“Heitor”
Chegamos ao abrigo e eram muitos animais. Clara ficou emocionada e até um pouco triste o que me comoveu. Ela ia passando entre os canis e brincando com os cachorrinhos que chegavam próximos a grade.
No último canil ela viu um cachorro de porte grande deitado no fundo, ele tinha olhos redondinhos e tristes, orelhinhas caídas, pelo baixo e era preto, com uma manchinha branca que descia entre os olhos até o focinho e uma patinha branca. Ele estava sozinho nesse canil.
Clara se abaixou e pediu para o responsável abrir a portinha, quando foi aberta, Clara engatinhou até o fundo e passou a mão no cachorro, que olhou pra ela com a cabeça de lado. Ela falou alguma coisa bem baixinho na orelha dele e ele a cheirou e se levantou, ela saiu e ele saiu com ela.
- Pronto, tio, é esse! – Ela abraçou o cachorro pelo pescoço, ele era quase do tamanho dela, batia acima da cintura, e ele lambeu o rostinho dela a fazendo rir. – Qual o nome dele, moço?
- Esse é o Trufa. Ele é um cachorro adulto, mas ainda jovem, ele tem um ano e meio, veio para o abrigo logo que nasceu, pois a tutora da mãe dele não conseguiu quem o adotasse. Ele é muito dócil. É um dos que está há mais tempo aqui no abrigo. – O responsável explicou.
- Clara, sua mãe disse um cachorro pequeno. O Trufa é grande. – Ponderei, mas me arrependi, os olhos dela se encheram de lágrimas e o cachorro me olhou com tristeza. Eles já eram amigos, não poderia separá-los. Me resolveria com a minha irmã depois. – Nós queremos adotar o Trufa.
Clara se iluminou como uma árvore de natal. Quando me virei, vi o Enzo e a Sam brincando com um outro cachorro de porte grande, mas esse era um caramelo e parecia muito espoleta.
- Ah, não, sua mãe não vai liberar dois cachorros. – Protestei e Samantha veio até mim.
- Na verdade, meu lindo, eu sempre quis ter um cachorro. – Ela me olhou com aqueles olhos e eu não negava nada a ela, mas um cachorro?
- Sam... – Tentei protestar, mas ela fez um biquinho com aquela boquinha que parecia um morango.
- Esse é o Canela, está conosco há seis meses, é muito manso, mas é um brincalhão. Ele foi resgatado em uma rodovia. Estimamos que ele tenha dois anos de idade. – O responsável pelo abrigo falou.
- Meu amigo, você já viu que eu não tenho opção, não é?! – Falei com o responsável que estava rindo. – Queremos adotar o Trufa e o Canela.
- Todos aqui tem nome do comida? – Perguntei intrigado.
- Coincidência ou não, os que a sua família escolheu tem nomes de comida, mas tem nomes bem variados aqui. – O cara ria da minha sorte. – Vai adotar o Pipoca também?
- E eu tenho escolha? Vão os três, mas só faz isso rápido antes que eles queiram levar mais algum. A minha irmã vai me matar! – Eu estava suando frio já e o cara ria de mim descaradamente.
- Obaa! – Ouvi Samantha, Enzo e Clara gritarem e os cachorros se agitarem.
Depois de passarmos o resto do dia no veterinário, que aferiu a boa saúde de todos, confirmando que eram castrados e que as vacinas estavam em dia, indicando as rações e orientando os cuidados de cada um, fomos para uma pet shop que mais parecia uma boutique de luxo.
Os três animais ganharam coleiras, guias, brinquedos, roupas, gravatas e até chapéus. Saíram da loja parecendo três gângsteres, de roupinha, gravata e boina. Compramos caixinhas de transporte, vasilhas para água e comida e caminhas. Eles literalmente subiram na vida, teriam uma vidinha de luxo e mordomias agora. Eu só estava pensando em como explicar para a Hebe que um cachorro pequeno virou dois cachorros, sendo um grande.
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