“Samantha”
Eu estava cada vez mais nervosa. A medida que o carro avançava em direção ao meu destino eu me sentia mais desamparada, com medo e angustiada. O motorista do taxi, um senhor muito gentil inclusive, me observava pelo retrovisor, sem tirar os olhos do trânsito, e dirigia devagar sem pressa, talvez pela idade, tomava cuidado para não causar um acidente.
Meu telefone tocou e eu o peguei na bolsa, era o Enzo, eu não podia atendê-lo agora, não conseguiria. Mas ele insistiu. Ele sempre insistia e eu sempre atendia. Pensei bem e se não o atendesse, levantaria suspeitas. Claro que o Michel já deveria ter voltado para a empresa, mas provavelmente pensou que eu estivesse em outro setor e não estaria alarmado ainda. Talvez ainda estivesse me procurando dentro da empresa. Assim, era melhor eu atender o Enzo.
Quando ele me disse que estava com a minha mãe, eu não podia acreditar, então ele a colocou na linha comigo e eu ouvi a voz dela. Eu não consegui me conter mais, comecei a chorar e expliquei que o Rômulo me ligou do celular dela. Só quando ela me disse que o celular sumiu foi que entendi que ele blefou, ele estava com o celular dela, mas não estava com ela.
- Senhorita, posso retornar para o nosso ponto de partida? – O motorista do taxi me olhava atento pelo retrovisor e perguntou quando desliguei o celular.
- Pode sim, moço, por favor, vamos voltar. – Respondi sem conseguir parar de chorar.
- Graças a deus! – Ele comentou. – Eu sabia que tinha alguma coisa errada, o endereço que a senhorita deu, não é lugar para alguém como a senhorita. Eu estava até indo bem devagar para dar tempo da senhorita se arrepender.
- O senhor é muito atencioso. Como percebeu que havia algo errado? – Respondi querendo que ele continuasse conversando comigo para me acalmar.
- Filha, eu tenho trinta anos de praça, isso provavelmente é mais do que a sua idade, já vi muita coisa. – Ele respondeu enquanto fazia o retorno. – Alguém vai encontrar a senhorita lá na hora que chegarmos?
- Sim, minha mãe. – Respondi sentindo o alívio tomar lugar no meu coração.
- Então vou acelerar para chegarmos mais rápido. – O motorista me deu um sorriso acolhedor.
Meu telefone voltou a tocar e era o Heitor, desesperado. Eu me senti culpada por fazê-lo se sentir assim.
- Samantha, fala pra mim onde você está? Você está bem? – Heitor falou desesperado quando atendi a ligação.
- Eu estou bem, Heitor. Estou em um taxi, com um motorista muito simpático, voltando para a empresa. – Respondi tentando acalmá-lo.
- Em quanto tempo você chega? – Heitor perguntou aflito.
- Uns dez minutos. – Calculei vendo onde estava.
- Estarei te esperando lá! – Heitor suspirou. – Minha deusa, não faz isso comigo de novo. Eu não posso perder você.
- Me desculpe. – Me senti mais do que culpada por fazê-lo sofrer.
- Chegue depressa e bem.
Nos despedimos e o motorista ia dirigindo apressado entre os carros, nem parecia aquele senhor que dirigia calmamente antes. O celular chamou de novo e era o Enzo outra vez, dizendo que não desligaria até que nos encontrássemos.
Chegamos à empresa e o Heitor, o Michel e mais quatro seguranças me aguardavam na porta. O taxista me ajudou a descer do carro e se recusou a cobrar a corrida. Ao se despedir, me alertou para não cair em armadilhas.
O Heitor correu em minha direção e me abraçou apertado. Deixei as lágrimas caírem do meu rosto enquanto sentia o conforto dos seus braços em torno de mim. Dentro da empresa já me esperavam minha mãe e o Enzo. Quando vi minha mãe, me joguei em seus braços.
- Filha, graças a deus você está bem. – Minha mãe me apertava em seu abraço, assim como o Heitor.
- Mãe, eu pensei que ele ia te matar. – Lamentei.
- Me desculpem, mas eu tive medo pela minha mãe. – Tentei me justificar.
- Eu te entendo. Passei por algo semelhante, lembra?! E sair sem avisar foi a pior coisa que fiz. – Lembrou Catarina, se referindo a quando foi seqüestrada.
- Você tem razão, eu não pensei. Mas o Enzo estava de prontidão para me salvar de novo. – Sorri pra ele.
- É, acho que sou o seu anjo da guarda. – Enzo riu e piscou pra mim.
Meia hora depois a empregada do Patrício enviou a foto pelo celular. Minha mãe e o Enzo observaram a foto e o Enzo reconheceu a Nicole.
- É essa aí mesma, está mais velha e peituda, mas é ela. Ainda se veste de periguete. – Enzo olhou para o Heitor e riu. – Ainda bem que seu gosto melhorou, né. Que mulherzinha esquisita essa tal de Nicole.
- Quando a gente é jovem faz muita besteira, moleque. – Heitor tentou se defender.
- Ah, não, tio, eu não faço besteira. A Luna é uma gatinha e super gente boa e se veste bem. – Enzo riu e ele tinha razão.
- Você teve sorte, Enzo! – Patrício decretou, como quem também, já tivesse feito besteira na juventude.
Começamos a rir. O celular do Heitor chamou e ele ouviu o que diziam do outro lado da linha, soltando um suspiro de alívio.
- Entendi. Estamos a caminho, Flávio. Obrigado! – Heitor desligou o celular e olhou pra mim. – O Flávio pediu que fôssemos à delegacia.
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