“Reinaldo”
Eu estou me perguntando até agora como foi que o idiota do Heitor conseguiu chegar naquele hotel. Quando a Samantha entrou eu tive certeza de que ela esperava se encontrar com ele e só pelo fato dela estar ali eu tinha certeza de que ela não havia falado com aquele idiota. Mas de alguma forma ele descobriu e estragou meus planos.
E não foi só isso, ainda por cima chegou acompanhado daquele delegado brutamontes que já chegou me enquadrando. Nossa a mão daquele delegado é muito pesada, o soco que ele me deu no rosto ainda estava doendo.
Eu só queria minha noite de prazer com a Samantha e não estava disposto a dividir minha primeira vez com ela com aquele bandidinho do Rômulo. Eu fiz um trato com ele, mas eu não estava interessado em esperar até que ele tivesse vontade de me deixar foder aquela gostosa, então dei meu jeito, descolei um dinheiro emprestado com o Rubens e coloquei meu plano em prática. Me lembrei do almoço na casa da Hebe e da Samantha contando que o Heitor fazia surpresas românticas e sempre lhe dava rosas vermelhas, uma cafonice medonha! Mas foi útil, porque ela caiu na minha armadilha e eu teria conseguido o que queria, se aquele idiota do Heitor não tivesse chegado para me atrapalhar.
Agora estou aqui, preso nessa cela fedorenta há dias e nem consegui o que eu queria. Pelo menos o outro delegado cumpriu a lei e chamou o meu advogado. Vamos ver o que o Rubens vai fazer dessa vez para me tirar daqui. Já estou preso há tempo de mais, quase uma semana, já deu pra mim.
- Velho pervertido, seu advogado chegou. – Um policial se aproximou da cela e me chamou.
- Me trate com respeito, seu moleque! – Fiquei puto, agora todo mundo me chamava de velho.
- Respeito? Você sabe onde você está e o que fez pra estar aqui, e ainda quer respeito? Abusa muito que rapidinho sua fama de Jack vai correr na tranca e você vai ficar com saudade de mim. – O policial falou em tom de ameaça.
- Jack? Que diabos é Jack? – Perguntei confuso. Esse meio de polícia e bandidagem parece ter um dialeto próprio, às vezes é difícil entender.
- Jack é estuprador na gíria da cadeia, seu pervertido almofadinha. – O policial riu. – Agora vira de costas e coloque as mão pra trás.
- Eu não vou me virar, não obedeço analfabetos que não tem onde cair mortos como você. – Respondi para aquele folgado. Ele estava me provocando desde o dia em que vim parar aqui.
- Tudo bem, então você não sai dessa cela pra falar com seu advogado. – Ele respondeu todo satisfeito.
- Isso é direito meu, você não pode impedir. – Reclamei.
- Mas é você quem está se negando a sair da cela. – Ele falou com a maior ironia na voz.
- Eu não estou me negando a sair. – Reclamei.
- Se você se nega a cumprir os procedimentos de segurança, você está se negando a sair da cela. Algemar você é procedimento de segurança. Então você decide. – O policial estava se divertindo as minhas custas.
Me virei e coloquei as mãos para trás. O imbecil me algemou e puxou as algemas, fazendo minhas costas baterem contra a grade.
- Entenda uma coisa, Jack – ele frisou a palavra Jack –, no momento em que você caiu aqui, você alugou a bunda e quem aluga a bunda, não escolhe onde senta, portanto, você não tem mais vontade, agora nós mandamos em você. Pervertido do caralho!
Ele me levou para fora da cela, sem nenhuma gentileza, até uma salinha onde tinha uma mesa e duas cadeiras e o Rubens estava me esperando. Então ele me colocou sentado sem soltar as algemas. Quando ele estava quase saindo eu perguntei se não tiraria as algemas e ele riu e disse que só seriam tiradas quando eu estivesse de volta na cela. Minha vontade era de matar esse policialzinho de merda.
- Relaxa e para de se apegar a detalhes, Reinaldo. Esse é o procedimento. – Rubens falou sério.
- Você está me devendo um bom dinheiro, Reinaldo e seus processos ocuparão muito do meu tempo, o que vai custar mais um bom dinheiro. Como você vai me pagar?
- Minha nossa! Mas quanta mesquinharia! Eu aqui nessa situação delicada e você preocupado com questões menos importantes.
- Menos importantes não, Reinaldo. Eu não faço caridade. Se você não me pagar eu não vou fazer a sua defesa.
- Você não é meu amigo, Rubens?
- Amigos, amigos, negócios à parte. Não brinco com dinheiro e não fico no prejuízo. – Ele me olhava parecendo irritado.
- Que mesquinho! Procure o Heitor e fale com ele, com certeza ele cobrirá essa dívida, não vai querer o nome da família correndo por aí como caloteiros.
- Está bem, vou procurar o Heitor, mas se ele não pagar, eu não vou fazer sua defesa.
- Ele vai pagar, Rubens, você conhece o Heitor melhor do que eu. Agora me diz, o que você vai fazer pra me tirar daqui. – Insisti.
- Porra, Reinaldo! Já falei que não vai ter jeito dessa vez, você vai responder preso. Mas vamos fazer o seguinte, vou pedir ao delegado um prazo para ler suas acusações e me preparar antes do seu depoimento, e tentar que você fique aqui na delegacia enquanto eu tento outro habeas corpus, mas não crie expectativa. – Finalmente ele falou que faria alguma coisa. – Ficar aqui na delegacia é menos ruim do que ir para o presídio. É uma manobra fora dos padrões, mas você está fora dos padrões e como seus crimes podem lhe colocar em situação de risco no presídio, talvez eu consiga isso.
- Já é alguma coisa. – Bufei mal humorado.
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