“Samantha”
A situação com o Nando foi um estopim para toda a tensão que eu estava sentindo. Nos dois últimos dias eu recebi flores do pai do Heitor, com cartões fazendo convites. Eu pensei que esse homem me deixaria em paz, mas ainda está me importunando. Eu achei melhor ignorar e fazer de conta que não era comigo. Agora com essa situação do Nando, é que eu deixaria isso quieto mesmo.
Eu e o Heitor estivemos frente a frente por horas e ele nem me dirigiu a palavra. Eu havia mandado várias mensagens e ele nunca respondeu. Agora, ficaríamos todos na casa do Patrício, como ia ser isso?
Mas pra minha surpresa, o Heitor não foi para a casa do Patrício. Fiquei esperando e nada. Não era pra todo mundo ficar junto? Onde esse homem se meteu?
- Samantha? – Senti a mão do Rick em meu ombro. Eu estava olhando a janela há horas sentada naquela poltrona da sala.
- Ah, oi, Rick. Estava distraída.
- Eu percebi. Esperando o Heitor? – Meus olhos ficaram marejados com a pergunta. – Quer se abrir comigo? Eu sou um ótimo ouvinte.
- Eu exagerei, Rick? – Perguntei e ele sabia que me referia a tudo.
- Posso ser sincero? – Fiz que sim. – Foi mais do que exagerar. Foi cruel, Sam. Você dava esperança e no momento seguinte tirava.
- E o que eu faço agora? Ele nem suporta ficar perto de mim. – Lamentei.
- Agora você pensa, decide o que quer pra sua vida e espera.
- Esperar, Rick? Por quanto tempo?
- Quinze dias. O Heitor viaja amanhã a trabalho, vai ficar quinze dias fora. Quando ele voltar vai estar mais tranqüilo e vocês dois podem conversar. Ele não está aqui porque está se preparando para viajar.
Eu não conseguia mais impedir as lágrimas de caírem. Fui para o meu quarto e chorei como uma criança. Nos dias que se seguiram eu era só um corpo andando de um lado para o outro. Eu contava os dias para ele voltar.
Os dias passavam, não tão rápido quanto eu gostaria, na verdade, eles se arrastavam. Já tinha três semanas que o Heitor havia viajado, eu só podia pensar que talvez tivesse encontrado alguém interessante nessa viagem.
Durante as últimas três semanas eu não fazia nada além de ir de casa para o trabalho, estava evitando até as reuniões com as garotas. Convenci o Patrício que era seguro voltar para a minha casa, já que o segurança ficaria a minha disposição e isso fazia eu me sentir segura.
Mas no final da semana seguinte fui passar uns dias com a minha mãe e o meu padrasto e dispensei o segurança, não era necessário que ele ficasse comigo na casa da minha mãe e tampouco eu queria alarmá-la.
- Filha, finalmente veio ficar um pouco conosco! – Minha mãe me abraçou toda feliz. – Cadê o Heitor?
- Ai, mãe, é complicado.
- Vocês brigaram? – Sexto sentido de mãe não falha.
- É mais que isso.
- Então senta aqui e me conta tudo.
- Cadê o Joaquim?
- Saiu com o Vinícius. Nem sei o que foram fazer, mas não demoram a voltar.
- Nossa, tem tempo que não vejo o Vini.
- Ah, um rapaz tão bom. Mas, vamos lá, me conta do meu genro.
- Mãe... – sorri com lágrimas nos olhos e ela me abraçou.
Comecei a falar, contei tudo, cada detalhe. No final, minha mãe estava de boca aberta.
- Samantha, eu trabalho em uma indústria farmacêutica, você não deveria ter dado estimulante sexual pra ele, ainda mais sem ele saber. Ele poderia ter enfartado, Samantha! Isso é perigoso! – Minha mãe chamou minha atenção.
- Ah, mãe, eu agi sem pensar.
- É, e sem pensar deu um copo de veneno pra ele. – Minha mãe estava me repreendendo, o que era raro.
- Eu acho ótimo. Vamos escolher um filme. – Peguei o celular e começamos a olhar.
Escolhemos uma comédia e vinte minutos antes do filme começar já estávamos no shopping. Estávamos pegando a pipoca quando ouvi aquela voz familiar me chamar.
- Tia Sam! Nós estamos nos encontrando muito no cinema. – Enzo riu com aquele jeitinho divertido que ele tem.
- Mas você não sai desse shopping, Enzo! – Brinquei com ele.
- É verdade. O que vamos assistir hoje? – Curioso como sempre.
- Uma comédia. – Vini se virou e eu aproveitei para apresentá-los. – Ah, Enzo, esse é o Vinícius. Vini esse é o Enzo.
- Já ouvi falar bastante de você! – Vini o cumprimentou sorrindo e o Enzo foi educado e divertido como sempre.
- É, eu tenho uma reputação. – Enzo brincou. – É um prazer, Vinícius.
- Cadê a Luna, Enzo? – Perguntei vendo que ele estava sozinho.
- Está em casa. – Eu vim encontrar uns amigos, mas já estou indo ver minha gatinha. – Tia, você está bem? Eu queria te ligar, mas minha mãe disse pra mim e pra Clara pra dar um tempinho pra você e pro meu tio. Sabe que ele está viajando, né?!
- Eu sei sim. Ele ainda não voltou? – Perguntei o que eu já estava louca pra saber.
- Acho que volta essa semana. – Enzo coçou a nuca. – Olha tia, desculpa, mas acho que vocês precisam conversar. – Eu fiquei olhando pra ele. – Bom, eu já vou indo. Posso te ligar essa semana?
- Claro, meu bem, quando você quiser. – Enzo me deu dois beijinhos se despediu do Vini e foi embora.
- Gostei do garoto! – Vini comentou. – E acho que ele tem razão.
- É, ele tem razão. Mas agora vamos rir um pouco. – Puxei o Vini para a sala de cinema.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque