"Seu pai... Ele já tem um filho bastardo há muito tempo."
Jane ficou chocada, verdadeiramente chocada desta vez.
Ela olhou para Rafaela e pensou consigo mesma, que família era essa!
Ela já não se considerava uma Pereira, afinal, ela nem carregava mais o sobrenome Pereira, certo?
- Jane, eu te imploro, por favor! - Rafaela suplicava, chorando.
Jane achou a situação tão ridícula que começou a rir. E enquanto ria, as lágrimas começaram a escorrer.
- Jane?
Rafaela piscou, sem entender a filha que naquele momento estava tanto rindo quanto chorando.
- Você...
Na frente de Rafaela, a risada de Jane ficou ainda mais alta. Ela riu tanto que começou a chorar, se agachou no chão, segurou o estômago e, apontando para Rafaela, disse:
- Você é a maior responsável por eu estar rindo tanto hoje.
Rafaela arregalou os olhos, incrédula.
- Jane, como você se tornou assim!
Rafaela olhava em desespero para a filha que estava no chão, rindo tanto que precisava segurar o estômago.
- Como você pode transformar a nossa tragédia familiar em uma piada?
Jane não conseguia mais controlar o riso, no entanto, essas malditas lágrimas... Não paravam.
Rafael sentiu uma dor aguda no peito. Rafaela via Jane rindo, mas ele via a mulher sendo forçada a expor sua dor em público.
Rafaela já a havia ferido gravemente, mas essa mulher só podia tentar esconder suas feridas com risos.
Em um instante, Rafael sentiu remorso e culpa. Rafaela tinha ferido Jane terrivelmente, e ele era o principal culpado por levá-la ao inferno.
Por um momento, ele pensou em desistir.
Mas, subitamente, ele estendeu seu braço longo, apanhou-a do chão e a abraçou com força.
- Me desculpe, Jane, me desculpe.
Ele repetia essa frase uma e outra vez. A mulher em seus braços, ouvindo essas desculpas, não conseguia mais encontrar qualquer luz ou calor em seu coração.
Ela tentou se libertar, mas o braço de ferro a mantinha firme. O homem sussurrava em seu ouvido:
- Me desculpe, Jane, me desculpe, me desculpe, me desculpe.
Os olhos do homem estavam vermelhos de fúria. Ele poderia dizer "me desculpe" mil vezes, poderia sacrificar sua vida, mas não podia perder Jane.
- Me desculpe, eu não vou soltar você. Me desculpe, eu não posso perder você.
A mulher em seus braços ficou atônita, o corpo tenso, os lábios começaram a tremer involuntariamente.
- Sr. Rafael.
Ela fechou os olhos.
- Eu não quero suas desculpas, por favor, me deixe em paz.
O cansaço infinito a dominava.
Rafaela olhava perplexa para o casal à sua frente. Ela queria segurar a mão da mulher, implorando para que ela salvasse seu filho, mas o casal estava tão intimamente entrelaçado que não havia espaço para ela intervir.
Nuno observava a cena com os braços cruzados, indiferente.
A exaltação da mulher, o colapso, o desespero... Ele não podia intervir.
Seus olhos caíram novamente sobre o rosto do homem que parecia muito com ele. O ciúme quase o consumiu.
"Por que tem que ser você? Por que sempre tem que ser você? Por que não pode ser eu?"
Ele observava, pensava, refletia e finalmente se calava. Se ele não podia ter seu amor, então teria seu ódio.
Ele olhou mais uma vez para o casal, a linha tênue entre o amor e o ódio era intransponível para os outros. O olhar sombrio em seus olhos vinha das profundezas do inferno.
"Rafael, por favor, morra, está bem? Jane, por favor, odeie-me, está bem?"
- Sua pirralha, pare.
Mas Cecília estava como louca, continuando a golpear Rafaela com a vassoura:
- Vou te matar, pessoa ruim, vou te matar! Para que você pare de intimidar a chefe, para que pare de pressioná-la!
Rafaela não tinha como lidar com a Cecília louca, se esquivando e correndo em direção a Jane:
- Jane, eu sou sua mãe, você tem que mandar essa pirralha parar!
Antes que ela pudesse terminar a frase, ela tropeçou e caiu.
Vendo Rafaela se jogar, Rafael agiu rápido, segurou Jane pelo braço e recuou rapidamente. As pontas dos dedos de Rafaela só conseguiram agarrar o ar antes de tropeçar e cair devido à inércia.
- Jane?
Depois de cair, Rafaela não podia acreditar no que havia acontecido, olhando atordoada para Jane:
- Como você se transformou nisso?
Seus olhos, fixados em Jane com acusação, pareciam culpar Jane.
- Você...
A cor do rosto de Jane estava um pouco estranha, anormalmente vermelho. Tiago se perguntava, se ela estava tão quente assim?
No segundo seguinte, ele ouviu um grito angustiado:
- Jane! Rápido! Para o hospital!
Rafaela ficou atônita, rapidamente se levantou e saiu correndo atrás deles:
- Jane, Jane!
Mas o homem que carregava a mulher parou abruptamente, virou-se, com olhar ameaçador, e rosnou entre dentes:
- Se ousar dar mais um passo, farei com que André perca a vida agora mesmo!
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