“Samantha”
Eu estava muito preocupada com a Catarina. Com a notícia de que a Ana Carolina estava grávida do Alessandro a Cat ficou péssima, claro. Trabalhei o dia todo fazendo a troca do escritório do Rick e da Cat, que agora iria assessorar o Patrício.
Minha mãe havia convidado o namorado dela, o Heitor e o Enzo para jantar conosco no sábado, o apartamento estava finalmente organizado, e minha mãe estava empolgada para receber uma visita, mas as meninas não quiseram ir, a Cat disse que estava muito triste e não queria estragar o momento da minha mãe.
O Joaquim foi o primeiro a chegar e estava me contando que o seu filho mais velho tinha acabado de romper o noivado, pois a noiva estava em dúvida se realmente queria se casar.
- E como ele está, Joaquim? – Perguntei me solidarizando com a situação que devia ser péssima.
Joaquim trabalhava com minha mãe na empresa de produtos farmacêuticos. Era um homem negro e alto, muito gentil e tratava a minha mãe como uma rainha. Ele era viúvo e tinha três filhos, duas mulheres e um homem. As mulheres já eram casada e o rapaz, Vinícius, era médico e estava de casamento marcado, mas sofreu essa desilusão.
- Ah, Sam, sabe que eu acho que ele está até bem? Mas se enfiou no trabalho, um plantão atrás do outro. Eu fico preocupado, mas não quero invadir a privacidade dele. – Joaquim me explicou.
- Eu acho que você faz bem. Talvez trabalhar um pouco mais seja bom pra ele nesse momento. – Tentei amenizar sua preocupação.
A campainha tocou e fui atender, era o meu namorado e o nosso quase filho, como o Heitor vinha dizendo ultimamente. Eles chegaram animados, Enzo trazia um cesta enorme de chocolates e Heitor trazia duas garrafas de vinho e flores.
- Tia, sua linda! Eu senti sua falta essa semana. – Enzo foi logo dizendo.
- Sobrinho, seu fofo! Eu também senti sua falta. – Respondi dando um abraço nele. – E essa cesta linda, é pra mim?
- De jeito nenhum, tia! Essa cesta é para a tia Perla, que teve a gentileza de me convidar para jantar, coisa que você não fez. – Enzo fingiu estar chateado e eu comecei a rir.
- Ah, é, esqueci que vocês dois estão íntimos agora. – Enzo entrou e eu abracei o Heitor.
- Desculpe, minha deusa, mas esses também não são pra você. – Heitor passou por mim e foi entregar as flores para a minha mãe.
- Bando de bajuladores! – Falei e eles riram.
Tivemos uma noite maravilhosa. Heitor, Enzo e Joaquim se deram muito bem e o Enzo estava muito curioso sobre a indústria farmacêutica, fazendo milhares de perguntas. Acabamos aceitando o convite do Heitor para passar o domingo no mar no iate dele e o Enzo ficou mais do que empolgado por poder convidar a namorada.
Depois do jantar peguei minhas coisas para passar o restante do fim de semana na casa do Heitor. Joaquim havia planejado algo especial pra minha mãe com a minha ajuda. Eu ficava muito feliz em ver que minha mãe tinha uma pessoa especial na vida dela, ela merecia muito e o Joaquim era um homem muito bom.
Tivemos um domingo incrível e muito divertido, a namoradinha do Enzo era uma menina linda e meio tímida, mas se encantou com a minha mãe. Quando a deixamos em casa no início da noite os pais nos agradeceram e elogiaram muito o Enzo.
- Ah, fiquei orgulhosa! – Falei quando entramos no carro. – Nosso quase filho é um cavalheiro, Heitor!
- Estamos fazendo um bom trabalho com esse menino. – Heitor riu e nós dois nos viramos para olhar para o Enzo no banco de trás.
- Deixa a minha mãe ouvir isso! Ela vai dar o sermão das doze horas de parto pra vocês. – Enzo riu.
- Sermão das doze horas de parto? – Perguntei sem entender.
- A Hebe ficou em trabalho de parto por doze horas antes desse moleque nascer, aí ela usa isso sempre que alguém o elogia, mas principalmente quando o pai dele recebe algum elogio pelo filho. Ela diz que ela carregou por nove meses e que ela sentiu as dores do parto, então tudo o que ele é ou vir a ser é graças a ela e que ele deve amá-la como um tipo de divindade, mais do que possa amar qualquer outro ser vivo na terra. – Heitor ria enquanto falava e foi nos fazendo rir até chegar em casa.
Na segunda quando cheguei do trabalho eu estava exausta. O dia foi difícil, com a família Junqueira perseguindo a Cat. Notei que estava tudo muito calmo no apartamento. Tomei um banho e preparei o jantar antes da minha mãe chegar, estranhei a demora dela, geralmente não se atrasava tanto.
- Mãe, até que enfim. Você demorou hoje. – Falei da cozinha quando ela entrou.
- Ah, filha, desculpa, é que passei lá na nossa antiga casa para pegar uma encomenda que chegou lá e a vizinha recebeu pra mim. E tinha uma carta pra você também. Vou deixar aqui em cima do aparador perto da porta e vou tomar um banho rapidinho.
- Não, mãe! Eu te amo e quero a sua felicidade. E eu já sou adulta e você não tem que se preocupar comigo. Acho que você deveria ir morar com o Joaquim.
- Mas eu não quero te deixar sozinha.
- Mas eu acho que essa experiência de morar sozinha pode ser boa pra mim.
- Você ficaria bem?
- Claro que sim! E iria te visitar muito.
- Eu vou pensar então. – Minha mãe sorriu.
- Achei que você já estivesse pensando?
- Eu estava pensando em recusar. Agora posso pensar em aceitar. – Ela sorriu e segurou a minha mão.
Quando fui me deitar peguei a carta que queimava debaixo do meu travesseiro. Depois de abrir eu comecei a chorar ao ler o que estava escrito.
“Tic Tac. O tempo está passando, Samanthinha! E você não veio me visitar. Eu não vou demorar a sair, e quando sair você vai se arrepender do que fez comigo. Você vai voltar pra mim e vai implorar todos os dias pela sua vida!
Seu amor, Rômulo”
O conteúdo não era muito diferente da primeira carta que continha uma ameaça para que eu fosse visitá-lo. Mas receber uma segunda carta me deixou com medo de que ele fosse cumprir suas ameaças. Decidi que no dia seguinte eu falaria com o advogado e pediria que ele não contasse para a minha mãe. Talvez ele pudesse fazer algo para me ajudar.
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