“Samantha”
Nós mal havíamos começado a jogar e o Flávio recebeu uma ligação estranha e teve que sair, disse que era trabalho, mas que voltaria logo. Manu só observou. Continuamos jogando e tudo ia muito bem até a Maria me chamar.
- Sam, sua mudança chegou. Eu vou colocar tudo em ordem, você tem alguma recomendação? – Maria me perguntou e eu fiquei feliz por não precisar ir ao apartamento, desde a última carta eu estava receosa.
- Não, Maria. São roupas e itens pessoais é só deixar tudo lá no closet. Obrigada. – Respondi grata por ela me ajudar com isso.
- Ah, outra coisa. O Sr. Vinícius pediu que lhe entregasse isso. - Maria me estendeu um envelope e eu comecei a tremer.
Outra carta. Mas duas cartas num intervalo tão curto? Não é possível. Eu estava paralisada olhando para o envelope. Senti uma mão no meu ombro e vi a carta ser tirada das minhas mãos.
- Deixa isso comigo, Rouxinol. – Heitor estava atrás de mim. – Não deixe que isso estrague o seu dia.
Mas já era tarde demais, aquilo já tinha tirado o meu sossego. Peguei a carta de volta e a abri, isso já estava ficando insuportável. O conteúdo era mais do mesmo, ameaças e avisos do Rômulo dizendo que sairia em breve.
Eu precisava ligar para o advogado e ter uma noção de quando o Rômulo poderia sair da cadeia, devia mesmo estar próximo, ele já estava preso há quase um ano.
- Amanhã eu vou ligar para o advogado. – Suspirei e entreguei a carta para o Heitor.
- Você está bem? – Ele me segurou pela cintura e me olhou preocupado.
- Estou, já disse que me sinto segura aqui. – Falei e lhe dei um beijo rápido.
Horas depois, quando o Flávio voltou, Manu já era coroada a campeã do vídeo game. Heitor o puxou de lado e mostrou a carta que havia chegado. Aproveitei que o Enzo estava distraindo todo mundo com mais uma das suas histórias fantásticas e chamei a Manu discretamente.
- O que foi? – Manu perguntou quando chegamos à sala.
- Eu que te pergunto, que carinha aborrecida é essa?
- O Flávio continua estranho. Viu hoje, como saiu correndo?
- Você precisa confrontá-lo, Manu.
- Talvez...
Quando os amigos foram embora e as crianças foram para a cama eu estava cansada, o dia tinha sido longo e cheio de acontecimentos. E eu que pensei que seria uma segunda calma e tranqüila. Já estava confortavelmente deitada, quando ouvi o grito do Heitor vindo do closet.
- SAMANTHAA! – Heitor chamava desesperado.
- Meu deus, o que será que esse homem viu pra chamar assim. – Pensei com meus botões.
- Ah! Jura, Enzo? – Heitor estava tão irritado quanto eu. – Como isso aconteceu, Enzo? E nem vem com graça.
- Olha, nós nos descuidamos um pouco hoje, eu admito, mas a casa estava cheia e nós perdemos a noção do tempo. – Enzo tentava se defender.
- Por isso que sua mãe não queria permitir pets em casa. – Heitor reclamou.
- Pois é, vocês se distraíram e agora nossos sapatos viraram banheiro de cachorro. Olha, olha isso, eles fizeram o número dois dentro dos sapatos. – Reclamei.
Enzo pegou os sapatos, analisou e riu.
- Pipoca, como você conseguiu acertar o número dois dentro dos sapatos? – Enzo ria e olhava o cachorrinho com admiração. – Deixa comigo, tia. Conheço um lugar que limpa desinfeta e deixa tudo cheirosinho.
- Moleque, você não sabe que sapato de couro não pode molhar? – Heitor questionou. – Estão arruinados.
- Tio, meu pai leva os dele nesse lugar. Não estão arruinados. Eles tem um jeito de limpar sem danificar os sapatos. – Enzo tinha muita certeza.
- Que seja, resolve isso amanhã. Eu vou dormir e se pegar um desses três peludos no meu quarto eu faço cachorro quente com eles. – Heitor ameaçou e foi pra cama.
Acordamos no dia seguinte sendo sufocados. Haviam muitos corpos naquela cama, não sei nem como aconteceu, mas a Clara estava deitada entre Heitor e eu, o Enzo atravessado no pé da cama e os três cachorros sobre nós. O pipoca, o mais audacioso, estava deitado no peito do Heitor, que quando acordou levou um susto tão grande, deu um pulo da cama, quase atirando o coitado do cachorro na parede de tanto susto.
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