“Melissa”
Já faz uma semana que eu estou nessa sala de arquivo, já estou até me sentindo arquivada, empoeirada e obsoleta. O pior é que parece que isso vai demorar mais do que eu pensei. Mas, fazer o quê, trabalho é trabalho.
Estava suspirando de tédio quando meu celular tocou sobre a mesa e eu sorri vendo o nome brilhar na tela.
- Paizinho lindo! Que saudade! – Falei ao atender.
- Será que você está com saudade? Nem me liga! Semana passada não recebi nem uma curta mensagem da minha filhinha! Isso me magoa, Mel. – Meu pai fez um draminha básico como sempre.
- Ai, pai, é que eu estou muito ocupada no trabalho.
- O Martinez está te explorando? – Meu pai falou em tom de zombaria. – Ou ele é que está mandando em você?
- Não, pai, eu ainda mando nele! – Sorri. – Mas ele resolveu desencavar um dinossauro.
- Como assim?
- Ah, uma empresa da era das cavernas que vai voltar a ser cliente, mas todas as informações estão em papel e eu estou colocando tudo no sistema, como tem informações confidenciais, tenho que fazer sozinha.
- Nossa, sério? Eu achei que o Martinez tinha convertido tudo em arquivo digital quando assumiu. Que empresa é essa?
- Uma tal Financeira Monopoly.
- Ué, Mel, tem certeza que está fazendo a coisa certa? A Monopoly mudou de razão social faz uns vinte anos, passou a se chamar G9 Holding.
- Como é que é, pai?
- É isso mesmo. São uma gigante do mercado financeiro. Quando o fundador morreu os herdeiros trocaram o nome porque cansaram das piadinhas de outros empresários comparando com o nome do jogo de tabuleiro. Bom, não vou te atrapalhar, isso aí deve ser muito sério. Nos falamos depois filha, se cuida.
- Filho da puta! – Falei quando desliguei o telefone.
Esse cretino do Heitor me aplicou um castigo! A G9 era nossa cliente. Eu vou matar esse prostituto de merda! Fechei o notebook, juntei minhas coisas e saí puta da vida daquela sala de arquivo.
Quando cheguei na presidência a Julia me olhou já prevendo que o mundo ia desabar sobre a cabeça daquele idiota. Passei direto, joguei as coisas sobre a minha mesa e entrei como um furacão na sala dele. O infeliz estava cantando!
- PERDEU O JUÍZO, PROSTITUTO! – Já fui gritando e batendo a mão na mesa.
- Melissa, o que foi? Está tudo bem?
- Tudo bem o caralho, Martinez! O que você pensou que ia me manter naquele arquivo empoeirado por um mês? Anda, eu quero saber o que foi que passou nessa cabeça de gênio. – Eu queria arrancar a cabeça dele.
- Calma, Melissa. O que está acontecendo? – Ele falou com a voz calma.
- O que está acontecendo, seu cretino? Está acontecendo que hoje eu perco o meu réu primário! A G9, Martinez? Sério, imbecil? – Me debrucei sobre a mesa tentando pegá-lo e ele pulou pra trás, vi o medo nos olhos dele.
- Melissa, calma, foi só uma brincadeirinha! – Ele se levantou e começou a dar passos lentos em direção a porta.
- Brincadeirinha, seu puto? Brincadeirinha é colocar uma almofada de pum na cadeira. Me mandar pra porra de uma sala empoeirada é perder a noção do perigo!
- Melissa, calma, vamos conversar.
- Não tem conversa, Martinez! Eu vou arrancar as suas bolas e dar aos cães! – Eu via tudo vermelho, eu queria matá-lo! Peguei a tesoura sobre a mesa e caminhei para o lado dele.
- Mel, por favor, faço qualquer coisa que você quiser, mas se acalma e vamos conversar.
- Porra, Mel! Olha só, eu amo a Samantha! Amo demais! Nós estamos bem agora, por favor, não estraga isso. – Ele começou a implorar.
- Você sabe que eu vou te fazer sofrer por um tempo indeterminado, por causa desse seu trotezinho, não sabe?
- Caralho, Melissa, faz o que quiser, só não enche a cabeça da Sam com essas idéias de novo. – Ele jogou a cabeça sobre a mesa se dando por vencido.
- Você sabe que eu vou contar pra ela.
- Eu sei, só não dá idéia de castigo de novo, por favor!
- Tá bom. Não vou sugerir mais castigos, por enquanto. Mas ela vai ficar muito puta com você. – Ele só gemeu com a cabeça na mesa. – Agora eu quero uma coisa.
- O que é?
- Seu iate no final de semana!
- O QUÊ? MEU BEBÊ? NEM FODENDO! – Ele gritou como se tivesse sido ofendido.
- Bom, então já vou sugerir umas coisinhas pra Sam!
- Que merda, Melissa! – Ele bufou. – Vou mandar preparar pra você! Vai estar à sua disposição à partir de sábado de manhã.
- Não, à partir de sexta à noite. – Ele gemeu em sofrimento.
Ele morria de ciúmes daquele barquinho, eu ia pegar na segunda coisa que mais lhe doía, já que concordei a não colocar idéias na cabeça da Sam, que era o que mais lhe doía.
- Tudo bem.
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