“Samantha”
No fim do dia, Heitor me avisou que chegaria mais tarde em casa, tinha trabalho acumulado e o motorista iria me buscar. Depois do que aconteceu no almoço, eu estava com uma certa tendência em imaginar coisas.
Com essa tendência a imaginar coisas, fiquei me corroendo com a incerteza por mais de uma hora, enviei uma mensagem para a Melissa, perguntando se ele estava no escritório e ela me confirmou, mas tive que contar a ela sobre o motivo da minha preocupação.
Fui pra casa e quando cheguei estava tudo muito quieto. As crianças tinham voltado pra casa hoje e eu já sentia falta delas. Mas não demorou muito para o Canela aparecer e fazer a maior festa comigo. Desde que chegou ele decidiu se instalar na cozinha, ficava a maior parte do tempo lá, ao redor da Maria que lhe dava atenção, conversava com ele e lhe fazia mil agrados. Então, colocamos sua caminha lá, mas sempre que chegávamos, ele vinha correndo eufórico.
- Canela! Como foi o seu dia, amiguinho? Hum? – Perguntei brincando com aquele cãozinho fofo que agora era meu amigo. – O meu foi chato.
Tomei um banho e jantei sozinha, já que o Heitor havia me avisado que chegaria tarde. Como mente vazia é oficina do diabo, a minha cabeça começou a dar mil voltas em torno do que a tal Nicole havia dito. E daí para começar a questionar se o Heitor estava realmente trabalhando até aquela hora foi um passo muito rápido.
Já passava das dez da noite quando eu o ouvi abrir a porta da frente. O Canela, que estava deitado aos pés da cama, logo se agitou, ficou de pé e começou a balançar o rabo querendo ir receber o dono da casa cheio de alegria e amor pra dar.
- Deita aí e fica quieto, Canela. – Sussurrei para o cachorro que se aproximou me empurrando com o focinho. – Fica quieto, Canela, não vamos dar confiança pra ele não, ele nos deixou sozinhos até agora. Finge que está dormindo. – Eu continuava sussurrando e o Canela se acalmou e deitou quietinho. – Bom garoto!
Fechei os olhos, já inchados de tanto chorar, ouvi a porta do quarto ser aberta cuidadosamente e tão logo o Heitor entrou no quarto o danado do cachorro se pôs de pé, deu um latido e correu para pular nele.
- Canela, seu traidor! – Falei me sentando na cama.
Heitor acendeu a luz e vi seu sorriso se desfazer ao me olhar.
- Ei, o que foi, Rouxinol? Por que está chorando? – Heitor veio até mim com o olhar preocupado e o Canela o seguiu.
- Você demorou. – Reclamei.
- Sim, mais do que eu imaginei. Tinha muito trabalho acumulado da semana passada. – Heitor lamentou. – Desculpe te deixar tanto tempo sozinha. Não pensei que você fosse se chatear, eu só queria acabar logo com as pendências.
- Eu não deveria me chatear, mas... – Olhei pra baixo constrangida.
- Mas o quê? Tem algum problema? Você e o nosso bebê estão bem? – Heitor juntou as sobrancelhas numa expressão preocupada.
- Eu conheci a Nicole hoje. – Falei de uma vez, era melhor esclarecer esse assunto.
- Aquela filha da puta te procurou. – Heitor bufou e passou as mãos no rosto.
- Eu fui almoçar com o Rick e a Manu e ela apareceu no restaurante. – Falei ainda olhando para as minhas próprias mãos.
Contei para o Heitor tudo o que aconteceu no restaurante e tudo o que aquela mulher me disse. Ele me ouvia atentamente e com uma expressão muito séria.
- Heitor, você a encontrou semana passada? – Eu precisava saber.
- Sam, eu fui ao clube encontrar o Patrício, disso você sabe. Aquela mulher apareceu lá do nada, mas eu não dei atenção a ela, eu te dou a minha palavra!
- Por que você não me contou?
- Sam, os garotos estavam aqui e nós estávamos tendo uma semana tão boa que eu simplesmente me esqueci de comentar com você. Me desculpe, mas eu não estava te escondendo isso, apenas não me lembrei.
- Ainda não.
- Vou descer e preparar algo pra você. – Heitor me segurou.
- Eu preciso tomar um banho. – Ele olhou pra mim sorrindo. – Vem comigo?
- Eu já tomei banho. – Respondi o provocando, sabendo bem o que ele queria.
- Mas eu gosto tanto da sua companhia. – Ele me olhou com aquele sorriso safado estampado no rosto.
Tomamos um banho juntos e ele queria mais do que a minha companhia, como sempre. Fomos pra cozinha e depois que ele comeu nos deitamos e eu peguei no sono depressa, estava exausta.
Acordei com meu celular tocando e achei estranho, o quarto estava escuro, Heitor também acordou e acendeu a luz. Meu coração disparou, fiquei imediatamente preocupada com minha mãe e minha avó, ligação de madrugada não era coisa boa. Então atendi depressa.
- Alô? – não ouvi nada e insisti. – Alô? Tem alguém aí? – Escutei uma respiração pesada. – Quem é? – E nenhuma resposta. Olhei no visor e não reconheci o número. – Alô? Fala alguma coisa.
Mas a ligação foi encerrada. Eu estava nervosa, pensando que talvez fosse algo com alguém da minha família. Heitor pegou o telefone da minha mão e retornou a chamada, que caiu direto na caixa postal.
Eu estava tão preocupada que liguei para minha mãe e a acordei. Ela me disse pra ficar calma, que tinha falado com minha avó e a moça que cuida dela antes de ir dormir e estava tudo bem, que provavelmente foi um trote.
Desliguei com minha mãe, mas eu estava agitada. Aquela ligação me deixou nervosa e com uma sensação ruim. Mas quem estaria me ligando aquela hora?
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