“Heitor”
Tive uma noite espetacular com a minha deusa. Samantha é linda demais e muito gostosa. Essa mulher virou meu mundo de pernas pro ar. Eu estava inseguro sobre os brinquedinhos, mas a reação dela foi maravilhosa, tanto que quando fomos dormir os primeiros raios de sol já entravam pela janela.
Fiquei com pena de acordá-la, mas nós havíamos confirmado ir ao almoço de domingo na casa da minha irmã. Só que eu não tinha a menor vontade de ir, tinha algo me incomodando. Contudo, eu já havia marcado e não poderia furar com a Hebe.
Chegamos e fomos recebidos pelo Enzo que veio todo sorridente abraçar a Samantha e assumiu a função de apresentá-la ao restante da família como se fosse o acompanhante dela. Ô moleque abusado!
Samantha e Hebe se entrosaram e rapidamente engataram uma conversa sobre moda, a minha sobrinha prestava atenção como se estivesse encantada pela Sam. Meu cunhado Eduardo e eu falávamos de negócios, ele tinha uma rede de supermercados espalhados por todo o país. O clima era leve a agradável. Até ouvirmos a voz do Enzo em uma reclamação.
- Ah não! De novo! – Enzo olhava para a porta e com cara de poucos amigos.
- É bom vê-lo também, meu querido neto! – Meu pai entrou como se fosse o dono da casa.
Olhei para a Hebe e sua cara de culpa a delatou. Ela tinha preparado uma armadilha pra mim e pelo visto nem o marido dela sabia, já que ele também não era um fã do meu pai.
- Que bom ver meus filhos e netos reunidos. – Meu pai falou como se fosse um pai exemplar.
- Não acredito que você armou essa pra mim, Hebe. – Reprovei minha irmã que, pelo menos, teve a decência de parecer constrangida.
- Heitor, sua irmã só fez a gentileza de reunir a família, não se comporte como um adolescente. – Meu pai me repreendeu e eu tive vontade de rir.
- Eu estou agindo como um adolescente, Reinaldo? – Perguntei debochado. – É você que vive pendurado entre jovenzinhas esbanjando o dinheiro que eu ganho. Sim, porque se tivesse deixado a empresa em suas mãos, você estaria pedindo esmola na porta de alguma igreja.
- Mais respeito comigo, moleque. Eu sou o seu pai! – Meu pai gritou.
- Se lembrou disso agora? – Falei com ironia. – Vamos embora, Sam.
- Heitor, por favor, pelos seus sobrinhos, fica. – Hebe colocou as mãos em meus ombros. – Eu quero que meus filhos convivam com a família, com toda a família. É só um almoço.
- Heitor, eu melhor do que ninguém sei como você se sente, mas faça esse sacrifício pela sua irmã. – Samantha falou e apertou a minha mão.
- Está bem. Mas depois nós dois vamos conversar Hebe. – Falei e minha irmã sorriu pra mim e foi cumprimentar meu pai.
- Mas e a bela jovem, quem é? – Meu pai se aproximou da Samantha e ela deu um passo atrás.
- É minha namorada, Reinaldo. Fica longe dela! – Rosnei.
- Namorada, é? Que novidade! – Meu pai sorriu e deu mais um passo em direção a Sam e eu entrei em sua frente. – Está com medo que ela prefira o seu pai? – Ele falou e me olhou com um desafio no tom da voz.
- Não ouse! – O alertei.
Ninguém sabia, mas fui eu quem apresentou ao meu pai a garota pela qual ele deixou minha mãe. Nicole tinha vinte anos e nós havíamos nos conhecido em uma festa e saído algumas vezes. Eu estava apaixonado e falei sobre ela com meu pai. Eu tinha dezoito anos e ainda não sabia como o meu pai realmente era. Meu pai quis conhecê-la e marcamos um almoço. Uma semana depois Nicole terminou comigo e um mês depois meu pai deixou a família para ficar com ela.
Eu me sentia culpado pelo divórcio dos meus pais e me sentia um idiota por ter sido usado tanto por Nicole, quanto pelo meu pai, no fim ela era uma interesseira que viu mais potencial no meu pai do que em mim.
