“Reinaldo”
Minha vida ficou complicada demais! Eu tive que sair às pressas de Miami, depois que aquelas putas me denunciaram por causa da festinha que eu fiz com elas. Pelo que um amigo me contou, a polícia estava me procurando e já tinham descoberto onde eu estava, meu tempo estava se esgotando.
Pensei que o Heitor facilitaria a minha vida quando cheguei e me daria o que eu pedi. Eu precisava ir para a Europa, lá tem muitos países que não extraditam e nem cumprem decisões judiciais de outros países. Mas viver na Europa é muito mais caro, então eu precisava de mais dinheiro. E eu precisava do avião à minha disposição caso eu precisasse sair às pressas de algum lugar. Mas o garoto resolveu bancar o poderoso comigo e não fez o que eu queria. E a imprestável da Hebe também não estava me ajudando.
Como se não fosse o bastante, duas mulheres resolveram me denunciar aqui, depois de tanto tempo e ainda estão se fazendo de esquecidas, alegando que não assinaram nenhum acordo comigo. Acabei passando vinte e quatro horas preso, numa cela fedorenta de uma delegacia chinfrim.
Ainda bem que tenho um amigo que é um excelente advogado criminal, o Rubens Calixto, logo que liguei, ele conseguiu mexer uns pauzinhos e me colocar na rua. Mas me avisou que a coisa estava feia e não conseguiria segurar a minha liberdade por muito tempo.
Procurei aquele idiota do Ricardo e ele riu da minha cara. Eu nem consegui chegar perto da ridícula da Haydèe porque ela anda com um batalhão de seguranças agora. Então o moleque do Heitor teria que fazer algo pra me ajudar. Mas como se não bastasse, ele parou de depositar o meu dinheiro.
Quem esse estúpido desse garoto pensa que é? Precisei pedir dinheiro emprestado ao meu amigo Rubens Calixto, que mais uma vez me ajudou, e foi a maior vergonha da minha vida. Tudo isso porque aquele moleque do Heitor não depositou o meu dinheiro e não quer fazer o que eu mando. Quando foi que ele parou de fazer tudo pra me agradar? Mas isso não vai ficar assim, filhinho, não vai mesmo!
Hoje eu vou ficar aqui, plantado na porta desse prédio até o idiota do Heitor aparecer e acho bom ele me dar dinheiro, porque senão eu vou atrás daquela imprestável da Hebe. Tenho que ficar aqui fora, escondido, já que o moleque me impediu de entrar na empresa, a empresa que foi do meu pai.
Já estou aqui há horas e aquele idiota ainda não apareceu, provavelmente só vai sair desse prédio na hora do almoço. Ah! Finalmente! Lá está ele, caminhando tão despreocupado... às vezes eu penso que deveria matá-lo, ele não tem filhos, metade do que é dele se tornaria meu, como pai, eu sou o herdeiro necessário junto com a ridícula da Haydèe. E ele ficou ainda mais rico depois que o avozinho materno dele morreu. É, talvez eu deva pensar nessa possibilidade, fui eu que dei a vida a ele, eu posso tirá-la. Sorri com a idéia, era mesmo prazeroso pensar nessa possibilidade.
Fico observando e o vejo entrar em um restaurante e é lá que vou abordá-lo. Caminho a passos largos e entro no restaurante. Até que é bonzinho, tem melhores, mas até que serve. O avisto sentado sozinho numa mesa aos fundos e me direciono para lá. Ele está tão distraído olhando aquele celular que só me viu quando eu já estava me sentando de frente a ele.
- O que você está fazendo aqui, Reinaldo? – Os olhos dele brilhavam de raiva. Ah, eu me divertia muito irritando esse moleque desde que era criança. Mas antes ele tinha uma necessidade até chata de tentar me agradar.
- Ora, eu vim almoçar com meu amado filho. – Respondi com um sorriso e ergui a mão. – Garçom, eu quero uma garrafa do seu melhor vinho e de entrada as bruschettas de salmão e gruyère e vou querer o bacalhau com natas. A sobremesa eu escolho depois.
- Ele não vai querer nada. – Heitor falou mal humorado. – Ele já está de saída.
- Ah, Heitor, chega de pirraça! É só um almoço e precisamos conversar. – Falei já sentindo uma irritação crescente.
- Na verdade, a empresa era do seu pai, você só esquentava a cadeira e fodia as funcionárias. Você nunca trabalhou, Reinaldo, só fingia que trabalhava, mas você nunca gostou disso. Sua vida sempre se resumiu a farras e mulheres.
- Me respeita, moleque! – Eu estava já sem paciência, mas ele continuava ali, esbanjando calma e se achando superior. Isso era novidade, eu sempre o tirava do sério, mas hoje ele estava se achando demais.
- Você nunca se deu ao respeito. Mas eu estou curioso, por qual motivo você está insistindo tanto em ter o avião a sua disposição?
- Isso não é da sua conta! O que é da sua conta é que você vai fazer o que eu estou dizendo, e vai fazer bem rápido. Ou eu vou atrás daquela gostosa que você está comendo, a Samantha. Eu vou tirá-la de você e quando eu me cansar dela ela vai estar tão quebrada que você nem vai reconhecê-la. Ah, claro, e também vou atrás da sua irmãzinha e vou acabar de foder com a cabeça doente dela. – Eu tinha dois trunfos maravilhosos nas mãos, ele ia ceder eu tinha certeza.
- Nem tente se aproximar delas! – O brilho de raiva voltou para os seus olhos. – Eu acabo com você antes que você as toque!
Heitor se pôs de pé, pronto para se retirar do restaurante. Ele estava irredutível dessa vez e eu não entendia porque, nunca foi tão difícil convencê-lo a me dar o que eu queria. Quando ele se afastou da mesa eu falei em tom mais alto para que ouvisse.
- Não demore, filhinho, eu já estou ficando sem paciência com as suas pirraças.
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