“Heitor”
Eu sabia por alto o que havia acontecido. Sempre soube que meu pai era um crápula, mas aquilo era muito pior. Aquilo o rebaixava a uma categoria pior do que de um simples cretino ou um assediador.
Há três anos atrás, meu pai passou uma temporada bem longa na cidade. Eu já havia comprado as ações dele da empresa há uns anos antes, mas ele já havia torrado todo o dinheiro que ganhou e veio atrás de mais. Como eu não cedi ele ficou me infernizando como sempre. Mas de repente, do nada, ele foi embora e ficou quieto em Miami, até agora.
Eu nunca entendi porque ele foi embora. Só sabia por alto que duas mulheres surgiram dizendo que ele as havia assediado e as forçado a ter relações sexuais, mas eu nunca soube exatamente o que tinha acontecido e logo elas sumiram.
Mas agora estava tudo ali, diante dos meus olhos. Meu nada estimado pai era um estuprador. Comecei a ler o relatório.
Três anos antes, quando estava por aqui, para se exibir como um boa vida, deu uma festa numa casa de praia que havia alugado. Seus amiguinhos, todos tão cretinos quanto ele, estavam todos lá.
Duas mulheres na casa dos vinte e poucos anos foram a essa festa, convidadas por uma amiga que era amante do Airton Botelho, pai da Isabella, que também estava lá. As duas queriam só curtir a festa e deram um fora no Reinaldo logo no início da noite. Mas ele, como uma hiena, as cercou. Preparou as bebidas com um boa noite cinderela e mandou um garçom oferecer as duas moças. Assim que elas deram os primeiros sinais do efeito da droga, o Reinaldo as levou para um quarto e abusou das duas.
Era nojento! Ele as filmou, abusou das duas por horas e no dia seguinte as enxotou as chamando de putas e ameaçando a expor o vídeo caso abrissem a boca. As garotas ficaram apavoradas, mas mesmo assim decidiram denunciá-lo, mas tiveram o azar de cair nas mãos de um delegado corrupto que viu a oportunidade de ganhar um dinheiro.
O delegado procurou o Reinaldo e os dois fizeram um acordo. Foi aí que minha mãe entrou. Ele fez uma cena, ameaçando que caso minha mãe não o ajudasse ele manipularia a Hebe e a faria se matar. Nessa época minha irmã estava passando por uma situação muito delicada, era tinha sofrido um aborto traumático e estava muito deprimida. Ele tinha muita influência sobre ela, ela o amava, só via nele o pai, não via o filho da puta que ele é.
Minha mãe fez o que ele quis. Deu o dinheiro e encobriu tudo. Mas pelo meio do caminho, enquanto varria essa sujeira para debaixo do tapete, descobriu que não foi a primeira vez que ele fez isso. E que tinha feito algo semelhante em Miami antes de vir passar aquela temporada aqui. Ele é um estuprador contumaz!
Quando comecei a ler as transcrições das mensagens eu tive ainda mais nojo, meu estômago embrulhou e eu quase vomitei. Era um apanhado de mensagens que ele havia trocado com os amiguinhos, rindo e debochando das mulheres, dizendo o que tinha feito com elas.
A pior de todas as mensagens foi a que ele dizia que não estava nem aí, suas palavras exatas foram: “Não estou nem aí, aquelas duas estavam completamente bêbadas, eu só dei uma coisinha a mais para elas ficarem bem boazinhas, não sabem nem o que aconteceu. A culpa foi delas, estavam bêbadas numa festa. Comi as duas mesmo. Elas estavam se fazendo de difícil, mas queriam trepar e eu dei o que elas queriam.”
- Meu deus, isso é nojento. – Fechei a pasta e joguei sobre a mesa. – Façam o que têm que fazer.
- Você sabe que aqui tem coisa o suficiente para prendê-lo por muito tempo, não sabe? – O delegado Bonfim me perguntou.
- Por mim, vocês podem até matá-lo. Só quero ele longe da Samantha e da minha família. – Respondi firme, mas sentindo uma raiva crescer em mim. Como eu posso ser filho de um ser tão repugnante? Como meu avô permitiu que a minha mãe, uma pessoa doce e gentil, se casasse com esse bandido?
- Não, faça o que tem que fazer e obrigado por tomar a frente disso. – Respondi.
- Amigo é pra isso. – Rick tocou no meu ombro.
- Pra isso e pra beber e afogar as mágoas. – Patrício falou. – Vamos lá pra casa.
- Agradeço, Patrício, mas tenho que voltar pra Lince, tenho muita coisa pra fazer ainda. – Me coloquei de pé e me despedi dos meus amigos, os agradecendo pelo apoio.
Eu estava desesperado para ver a Samantha. Não conseguia mais esperar. Fui até o prédio dela e quando parei o carro, quase em frente ao prédio, a vi sair rindo e abraçada com um homem negro, alto e forte. Devia ser o tal do Vinícius. Como o Enzo falou o cara era boa pinta. Eu apertei o volante com força até os nós dos meus dedos ficarem brancos. O perverso ciúme estava me comendo por dentro.
Samantha parecia relaxada e confortável. Talvez o cara realmente fosse tudo isso que ela falou para o Enzo. E se ele fosse e a fizesse feliz, eu não tinha o direito de estragar.
Dei partida e arranquei o carro antes de vê-los se despedir. Não precisava vê-la aos beijos com outro homem. Saí dali e esqueci que tinha o que fazer na empresa, fui para o hotel e enchi a cara na minha suíte.
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