“Heitor”
Tomei um porre fenomenal na noite passada! Nem eu me reconhecia mais, eu estava arrasado. Eu fui até a casa do Alessandro visitar os bebês, mas quando eu estava chegando a Samantha estava saindo, ela nem me deu chance de falar com ela. A vi entrar no carro e ir embora e fiquei ali parado por longos minutos. Eu estava no limbo, totalmente arrasado. Nem entrei na casa, voltei para o meu carro e fui para o hotel.
Fui para o meu quarto e como todas as outras noites comecei a beber. Bebi! Bebi muito! Bebi mais do que eu mesmo percebi que tinha bebido. Quando acordei estava numa sala iluminada e comecei a olhar pelo ambiente onde eu estava. Olhei e vi que havia algo conectado a mim, olhei ao redor e vi algo como bolsas de soro penduradas. Merda! Eu fui para num hospital. Mas como eu fui parar num hospital? Eu estava trancado no meu quarto de hotel, abraçado a uma garrafa de whisky, isso era tudo o que eu me lembrava.
Minha cabeça doía, tudo em mim doía. Então fiquei ali deitado olhando para o teto branco e escutando o zum-zum-zum de barulhos abafados em torno daquele lugar. Uma hora alguém apareceria para falar comigo. Então, já que eu teria que esperar, relaxei. Mas aí ouvi uma voz conhecida.
- Heitor? Querido, o que houve com você? – Abri os olhos e vi a Perla, mãe da Samantha, ao lado da cama.
- Perla! Como você está? – A cumprimentei com a cabeça ainda muito confusa.
- Bem, querido. Mas me diga, o que aconteceu, como você está?
- Eu estou acabado, Perla. Perdi sua filha pra sempre. Fui um idiota!
- É claro que não, meu filho. A Sam te ama. Vocês vão se acertar.
- Não, Perla, ela já me esqueceu. Eu a vi com o doutor, ela me trocou pelo médico, está namorando com ele. – Eu estava quase chorando, já nem ligava de parecer patético.
- Médico? Que médico? Não estou sabendo disso? – Perla parecia realmente não saber.
- Esse aí, ó! – Apontei desajeitadamente para o médico que vinha entrando no cubículo onde eu estava deitado. Era muito azar o meu, estava arrasado, destruído e agora humilhado, sendo atendido pelo atual da minha ex namorada. Isso era castigo demais.
- Perla! – O médico sorriu pra ela e a abraçou. – Que prazer te ver por aqui! Não me diga que está acompanhando o meu paciente?
- Não, eu só tenho umas reuniões com alguns médicos aqui do hospital hoje. Você o está atendendo, Vini? – Perla perguntou com um ar meio divertido. Ela estava feliz com o meu sofrimento.
- Na verdade, acabei de pegar o plantão, cheguei um pouquinho atrasado hoje. Então, de onde conhece o meu paciente? – O doutor insistiu em saber.
- Ah, Vini, esse é o Heitor, o namorado da Sam. Eu o vi aqui e vim cumprimentá-lo e saber como ele está. – Perla explicou.
Olhei meio desconfiado. Ela disse que eu sou o namorado da Sam? Ela está de sacanagem comigo? Porque ela gosta do doutor, isso dá pra ver, não falaria isso só para provocá-lo. Mas o doutor arregalou os olhos e abriu um sorriso.
- Ah, então ele é o fodão da tecnologia! – O doutor comentou com ar brincalhão.
- Fodão da tecnologia? – Perguntei, gostando bem do termo.
- Sim, a Sam comentou que você tem uma empresa de tecnologia, então eu brinco com ela te chamando de fodão da tecnologia. – Ele não tirava o sorriso do rosto e eu estava cada vez mais intrigado.
- Heitor, o Vinícius é filho do Joaquim, ele e a Sam são como irmãos. – Perla explicou e eu respirei como se tivessem removido um peso de cem quilos de cima dos meus pulmões.
- Como irmãos? – Perguntei.
- Sim. – Eles responderam juntos.
- Quer dizer que você não é o novo namorado dela? – O médico deu uma boa gargalhada.
- Não, cara, somos amigos, costumamos dizer que somos irmãos de pais e mães diferentes que se conheceram depois de adultos. – O doutor sorria pra mim com genuína simpatia.
- Garotos, eu tenho que ir. Vini, cuida bem dele. Heitor, aparece lá em casa. – Perla se despediu e saiu.
- Deixa eu ver aqui. – Ele consultou o tablet que tinha nas mãos. – Você chegou de ambulância com um funcionário do hotel em que está hospedado. Pelo que eles explicaram, a camareira te encontrou desmaiado no chão do quarto e eles acharam melhor trazer você.
- Isso é o fundo do poço! – Me lamentei.
- Que bom! – O médico falou.
- Bom? – Achei até que tinha ouvido errado.
- Ótimo, na verdade. – Ele se corrigiu. – Se você chegou no fundo do poço, agora você pode começar a subir.
Olhei pra ele e nem discuti, ele tinha razão e estava me dando bons conselhos. Eu já estava gostando desse cara.
- Droga! – Bufei.
- O que foi? – Ele perguntou confuso.
- Você é perfeito! – Falei e o seu sorriso ampliou.
Depois que me deu alta o Vinícius repetiu o conselho que me deu, para procurar a Samantha e resolver as coisas. Eu disse que faria isso. Como já estava tarde, saí do hospital e fui direto para o escritório, mas eu estava com a cabeça muito longe dali.
Melissa tentava me explicar o que aconteceu em uma reunião importante que a mandei em meu lugar no dia anterior, mas eu não escutava. Então, ela assumiu uma postura que há meses eu não via, ela voltou a ser a assessora mandona e dominadora que era antes que a Sam me jogasse no inferno.
Depois de me chamar de volta para a realidade, Melissa me tirou do escritório e prometeu me ajudar a recuperar minha amada.
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