“Melissa”
Mas hoje tem uma coisa me incomodando. As coisas estão complicadas desde que o Alessandro e a Catarina terminaram, estamos todos pisando em ovos e tentando ajudar nossos amigos a resolverem essa confusão e seguir em frente. E finalmente hoje as coisas entre o Alessandro e a Cat estão se resolvendo. Ela passou dois dias péssima em casa, mas resolveu voltar com o Alessandro e enfrentar as coisas, o que eu acho ótimo. Então eu deveria estar tranqüila, mas não estou, tem alguma coisa errada.
O Martinez anda impossível há muitos dias. Está nervoso, relapso, quase não fica no escritório. Eu estou dando um tempo pra ele porque acho que é por causa do pai dele, mas estou começando a desconfiar que tem algo mais.
A Samantha também está diferente. Ela jura que está ótima, parece muito animada com o fato da mãe dela se mudar e ela ficar com o apartamento, tem sido uma fortaleza para a Cat, cuida dela o dia todo no escritório, mas algo está diferente. Talvez ela só esteja cansada. Mas não sei. A tal surpresa que ela ia fazer pro Heitor eu nem sei se fez, ela não falou mais nada.
- Quer saber, ficar com dúvidas é que eu não vou! – Me levantei e fui até a sala do Heitor. – Martinez, tem um minuto?
- Claro, Mel, entra. – Heitor me respondeu olhando para o celular como se fosse um objeto que ele não soubesse o que é.
- O que foi? – Perguntei.
- O que foi o quê? – Ele me respondeu meio aéreo.
- Essa sua cara. – Apontei pra ele e me sentei.
- Ah, nada demais, só achei estranho receber uma ligação do gerente do Clube Social pedindo pra eu ir até lá.
- Ih, Martinez, andou se comportando mal, foi? – Sorri sabendo que o Clube Social só chama os sócios quando o assunto é infração a alguma regra.
- Sempre pensando o pior de mim, né, dona Melissa?!
- Claro, teu passado te condena! – Sorri pra ele.
- Hum. – Ele sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. – Diga, do que você precisa?
- Preciso saber o que está acontecendo. – Falei e vi o Martinez perder a cor.
- Do... do... hãm... do que você está falando? – Estava ali. Tinha algo acontecendo!
- Exatamente disso! – Apontei pra ele. – Que merda você fez?
- Melissa, eu... – Ele estava branco e nem sabia que palavras usar.
- Anda, Martinez, desembucha. – Falei ríspida e ele tremeu.
Mas ele foi salvo pelo gongo. A Julia entrou toda afobada na sala.
- Heitor, desculpe, mas seu pai está lá na recepção fazendo um escândalo. – A Julia falou e o Heitor passou a mão no rosto exasperado.
- Mas que grande merda! Quando esse inútil vai me deixar em paz? – Heitor estava muito irritado. Pegou o telefone e discou um ramal. – Mande dois seguranças subirem com o Sr. Reinaldo até a minha sala. Não é para ir a nenhum outro lugar, é direto para a minha sala.
Heitor desligou o telefone e olhou nos meus olhos irritado. Respirou fundo e voltou a falar:
- Você acha pouco, Melissa? Esse homem é odioso! – Ele tentava controlar a respiração e se acalmar. – Se você e a Julia quiserem se retirar para não encontrá-lo, fiquem à vontade.
- Não, Martinez, eu vou te ajudar a chutar a bunda dele. – Falei e segurei sua mão.
Não demorou para os seguranças chegarem com o Reinaldo Martinez esbravejando. Heitor o recebeu na recepção e pediu aos seguranças para que ficassem perto.
- O que você quer agora, Reinaldo? – Heitor perguntou e percebi que precisou reunir muita calma pra isso.
- Você sabe o que eu quero, seu moleque! – Reinaldo cuspiu com raiva pingando em sua voz.
- E eu já disse que não vou te dar. – Heitor respondeu simples e direto.
- Eu vou esmagar você, seu moleque atrevido. Sempre me desafiando, sempre se metendo, sempre se achando melhor do que eu, mas você não é! – Reinaldo falava e eu nunca tinha visto ninguém tão mesquinho na minha vida. – Eu vou tirar tudo de você e eu já comecei. Ele deu um sorriso demoníaco.
- Do que ele está falando, Heitor? – Perguntei.
- Nada importante. – Heitor respondeu simplesmente. – Faz um favor pra todo mundo e vai embora, seu cretino!
Os seguranças pegaram o Reinaldo, um em cada braço e o tiraram dali. Julia vinha da copa com uma garrafa de conhaque e quatro copos.
- Chá não vai ser suficiente para acalmar os ânimos aqui. – Julia falou comigo e caminhamos juntas para a sala do Heitor.
- Podemos entrar? – Perguntei colocando só a cabeça pra dentro. Os dois irmãos estavam sentados no sofá abraçados e fizeram sinal para que entrássemos.
- Vamos, garotos, uma dose disso aqui para cada um e a calma vai ser restabelecida. – Julia falou enquanto servia as quatro doses de conhaque.
Cada um pegou um copo, brindamos e todos viramos de uma vez a bebida. Julia serviu mais uma dose pra cada e se sentou. Hebe começou a rir, nitidamente de nervoso, mas foi impossível não acompanhar a risada dela. E rir nos fez bem naquele momento, junto com a bebida, dissipou um pouco a tensão.
- Melissa, obrigado! Você foi maravilhosa. – Hebe falou e esticou a mão para segurar a minha.
- Eu lamento muito que vocês tenham passado por isso, Hebe. – Falei sinceramente.
- Obrigada. Mas foi melhor assim, eu finalmente ver o tipo de pessoa que ele é. Corria o risco de eu ter feito o que ele queria. – Hebe lamentou. – Desculpe, irmão, pode cortar a mesada dele se quiser.
- Não se desculpe, minha irmã. – Heitor segurava a mão dela. – Mas eu não vou cortar a mesada, não ainda, não somos como ele, como a Melissa bem disse.
Me partiu o coração ver a tristeza dos dois. Mas eles iam se recuperar, eram boas pessoas e estavam cercados de amor e bondade.
- Hebe, o que você veio fazer aqui? – Heitor perguntou.
- Falar com você, mas vamos deixar isso pra depois, não tenho condições agora. – Hebe pediu.
- Tudo bem. Irmã, eu fui chamado no Clube Social, está sabendo de alguma coisa? – Heitor perguntou e Hebe negou com a cabeça. – Bom, preciso ir, quer que eu ligue para o Edu vir te buscar?
- Hum, não precisa, meu motorista está lá embaixo. – Hebe falou virando o último gole do conhaque. – Vou descer com você.
Nos despedimos e eles se foram. Quando entraram no elevador olhei pra Julia que parecia cansada.
- O bagulho é louco, Julinha! – Falei e ela começou a rir.
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