Pra piorar, meu pai tentou se justificar, disse que é da natureza do homem ter muitas mulheres e que isso é normal e aceitável, que mais cedo ou mais tarde o homem sente a necessidade de ter uma amante ou de ter uma vida mais livre. Que todo homem precisa buscar uma novidade na rua para não ficar entediado. Claro, meu pai é um porco escroto. Mas, depois disso, tive medo de me tornar como ele, um babaca com muitas amantes. Por isso, não me envolvia com ninguém, até a Samantha aparecer e tomar conta de cada um dos meus pensamentos.
Contudo, vê-lo ali, de frente pra ela e me desafiando, despertou algo ruim em mim e eu tive medo de passar por aquilo de novo, foi como se eu voltasse a ser um garoto de dezoito anos. Meu pai ria maliciosamente pra mim.
- Pai, o que o senhor quer beber? – Hebe sentiu a tensão e puxou o meu pai para se sentar ao lado do seu marido.
- Aquele single malte escocês de excelente qualidade que o seu marido faz questão de comprar pra mim. Não é genro? – Meu pai alfinetou o Eduardo que torceu o nariz.
- Eu ofereço sempre o melhor em minha casa, Reinaldo, mesmo para os cachorros. – Eduardo não sorriu.
A animosidade entre eles era de longa data, mais precisamente desde a festa de casamento, pois Eduardo pegou o meu pai agarrando a força uma das madrinhas no camarim da noiva, o que quase acabou com o casamento da minha irmã, e ele ainda teve que nos ajudar a abafar o escândalo e engolir a desculpa esfarrapada do meu pai de que estava bêbado. Depois disso muitas coisas aconteceram tornando a relação dos dois um campo minado.
O almoço foi servido e o meu pai se fez de centro das atenções. Implicava com todos, a única que tinha a sorte de ser ignorada era a minha sobrinha Clara. Mas o coitado do Enzo era alvo de todo tipo de piadinha e comentário maldoso que afirmava que ele é um filhinho de mamãe e que precisa virar homem.
Depois do almoço eu estava como um leão na jaula e chamei minha irmã de canto.
- Pelo amor de deus, Hebe, você não percebe o mal que esse homem nos faz? Eu não o suporto, seu marido não o suporta, seus filhos não o suportam. – Falei com a minha irmã.
- Heitor, ele é nosso pai. – Ela se limitou a dizer.
- Vai lá. O Enzo está querendo ir com você de novo... – meu sobrinho olhava como um cachorrinho esperando atenção.
- Por mim não tem problema, nós tivemos uma ótima semana e ele foi muito boa companhia. – Sorri para o meu sobrinho que sorria de volta com os olhos brilhando. – Se estiver tudo bem por vocês, o moleque é meu. – Meu cunhado riu.
- Acho que é melhor pra ele ir com você, já que não tem problema. Eu não gosto da forma como seu pai o está tratando. Depois eu me acerto com a sua irmã. – Meu cunhado falou. – Vai arrumar suas coisas, filho.
Enzo saiu correndo na minha frente. Quando cheguei próximo ao lavabo escutei a voz do meu pai. Ele havia encontrado a Samantha e a prendeu contra a parede. Ela estava com o rosto virado em minha direção e ele estava perto demais dela.
- Te garanto que eu sou muito melhor do que ele, me liga. – Ele estendeu um cartão pra ela.
- Sinceramente, você não pode ser melhor do que ele em nada. – Ouvi Samantha responder e o empurrar, caminhando em minha direção.
- Algum problema aqui? – Perguntei irritado.
- Nada com o que eu não possa lidar. – Samantha respondeu e me puxou pela mão. – Vamos embora, por favor?
- Vamos, só temos que esperar o Enzo. – Respondi.
- Eu tô pronto. – Enzo parou ao nosso lado segurando uma bolsa e uma mochila.
- Foi rápido. – Comentei.
- Eu já tinha deixado as minhas coisas arrumadas para o caso de eu precisar fugir desse senhor de novo. – Enzo justificou. – Ó, tio, só saio da sua casa agora depois que ele for embora.
- Ah, não sei não, Enzo, talvez a gente te adote! – Samantha brincou com ele e os dois saíram abraçados.
Fui até o meu pai e o alertei:
- Fique longe!
Mas é claro que ele ia querer medir forças comigo e não iria embora da cidade antes de me aprontar alguma coisa.
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