“Heitor”
Fui recebido no escritório pela Melissa, a Taís e a Julia de pé próximas ao elevador.
- Até que enfim, hein, Martinez! – A Melissa reclamou e eu olhei no relógio.
- Eu não estou atrasado, Mel! – Respondi.
- Mas poderia ter tido a cortesia de chegar um pouquinho mais cedo para nos contar como foi com a Sam. Nós estamos curiosas. E fui eu quem te ajudou! – Melissa estava ansiosa por novidades.
- Ah, é isso! – Sorri para elas. – Então venham, vamos tomar um café, porque meu final de semana foi maravilhoso!
Elas sorriram e começaram a pular e bater palmas, como um bando de tiete atrás de uma boyband. Depois de contar para elas um resumo de como a Sam tinha me perdoado e como eu estava feliz, fomos trabalhar, mas puxei a Melissa para a minha sala. Ela devia ter informações que me interessavam.
- Vem aqui, Mel, porque você vai me contar uma história. – Falei enquanto a puxava para a minha sala.
- Que história? – Ela perguntou confusa.
- Minha mãe e o Dr. Molina. – Falei simplesmente e vi a cara dela de quem tinha feito algo errado.
- Ela te contou finalmente?
- Finalmente? Há quanto tempo isso está rolando?
- O que você sabe, Heitorzinho?
- Não vem com “Heitorzinho” não, maluca. Pode desembuchar. Eu vi a minha mãe com o Molina no sábado, mas a Sam não me deixou ir tirar satisfações. Agora parece que a sua mentezinha doida e psicótica tem alguma coisa a ver com isso. – Reclamei efusivamente andando de um lado para o outro.
- Senta, Martinez. – Melissa falou calma. – A Sam fez bem. Vou te contar o básico.
- Básico? – Perguntei sem entender.
- Sim, o suficiente para você conversar com a Haydèe sem surtar e sem bancar o papel ridículo de filho ciumento. - A Melissa estava me dando uma ordem e não uma sugestão.
- Olha só, o tio Álvaro é um homem maravilhoso! Só pra você saber. – Melissa começou. – O casamento dele não ia bem há muito tempo, pelo que minha sogra contou, mas há uns meses atrás a esposa pediu o divórcio e eles estavam se separando numa boa, até ele descobrir que a vagabunda estava de caso com o contador do hospital há mais de cinco anos. Acredita nisso?
- Nossa, coitado! – Me solidarizei com o doutor.
- Pois é. Ele ficou muito mal, Heitor, tipo pior do que você. Mas se divorciou e com o apoio das filhas, deixou a vagabunda sem nada, do jeito que ela merecia. É claro que ela foi morar com o amante no mesmo dia.
- Ele a ama? – Perguntei já começando a me preocupar com os sentimentos da minha mãe.
- Como eu disse, o casamento deles já ia mal. Ele não ama a vadia, mas era um casamento de muitos anos que ele respeitava. Ele ficou mal porque ele ficou envergonhado e se sentindo feito de idiota.
- Imagino bem como é.
- Então. Aí ele queria redecorar a casa toda, porque num ataque de raiva quebrou um monte de coisa que a vadia adorava. Por isso eu apresentei a Haydèe pra ele. – Melissa concluiu com um grande sorriso.
- Era só pra ela redecorar a casa. – Afirmei com uma ponta de esperança de que Melissa não tivesse segundas intenções.
- Claro que não, não é, Martinez! Se fosse só pra decorar eu teria indicado um decorador maravilhoso que conheço pra ele. – Melissa jogou minha ilusão no lixo. – Acontece que sua mãe é linda e super bacana e amável, enfim, sua mãe é um espetáculo e o tio Álvaro também, eu queria mesmo juntar os dois. Sua mãe já passou pelo mesmo que ele e eles se entenderiam bem.
- Não, o Enzo me contou que vocês tinham se reconciliado e a Melissa me deu alguns detalhes quando me ligou hoje e eu também falei com a Sam. – Minha mãe já estava por dentro de tudo.
- A rádio fofoca só não funciona pra mim, pelo visto. – Reclamei como um moleque mimado.
- Para com isso, Heitor. Você é um homem vivido e inteligente, não é um menino. – Minha mãe me chamou a atenção. – O Álvaro é um homem maravilhoso e está me tratando como uma rainha, eu estou feliz, me sentindo amada de verdade por um homem pela primeira vez na vida e me permitindo viver isso. O que mais você quer para sua mãe?
- Mãe, esse negócio é sério?
- Heitor, não é um negócio, é um namoro. Sim é muito sério. Nem eu e nem o Álvaro temos tempo a perder, meu filho, ninguém aqui está ficando mais jovem. Quero aproveitar minha vida e se apareceu no meu caminho um homem bom, me oferecendo um sentimento verdadeiro e honesto, qual o problema em aceitar? – Minha mãe estava séria.
- Mãe, não quero que você sofra.
- Filho, eu nunca pude te evitar todas as dores e você não pode evitar as minhas. – Ela colocou sua mão na minha. – Mas o Álvaro é um bom homem e isso deve dar a ele algum crédito, não?
- É, dá sim. Dizem que nessa Família Molina os homens são todos príncipes encantados. – Me dei por vencido e minha mãe gargalhou.
- Ah querido, acho que isso realmente é verdade.
- Se você está feliz, eu estou feliz, mãe!
Depois de conversar um pouco com ela e ela me contar como foi que começou com o médico eu fui buscar a Sam para o jantar, já que a casa do Alessandro é perto da nossa, seria melhor eu passar no apartamento dela primeiro.
Samantha abriu a porta pra mim, ela estava apavorada e com os olhos inchados de tanto chorar. Eu fiquei alarmado. Mas ela nem conseguia falar de tão nervosa que estava, apenas me entregou um envelope.
Eu não sabia se olhava o envelope ou abraçava a Samantha, então caminhei com ela te o sofá e sentei a puxando para o meu colo, só então olhei o envelope e quase tive um colapso nervoso.
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