“Samantha”
Eu estava aliviada por ver minha mãe bem. Foi uma grande sorte o Enzo encontrar com ela, foi uma dessas coisas que ninguém consegue explicar e uns dizem que é sorte e outros dizem que é providência divina. Mas com certeza posso dizer que esse garoto me salvou de novo. Depois que eles contaram tudo o que aconteceu no shopping e que o Heitor confirmou que a Nicole que estava com a minha mãe era a mesma Nicole ex namorada dele, tudo fez sentido.
E agora estávamos a caminho da delegacia, a minha mãe, o Enzo, o Heitor e eu. Sinceramente eu só queria ir pra casa, mas o Flávio pediu que fôssemos até lá, então não tinha jeito.
- Heitor, por que o Flávio pediu que fôssemos até a delegacia? – Perguntei ainda não me conformando em não poder ir pra casa.
- Sam, você foi vítima de uma armação do Rômulo, um falso seqüestro é verdade, mas com nítido intuito de te obrigar a ir até ele. Além do mais, o celular da sua mãe foi furtado e usado pra isso. – O Heitor repetiu a mesma coisa, mas eu achava que ele estava me escondendo alguma coisa.
- Eu queria ir pra casa. – Falei fazendo bico.
- Samantha, você está parecendo uma criança fazendo birra. – Minha mãe me repreendeu e o Heitor sorriu com isso.
- É, tia, não corta o meu barato, eu nunca entrei em uma delegacia. – Enzo falou empolgado.
- Minha nossa, Enzo! Nem deveria estar tão interessado em entrar. Sua mãe vai me matar por isso, não sei como deixei você me convencer. – Heitor reclamou.
- Vai te matar nada, tio. Além do mais, fui eu que salvei a tia Sam, de novo, e eu que tenho que contar a história para o delegado. – Enzo estava se achando, não pude deixar de rir.
Chegamos à delegacia e estava bem mais agitada do que o de costume. Fomos levados direto até a sala do Flávio, que já nos aguardava.
- Olha ela aí! – Flávio se levantou e veio me abraçar. – Mulher, você dá trabalho, viu.
- Eu que o diga. – Heitor brincou.
- Sentem-se, preciso contar o que aconteceu. – Flávio falou e depois de cumprimentar um por um se sentou em sua cadeira. – Sam, depois que o Enzo avisou ao Heitor o que estava acontecendo, o Heitor me ligou e me contou tudo. Então nós verificamos pela escuta de qual torre de celular o sinal do Rômulo estava partindo e descobrimos que ele estava no Morro do Pipote. Eu já estava lá em uma outra operação e quando verificamos, descobrimos que o Rômulo estava no meio dos bandidos que estavam sob nossa guarda.
- O Rômulo foi preso? – Falei ansiosa, com uma pontada de esperança.
- Sam, houve uma troca de tiros e o Rômulo foi morto no confronto. – Flávio falou devagar e escolheu as palavras.
- Morto? – Perguntei enquanto processava a informação e o Flávio confirmou com um aceno de cabeça. – Não posso dizer que estou triste com isso. Eu sou uma pessoa horrível por estar aliviada?
- Não, Sam, você não é uma pessoa horrível. – Flávio riu. – Mas eu gostaria que você visse o corpo para termos certeza absoluta de que é ele. Nós achamos a identidade com ele e confirmamos pela foto, mas eu quero que você faça o reconhecimento. É um excesso de zelo da minha parte, mas eu gostaria de fazer isso. Você não vai ver sangue nem nada, vai até parecer que ele está dormindo. Você consegue?
- Claro, Flávio. Só me dizer onde e quando, não tenho problema nenhum de olhar pra esse defunto. – Por mim, até cuspiria na cara dele, que a essa hora estava queimando no inferno com certeza.
Quando chegamos a recepção o Enzo correu até mim, queria saber cada detalhe de como era tudo e me encheu de perguntas. Voltamos à delegacia e o Flávio tomou nossos depoimentos, mas não pôde devolver o celular da minha mãe, que agora era prova nos autos, pois mesmo o Rômulo estando morto o processo precisava ser enviado ao juiz para ser determinado o arquivamento.
- Agora precisamos dar um jeito nessa Nicole, ela está muito envolvida com os negócios do Sandro e estava ajudando o Rômulo. Lamento por não poder devolver seu celular, Perla. – Flávio se desculpou mais uma vez por não poder devolver o celular.
- Não se preocupe, Flávio, amanhã eu compro outro e pronto. – Minha mãe falou despreocupada.
- Amanhã nada! Daqui nós vamos direto ao shopping comprar um celular pra você. – Falei decidida.
- E vai ser presente meu, sogra. – Heitor confirmou.
- Ainda bem que vamos ao shopping, eu estou morrendo de fome! – Enzo se manifestou nos fazendo rir.
- Enzo, você está sempre com fome, como não engorda? – Perguntei achando graça.
- Tia, eu estou em fase de crescimento e pratico muita atividade física. Faço natação, judô e musculação. E nos finais de semana pedalo com meu pai. – Enzo realmente tinha uma agenda cheia de atividades.
No fim da noite eu estava cansada, mas pela primeira vez em muito tempo eu estava realmente aliviada e tranquila, o Rômulo já não podia mais me fazer mal.
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