“Samantha”
Heitor me puxou para dentro daquela casa e eu não podia acreditar no que meus olhos viam. Era uma casa linda e enorme, mas o que tomou de surpresa os meus olhos foi o que tinha dentro. Não haviam móveis, mas havia uma infinidade de rosas vermelhas, luzes em forma de velas e balões de coração no teto.
No centro da sala haviam tapetes felpudos em tons claros e muitas almofadas coloridas, em tons vibrantes e tamanhos variados, e uma mesa com morangos, bombons e um vinho no gelo. Heitor repetiu o gesto que teve em uma das nossas melhores noites. Ele era exagerado, clichê e dramático, mas dessa vez ele havia levado as coisas a um nível muito alto.
- De quem é essa casa? – Me virei pra ele, ainda impressionada com tudo aquilo.
- É a nossa casa. – Heitor se aproximou.
- Acho que eu não entendi. – Eu estava completamente perplexa com o que via, tanto que meu cérebro parecia inerte.
- Sam, comprei essa casa há uns cinco anos, antes dos pais do Alessandro morrerem. Meus amigos moravam aqui e eu pensei em ficar perto. Mas eu nunca levei adiante os meus planos de mudança, faltava alguma coisa nessa casa. – Heitor falou olhando nos meus olhos.
- Com certeza, faltam os móveis! – Falei cruzando os braços a frente do meu corpo e ele riu.
- Você sabe que isso não seria problema! – Ele suspirou antes de continuar. – Faltava a mulher da minha vida, aquela que me faria me sentir em casa.
- Mas você já conhecia aquela puta da Isabella! – Eu sei, não foi legal dizer isso, mas eu não consegui me controlar.
- Ela nunca foi a mulher da minha vida. – Ele olhava dentro dos meus olhos.
- Heitor o que você quer? – Perguntei ficando aflita.
- Quero você de volta e pra sempre. Quero você nessa casa comigo, esperando nossos filhos, criando memórias. Quero poder te mostrar todos os dias, que eu me arrependo e que eu não vou errar de novo com você. – Ele passou os seus braços ao meu redor.
- Heitor... – Tentei falar, mas ele me beijou, um beijo lento, calmo e que acabou rápido demais.
- Eu te amo, Sam. Me dá uma chance de ser melhor. – Seu tom era suplicante, seus olhos brilhavam com ansiedade.
- Eu não sei se consigo. – Abaixei a cabeça.
- E não vai saber se não tentar. – Vi em seus olhos uma fagulha de esperança.
- Posso ver a casa? – Perguntei com um pequeno sorriso e ele me deu um sorriso enorme.
- Ela é sua, meu rouxinol! – Heitor segurou minha mão e saímos explorando a casa.
Era um lugar lindo, cheio de janelas, moderno, piso de madeira clara. Não havia um só cômodo que não estivesse decorado com rosas, balões e velas. Isso tinha custado muito trabalho, porque a casa era realmente enorme. Levamos mais de uma hora percorrendo os cômodos e conversando sobre o lugar e as possibilidades de recomeçarmos.
Quando voltamos para a sala, onde ele havia arrumado o espaço com almofadas, ele me ajudou a me sentar, serviu o vinho e sentou ao meu lado, mexendo delicadamente no meu cabelo.
- Porque você arrumou esse espaço aqui na sala e não no quarto? – perguntei curiosa.
- Porque eu quero que você saiba que eu quero mais do que ter você na minha cama. Se eu tivesse arrumado um dos quartos, talvez você não entenderia que eu quero você inteira na minha vida e não apenas o seu corpinho delicioso. – Heitor sorriu levando a taça aos lábios. – E porque o nascer do sol aqui é espetacular!
- Isso foi inteligente. – Estreitei os meus olhos para ele. – Mas quem disse que eu vou ficar aqui até o nascer do sol?
- A esperança é a última que morre, Sam! – Ele sorriu meio de lado.
- O que você quer de mim, Heitor?
- Já disse, quero um recomeço. Quero você na minha vida pelo resto dos dias que eu ainda tiver, quero que você seja a mãe dos meus filhos, quero ser a pessoa que você quer ao seu lado, nos momentos difíceis e nos momentos bons. Quero que você me queira, quero ser o amor da sua vida. Porque você é o meu. – Eu cheguei a perder o fôlego com as palavras dele. – Respira, Sam!
- Eu aprendi a lição. Eu não cometo o mesmo erro duas vezes. – Heitor me garantiu com tanta veemência que eu não tinha como não acreditar.
- Por que você ficou com a Isabella? – Eu precisava saber de tudo.
- Sam, a Isabella é igual a Ana Carolina, uma praga que aparece em todo canto. Nós nos conhecemos desde sempre e, antes de você, ela aparecia e eu ficava com ela às vezes, mas sempre deixei claro que era só sexo, nunca dei esperança de nada mais. – Heitor já havia me falado sobre isso.
- Isso eu já sei, mas por que ficou com ela depois de mim? – Suspirei.
- Porque eu fui um idiota. E estava despeitado e magoado. Ela apareceu e eu só pensei que talvez voltar aos meus velhos hábitos seria melhor do que sofrer por uma mulher. Acho que eu queria proteger meus sentimentos. – Heitor estava sendo sincero eu não tinha dúvida.
- E você estava sofrendo?
- Eu estou sofrendo. – Ele deu ênfase a palavra ‘estou’. – Entre te mandar bilhetinhos idiotas no shopping e começar a namorar você, eu me apaixonei completamente. Nem sei explicar quando e nem descrever o que sinto, mas é um sentimento que queima como fogo em mim. Eu te amo, Sam. Por isso doeu tanto a provocação do Reinaldo, por isso eu fui idiota e despeitado, por isso eu não tive coragem de te enfrentar.
- Essa é a minha próxima pergunta, por que você não terminou comigo antes de ficar com ela?
- Porque eu não tinha coragem suficiente para agüentar ouvir você me dizer que ele é melhor do que eu e porque eu não suportava a dor de pensar que eu perdi você, tampouco queria ouvir as palavras de um término. – Heitor derramava lágrimas grossas.
- Ele nunca será melhor que você! – Garanti.
- Mas ele sempre me diz isso e me fez acreditar. – Heitor tinha o olhar perdido, talvez preso em alguma lembrança dolorosa.
O puxei para um abraço e senti suas lágrimas molharem o meu ombro. Aquele homem, grande e forte, senhor do seu próprio mundo, naquele momento era um garotinho que precisava de afago.
Perdi a noção do tempo em que ficamos assim, abraçados. Ele perdido em seus pensamentos e eu perdida em minhas dúvidas. Será que eu conseguiria perdoá-lo e curar essa dor da traição em meu peito?
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