“Heitor”
Marquei com o Patrício no clube hoje para uma partida de tênis. Tem tempos que não jogamos. Acabei chegando um pouco mais cedo e me sentei próximo a piscina, aproveitando um pouco do calor da manhã.
Estava observando um garotinho todo animado brincando com o pai na piscina. Eu estava há dias com um pensamento rondando a minha cabeça e ver aquela cena me fez desejar algo que eu nunca havia querido antes. Mas eu não sabia como falar sobre isso com a Samantha.
Estava perdido nos meus pensamentos, quando fui chamado e vi uma mulher de pé ao meu lado.
- Heitor Martinez! Há quanto tempo.
Olhei para a mulher parada ao meu lado, alta e esguia, de pele e clara e com peitos siliconados. Eu não a via há muitos anos, parecia até ter sido em outra vida. E eu não tinha nenhuma vontade de voltar a vê-la.
- Nicole! Já faz muito tempo. – Respondi, mas sequer movi um músculo para cumprimentá-la.
- E eu não mereço nem um abraço? Nem um beijo? – Nicole sorria pra mim como se fossemos velhos amigos.
- Não, não merece. – Olhei pra ela com desgosto. Continuava muito bonita por fora, mas por dentro ela era uma pessoa horrorosa.
- Ah, quê isso, Heitor, você adorava meus beijos. – Ela se insinuou se abaixando pra cima de mim.
- Você está se referindo a uma época em que eu era um jovem idiota, controlado por hormônios e que se deixava enganar facilmente, mas eu não sou mais esse garoto. – Me levantei e comecei a caminhar, sem sequer me preocupar em me despedir.
- Duvido que você tenha me esquecido! – Nicole deu uma risada fria. – Até porque continua solteiro e, pelo que eu soube, nunca teve outra namorada. – Me virei lentamente e a olhei com desprezo.
- Você está muito mal informada. – Falei triunfante. – Eu tenho uma linda namorada que mora comigo. – Me aproximei daquela criatura desprezível de novo e olhei pra ela com certa arrogância, ela não merecia nenhum tipo de cortesia da minha parte. – Sabe, Nicole, eu esperei pacientemente a mulher da minha vida aparecer e ela apareceu, como um anjo enviado do céu. Enquanto isso eu trabalhei, trabalhei muito, transformei a empresa que comprei do meu pai em um grande império tecnológico. Eu fui paciente, persistente e honesto. Já você, pelo visto, se tornou apenas uma mulher que satisfaz um homem qualquer por dinheiro.
Ela tentou me dar um tapa, mas eu segurei o seu pulso, ela jamais me tocaria de novo. Direcionei a ela um olhar gelado e soltei seu braço. Me virei e segui para a quadra de tênis.
- Vamos ver se você me esqueceu mesmo, Heitor. Porque eu realmente duvido muito. – Nicole falou alto para que eu escutasse, mas eu não estava nem aí para o que ela achava ou deixava de achar, continuei andando sem dar importância.
Fiquei esperando o Patrício na quadra de tênis. Ele chegou e notou o meu mau humor.
- Não me diga que já cansou da vida doméstica? – Patrício sempre foi um piadista, não tinha conserto.
- Cara, o pior é que eu não imaginei que fosse gostar tanto da vida doméstica. Acho que nem quero devolver os filhos da minha irmã! – Comentei animado enquanto o cumprimentava.
- Então por que essa cara de insatisfação?
- Nem te conto quem eu encontrei agora a pouco.
- Quem? – Patrício me olhou desconfiado.
- Vamos deixar o tênis pra outro dia e vamos beber alguma coisa? Estou precisando conversar.
- Vamos. Quer que eu chame os outros?
- Não, não é. Na verdade, esses dias com o Enzo e a Clara lá em casa eu tenho pensado muito sobre família.
- Opa! Isso é algo inacreditável! Logo você, que sempre disse que nunca teria filhos?
- Pois é, mas a Samantha chegou e mudou tudo. Eu quero uma família, Patrício. Almoços de domingo, casa cheia, crianças rindo pela casa...
- E a Sam também quer?
- Não sei. E não sei como falar sobre isso com ela.
- Meu amigo, só fale.
- Mas e se ela não quiser o mesmo que eu e quiser terminar?
- A pergunta é: pra você, ter filhos é mais importante do que ter a Sam?
- Não.
- Então deixa isso claro pra ela e vocês vão ficar bem.
- É, acho que você tem razão. – Suspirei e olhei o tempo, eu falaria com a Sam depois que meus sobrinhos fossem embora.
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