“Nicole”
Mas o Reinaldo é um idiota mesmo! A gente tinha um plano, por que ele não pode seguir o plano? E quem é essa doida que está batendo nele como se ele fosse um boneco de pano? Droga, os seguranças! É melhor eu ir lá e salvar o donzelo. Arranquei o carro, parei em frente onde ele estava e buzinei, o idiota conseguiu se soltar daquela doida e entrou no carro.
- Acelera, Nicole! Acelera, que essa maluca não foi vacinada! – Reinaldo estava ofegante, descabelado e com o Nariz quebrado. Eu não me agüentei e comecei a rir.
- Cara, quem é essa maluca? – Eu não me agüentava de rir.
- Essa é a Melissa Lascuran, filha de um ricaço e assessora do seu queridinho Heitor.
- Filha de um ricaço brigando como se tivesse cumprido pena? Quando a gente acha que já viu de tudo... Ela te deu uma bela surra. – Ri da cara de desgosto dele se olhando no espelhinho do quebra sol do carro.
- Essa vadia quebrou o meu nariz! Anda, me leva pra um hospital. Um mais afastado, que é pra passar despercebido.
- Porra, Reinaldo! Por que você não seguiu o plano? Era pra gente esperar o Heitor e você fingir que estava me agarrando a força, ele ia ficar louco da vida com você e eu teria a oportunidade perfeita de conquistá-lo, me fazendo de frágil e agredida.
- Darling, eu adoro irritar o meu filho, mas estou entalado com essa doida faz tempo, queria dar uma lição nela, só não contava que ela era uma doida varrida barraqueira e tivesse a mão tão pesada. Aiii... – Reinaldo gemeu ao passar os dedos no lábio cortado.
- Posso saber por que você quer dar uma lição nela?
- Porque ela interferiu num assunto meu e me colocou pra fora da empresa. – Dava pra sentir o ressentimento na voz do Reinaldo.
- Pois olha, ela é mais macho que muito homem, inclusive você! – Tive que rir. Não podia negar, a tal Melissa era interessante.
- Ela é um cachorro louco indócil e não vacinado, isso sim! – Reinaldo falou furioso.
- Mesmo assim, você deveria ter seguido o plano. – Eu estava bem puta com ele.
- Ah, tá, tá. A gente volta e segue seu planinho adolescente outro dia. Agora vai, me leva para um hospital.
Mas eu não me conformava, seria perfeito. O Reinaldo me agarraria no estacionamento supostamente à força, como ele tanto gosta de fazer com as garotas que o dispensam, o Heitor veria e não resistiria a me defender das garras do papai, afinal uma coisa eu não tenho dúvida, ele odeia o pai mais do que qualquer outra coisa no mundo. Aí ele me salvaria e eu teria chance de seduzi-lo, bancando a frágil e indefesa. Ele não resistiria ao meu charme.
Mas esse puto do Reinaldo tinha que estragar tudo. Como sempre faz, aliás. Não foi a primeira vez que ele fodeu com meus planos. Quando deixei o Heitor pra ficar com ele, não imaginei que ele fosse um inútil e que largaria todo o patrimônio e a empresa com o Heitor. Ele disse que não teve escolha, pois a tal Haydèe o pressionou com sei lá o quê. Mas o caso foi que, além dele ter limitado a minha vida a uma pensão que mal dava para a vida de luxo que eu merecia levar, ele ainda tinha tempo de sobra pra ficar no meu pé. E ele é um chato, um chaaatooo, insuportável. Ele se acha fodão demais, mas é só um coroa chato, que mete mal pra caralho e ainda é folgado. Só aguentei ficar com ele por um ano, e agüentei esse tempo todo porque ele arrumava umas putinhas pra comer e me dava um pouco de paz.
Agora estou aqui, aturando esse chato de novo, mas só porque é conveniente pra mim, assim que eu não precisar mais dele o Sandro manda fazer o serviço e ele vai comer grama pela raiz!
- Vou te levar naquele hospital pequeno que tem lá perto do apartamento. Lá é discreto. Não é o melhor, mas é de graça e ninguém vai te reconhecer. O advogado do meu irmão falou que o juiz deu o mandado de prisão, você tem que ficar esperto.
- Tá, tá, já sei. Que merda, hospital público. Meu nariz vai ficar torto. – Esse chato só reclama, quem mandou mexer com quem não devia.
Chegamos no hospital e uma enfermeira que eu conhecia estava de plantão pra nossa sorte. Falei com ela, dei um dinheirinho e ela colocou o Reinaldo num canto lá pra ser atendido sem registrar e foi chamar o médico. Estávamos ali esperando, era uma emergência e os leitos eram separados por cortinas nas laterais, mas a da frente estava aberta.
- Nick! Nick! Fecha a cortina depressa. – Reinaldo abaixou a cabeça e olhou pra mim.
- Fecha você! – Falei sem nenhuma intenção de me levantar da cadeira no canto do lugar.
- Fecha essa porra logo, Nicole. Aquela mulher me conhece!
- Que mulher? Olhei em volta e tinha três mulheres por ali.
- Está sim. Vai ficar. – Sorri. – Eu estou passando um tempo com ele, já que fiquei desempregada, mas as coisas estão meio ruins.
- Sei como isso é. O que você fazia antes?
- Eu era secretária de um dentista. Mas ele morreu e fecharam o consultório.
- Nossa! Que pena!
Meia hora depois eu já estava bem amiguinha da lambisgóia mãe e ela me ofereceu ajuda para arrumar um emprego. Isso seria bem útil. Trocamos números de telefone e nos despedimos. O Rômulo ia ficar bem satisfeito em saber quem era minha nova amiga.
Voltei para o leito onde havia deixado o chato do Reinaldo e o médico já tinha o atendido e estava entregando a alta e a receita. Saímos do hospital e aquele chato só reclamava.
- Merda! Meu nariz vai ficar torto, porque eles não têm cirurgião aqui.
- Ah, chega, Reinaldo! Quando a gente der o golpe no Heitor e você estiver desfrutando a vida em algum lugar da Europa você conserta esse nariz. – Eu já estava cansada de ouvir a ladainha.
- Tão sensível você, Nicole. – Ele me olhou com raiva. – Onde você estava?
- Fazendo amigos. – Falei simplesmente.
- Sua puta! Com certeza estava dando pra algum médico.
- Cala a boca se não quiser voltar para o hospital. – Me irritei de vez.
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