhou até a cama.
- Estou aqui, Sabrina. – Ele falou ao se aproximar, porém não a tocou.
- Você veio. – De onde eu estava vi o sorriso dela e a mão estendida para que ele segurasse.
- Eu vim, Sabrina, porque você não me deixou escolha. – Ele respondeu seco.
- Querido, não fala assim comigo, eu estou sensível. Vem, segura minha mão, cuida de mim, Flávio, como da outra vez. – Sabrina estava era fazendo manha. Eu tinha certeza de que ela não tentou se matar, apenas estava tentando manipular o Flávio, principalmente depois que o médico disse que a quantidade de remédio que ela tomou não era suficiente para matá-la, aí que eu não tive dúvida de que ela só estava armando uma cena.
- Sabrina, da outra vez você me manipulou e eu fui idiota o suficiente para cair na sua armadilha, mas dessa vez não, dessa vez eu vim apenas porque seria cruel da minha parte deixar alguém que eu conheço sozinho em um hospital, mas assim que seus pais chegarem, e eles já está a caminho, eu vou embora. – Flávio falava de forma fria e distante.
- Flávio, você não pode fazer isso comigo. – E pronto, ela começou a chorar.
- Sabrina, você e eu terminamos já faz muito tempo e foi o melhor que poderia ter acontecido. Eu encontrei a Manu e eu estou com ela e vou continuar com ela, porque é ela que eu amo. Você está sendo mimada e caprichosa.
- Flávio, se você não voltar pra mim eu morro. – Sabrina chorava como se estivesse sofrendo muito.
Eu estava bem quieta no sofá e o pai do Flávio, ao meu lado, olhava a cena parecendo insatisfeito, e foi ele quem trouxe essa mulher de volta para a vida do filho. De repente, a porta do quarto foi aberta num solavanco e um casal muito elegante entrou.
- ISSO É CULPA SUA, FLÁVIO! CULPA SUA! – A mulher, que eu tinha certeza era a mãe da Sabrina, gritava a plenos pulmões.
- Abaixa a sua voz, isso aqui é um hospital. – Flávio olhou pra ela como se fosse esganá-la.
- Mamãe, é culpa dele. Eu pedi pra ele ir me ver e ele mandou eu me matar. – Sabrina chorava na cama. O Flávio estava atônito no meio daquele circo.
- Seu moleque! O que você fez com a minha filha? – O homem que entrou com a mulher questionou se aproximando do Flávio, enquanto a mulher se debruçava sobre a chantagista na cama.
- O que eu fiz com a sua filha? O que a sua filha fez comigo, isso sim! – Flavio bradou. – Essa mimada, inconseqüente, irresponsável, reapareceu na minha vida só para me atormentar.
- Chega, Flávio! – A mulher soltou a filha e se virou para o Flávio. – Você tem responsabilidades com a Sabrina, obrigações. Seja lá qual for a sua aventurazinha, é bom que termine e você volte para o lado da sua esposa.
Meu coração estava disparado no peito. Eu estava olhando aquele circo horrorizada, nunca imaginei que existissem pessoas tão ordinárias no mundo. O Flávio estava a ponto de perder a cabeça. O pai dele estava impassível ao meu lado.
- Esposa? Ah, para! – O Flávio deu uma risada sarcástica. – Vocês são um bando de interesseiros. Eu não tenho nenhuma responsabilidade com a filha de vocês há anos. E foi porque ela quis.
- Olha aqui seu garoto mimado, você não vai descartar a minha filha como um papel velho. – O pai da Sabrina estava a um passo do Flávio, os dois estavam a ponto de se engalfinharem.
- Ah, essa é boa! Acorda, Teles, sua filha é uma atriz. Ela nunca tentou se matar, isso aqui é só uma ceninha para me chantagear, mas dessa vez não vai funcionar. – Flávio rebateu.
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