“Samantha”
Depois da noite com as meninas eu estava me sentindo melhor. Conversei com a Catarina pela manhã e o Miguel já tinha confirmado o cinema comigo mais tarde.
Meu telefone soou em cima da mesa e quando atendi era da recepção, me informando que a Clara, sobrinha do Heitor, estava lá para me ver. Achei estranho e liberei a entrada dela. Catarina estava na minha mesa quando o elevador se abriu e lá de dentro saiu aquela menina linda, vestida com roupa de balé, de cabelinhos loiros presos em um coque com franjinha e imensos olhos verdes como os da mãe e do tio.
- Tia Sam! Eu estou com saudade de você! – Clarinha veio a mim com movimentos leves e graciosos.
- Meu amor, mas eu também estou com saudade de você! – A abracei e depois que nos soltamos falei: - Deixa eu ver, você está linda de bailarina!
- Obrigada, tia! Eu estava na aula e passei por aqui antes de ir pra casa. – Clara respondeu toda fofa.
- Vem, deixa eu te apresentar minha amiga Catarina. Ela é a namorada do Alessandro. – Clarinha cumprimentou Catarina com a mesma graciosidade.
- Tia, vim trazer isso pra você. – Clarinha me esticou uma rosa vermelha, um cartão e uma caixa de chocolates finíssimos.
- São do seu tio, Clarinha? – Perguntei vendo a Cat rir.
- São sim, tia. – Ela suspirou. – Olha, tia Sam, ele é um bobo, acho que você tem que castigá-lo, que nem a professora lá da sala faz quando algum dos meninos faz bagunça, mas depois você tira ele do castigo, porque ele gosta de verdade de você e meninos são bobos, tia.
- E por que você acha que ele gosta de verdade de mim? – Perguntei curiosa.
- Porque se não gostasse não teria aceitado as minhas condições para vir trazer isso pra você. – Catarina observava a cena rindo enquanto a Clara falava.
- E quais foram as suas condições? – Perguntei curiosa e a Clara se sentou como uma mocinha e cruzou as pernas.
- Ele me deu um tablet que eu estava querendo tem um tempão e minha mãe não quis dar. – Estreitei os olhos pra Clara. – Tá, ele também vai convencer a minha mãe a deixar eu ter um cachorro e vai me dar o cachorro e tudo pro cachorro e...
- Meu deus, ainda tem mais? – Catarina perguntou divertida.
- Lógico, o meu preço é do tamanho da besteira que meu tio fez. – Clarinha justificou e eu levantei a mão pra ela bater incentivando o que ela fez. – Ele também vai me levar ao shopping pra comprar umas coisinhas e vai pagar tudo.
- Menina, você arrasou. – Catarina afirmou rindo sentada ao lado da Clara.
- Mas minha mãe não pode saber que eu estou ajudando o meu tio, tá. – Clarinha confidenciou.
- Tá bom, Clarinha. – Falei e Catarina concordou. – Quer um chocolate?
- Não, tia, obrigada. Mas quero que você leia sei lá o que ele escreveu e responda pra ele, assim ele não desiste do acordo que fez comigo.
- Ah, eu tenho que responder? – Perguntei me divertindo.
- Tia, ele tem que achar que isso vai dar certo, ou não vai cumprir a parte dele no combinado comigo. – Clara argumentou e eu achei justo.
- Tá bom! Vamos ver o que o seu tio escreveu aqui. “Desculpa. A minha felicidade é você, não quero te perder”. – Fiquei olhando para o cartão.
- O que você vai responder, Sam? – Catarina me perguntou e eu pensei por um momento.
- Hum... já sei! – Peguei um cartão em minha mesa e escrevi.
Catarina pegou o cartão e leu, depois entregou a Clara que leu e arregalou os olhos.
- Nossa, você está deslumbrante! Não tem como te olhar e não sentir um friozinho na barriga. – Miguel falou e me deu um beijo no rosto.
- Ai, Miguel, você é muito gentil. – Entrei no carro e ele fechou a porta.
Nós havíamos combinado de assistir a um filme de ação que estava em cartaz com um ator que eu gosto muito. Miguel me deixava muito confortável e não ficava tentando forçar uma aproximação, então quando ele sugeriu esse filme eu achei ótimo, por não ser o clichê romance pra beijar a garota no cinema.
Miguel já havia preparado tudo, comprou os ingressos pela internet e até o combo de pipoca e refrigerante. Era só retirar no balcão. Estávamos pegando a pipoca quando fui chamada e eu sabia quem era, fechei os olhos já prevendo que o Heitor também estaria ali.
- Tia, Sam! Que coincidência! – Enzo me chamou e eu me virei lentamente.
Olhei ao redor, mas só vi o Enzo com a Luna e uma moça um pouco mais velha que eles.
- Enzo! Cinema em plena noite de segunda? – Achei estranho, pois era início de semana e a Hebe era rígida com as saídas dele.
- Pois é, tia, a Luna e a irmã dela me convidaram e como eu me saí muito bem nas provas, minha mãe resolveu me liberar pra um cineminha hoje com as meninas. – Enzo falou todo descontraído.
- Que bom! E o que vocês vão assistir? – Enzo me mostrou o ingresso. Eles já estavam com as pipocas nas mãos. – Olha, que coincidência, nós também vamos ver esse.
- Que legal, tia, então podemos formar um grupo grande. Cadê as garotas? – Enzo perguntou e procurou pelas meninas.
- Elas não vieram, eu vim com um amigo. – Falei e chamei o Miguel.
Miguel se virou e quase deixou o balde de pipoca e os refrigerantes caírem no chão. Ele parecia ter visto um fantasma.
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