“Samantha”
Acordei indisposta, mas não me deixaria abater, eu precisava ser mais forte que essa tristeza que estava sentindo. Tomei um banho longo, me arrumei e enquanto tomava o café liguei o celular.
Achei melhor desmarcar com o Enzo, eu não colocaria mais ninguém em risco. Enviei uma mensagem com uma desculpa qualquer, dizendo que remarcaríamos em breve e ele me enviou uma figurinha de um bebê chorando, muito fofo.
Pensei no que fazer e decidi que assim que fizesse o meu acerto na empresa iria passar uns dias com a minha avó no interior. Seria bom ficar por lá naquela calma um pouco.
Não demorou e eu recebi uma mensagem da empresa dizendo que fariam o meu acerto hoje e eu deveria estar lá às duas da tarde. Ótimo, assim eu iria hoje mesmo para a casa da minha avó.
No horário marcado eu me apresentei na recepção e um segurança me acompanhou até a sala de reuniões da presidência. Não é possível que eles iriam me atacar de novo! Entrei e estavam todos ali: Flávio, Manu, Alessandro, Patrício, Virgínia, Rick, Taís, Nando, Melissa e até o delegado Bonfim. Respirei fundo e me sentei na cadeira que o Alessandro indicou.
- Sam, a Cat só não está aqui porque ela não sabe o que aconteceu. Você sabe que a gravidez dela inspira cuidados. – Alessandro falou com a voz mansa.
- Sr. Mellendez, por favor, vamos fazer o acerto o mais rápido possível. Ou será que eu devo responder a mais alguma acusação, já que temos dois delegados presentes? – Respondi cansada, não estava disposta entrar em um conflito hoje.
- Samantha, nós não somos mais amigos? – Alessandro perguntou suavemente e eu só olhei pra ele, mas não falei nada.
- Sam. – Melissa veio até mim. – Nós estamos preocupadas com você.
- Mel, vocês são as melhores amigas do mundo. Mas, seus namorados e maridos têm razão, eu não posso colocá-las em perigo. – Suspirei tentando controlar as lágrimas. – É melhor eu sair do grupo. Vou ter vocês no meu coração sempre. Assim que eu sair daqui vou pegar minha mala e vou passar uns tempos com a minha avó.
- Sem chance. – Melissa mudou completamente o tom de voz, assumindo a postura impositiva de sempre. – É mais fácil a gente largar esses idiotas do que você deixar de ser nossa amiga. E isso inclui a Cat, Mellendez!
- Ninguém vai largar ninguém, Mel. E a Sam não vai sair da empresa e nem vai passar uns tempos fora. – Alessandro falou calmamente.
- Samantha, eu fui um macho escroto. – Flávio se aproximou. – Eu fui um idiota, fui agressivo e eu não tinha o direito de te tratar daquele jeito. Eu errei. Eu estava nervoso e explodi com você, mas eu não tinha esse direito. Eu me preocupo com a Manu, mas eu me preocupo com todas vocês. Será que você consegue me perdoar.
- Não perdoa não, Sam! – Manu falou e ela estava nervosa. – Mas eu sei onde a sua avó mora, então eu vou te seguir, não quero nem saber, mas você é minha amiga e vai continuar sendo, querendo ou não.
Eu estava chorando de soluçar, mas ri com a determinação da Manu.
- E os outros dois idiotas, Rick e Patrício, não vão falar nada? – Taís deu um tapa na cabeça do Rick.
- Ah, não, a gente foi só idiota mesmo. – Patrício falou.
- Isso, continua de gracinha, bombom, que eu e a Manu estamos de malas prontas pra voltar pro Martinez. Ele já garantiu nossos empregos.
- Ruivinha, quê isso, você não pode me abandonar. – Patrício reclamou.
- Paga pra ver. – Virgínia o desafiou.
- O Heitor...? – Olhei pra Mel.
- Ele estaria aqui, mas precisou resolver uma coisa urgente com a mãe dele. – Melissa explicou.
- Sam, a gente não quer que você se afaste. – Alessandro segurou minha mão. – E muito menos que saia da empresa. Foi idiotice o que aconteceu ontem, não vai se repetir. Você precisa de proteção e nós vamos cuidar de você.
- Samantha, eu estava muito nervoso ontem. Mas hoje vou fazer o que deveria ter feito ontem. Eu até trouxe o Bonfim pra me ajudar. Nós queremos saber sobre as ameaças que você está recebendo e nós vamos investigar isso. – Flávio se abaixou ao meu lado. – Me perdoa?
Olhei bem nos olhos dele e vi que estava mesmo arrependido. Todos eles. Eu estava sensível demais, sobrecarregada e nervosa. Tudo foi uma combinação desastrosa. Não tinha porque não perdoá-los.
- Claro, Flávio. Vamos deixar isso pra lá. – Respirei fundo.
- Não, deixar isso pra lá nada. – Manu se empertigou. – Nós vamos fazer vocês entenderem que se agirem assim de novo vão nos perder.
- Eu já entendi, baixinha. – Flávio falou. – Sem ressentimentos, Sam?
- Sem ressentimentos, Flávio. Eu também peço desculpas, eu tenho andado muito nervosa, mas tem tanta coisa acontecendo. – Ele me deu um abraço e eu retribuí.
- Tanta coisa acontecendo e você não fala com a gente, Sam. – Taís reclamou. – Você não pode querer que a gente participe da sua vida só quando está tudo bem, nós amamos você, somos suas amigas, para o bem e para o mal.
- Não, Manu, você vai ficar onde está e você também Virgínia. – Falei depressa vendo que Virgínia ia se dispor a ir pra minha casa também. – O meu prédio é seguro, não se preocupem.
- Martinez não vai gostar disso. – Ouvi a Melissa resmungar, mas preferi não comentar.
Justo nesse momento o meu celular tocou. Eu não reconheci o número e atendi meio desconfiada, quando ouvi a voz do outro lado coloquei no viva voz e olhei para o Rick.
- O que você quer? Já falei pra não me procurar. – Falei irritada.
- Darling, eu sou persistente. Não vou desistir de uma beleza como a sua no primeiro não. – Reinaldo falou do outro lado da linha.
- Pare de me ligar ou eu vou denunciá-lo por estar me perseguindo. – Eu estava no meu limite emocional.
- Darling, está insinuando que eu sou um stalker? Ah, minha cara, não, sou apenas um homem que sabe o que quer. – Reinaldo falava com uma tranquilidade que me irritava.
- Já falei para deixá-la em paz, Reinaldo. – Rick falou antes que eu pudesse me manifestar.
- Ai, meu deus, o chatonildo de novo. – Reinaldo reclamou. – É sempre um desprazer falar com você Ricardo. Samantha, querida, te ligo depois. Beijos. – E encerrou a chamada.
- Esse homem é doido. Ele tinha sumido, porque voltar a me incomodar agora? – Reclamei.
- Deixa eu adivinhar, ele sumiu quando o Heitor viajou. – Alessandro falou.
- Agora que você falou, é isso mesmo. – Respondi.
- E voltou a te procurar quando o Heitor voltou de viagem. Ele quer usar você para atingir o Heitor. Esse crápula! – Alessandro estava mesmo irritado. – Bonfim, Flávio, agilizem aqui com a Samantha. Vou esperar na minha sala. Sam, o segurança volta a cuidar de você.
- Só se você quiser que eu o mate! – Respondi. – Não preciso de segurança. E não insista.
- Vocês são bem amigas mesmo. Uma pior do que a outra. – Alessandro saiu bufando.
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