-Tio leão eu quero te pedir uma coisa. –Diz envergonhada me observando receosa.
-Pode dizer princesa. –Ele a observa curioso.
Ela enrola os dedinhos no vestido envergonhada me olhando.
-Pode falar. –A incentivo.
-Eu vou dançar e quero que você vai me ver. –Diz envergonhada.
-Você vai dançar? É claro que vou te ver. –Ele sorri se agachando a sua altura.
-Vai mesmo? –Seu sorriso cresce.
-Sim.
-Eba... –Ela o abraça feliz enroscando os bracinhos em seu pescoço.
-Vai ter a apresentação do dia dos pais na escola. –Explico.
-Vou amar vê-la dançar minha princesa. –Ele deixa um beijo em sua bochecha. -Princesa agora o tio leão preciso conversar com a mamãe você pode brincar com a Maria um pouquinho? –Ele pergunta a observando.
-Quero ficar com o você. –Diz manhosa.
-Prometo brincar muito com você depois, mas você tem que ficar com a tia Maria agora. –Ele beija sua bochecha.
-Faço o que tio leão está pedindo minha princesa. –Sorrio para ela que me observa pensativa.
-Eu tenho bonecas lindas no meu quarto quer ver? –Maria diz sorridente e o interesse de Daisy se volta para ela.
-Vou ficar com a tia Maria. –Ela solta Layonel segurando a mão da Maria que a esperava.
As duas seguem por um corredor enquanto observo Layonel com os braços cruzados.
-Fui trocado por bonecas. –Ele semicerra os olhos pensativo.
-Com certeza foi. –Acabo rindo.
Seus olhos verdes curiosos se voltam para mim e somente agora percebo que não estou totalmente preparada para falar tudo.
-Aceita mais vinho. –Ele oferece com a garrafa na mão.
-Por favor. –Seguro a taça me encostando no balcão da cozinha.
Assim que ele termina de colocar o líquido na taça a viro de uma vez sem nem mesmo degusta-lo, meu coração palpita e minhas mãos soam. Eu realmente precisava de algo para me encorajar a contar tudo.
-Ei, nada de vinhos para você. –Ele fecha a garrafa e faço uma careta.
-Estou nervosa. –Confesso.
-Está com medo de mim? –Pergunta incerto.
-Não. –Sorri e vejo a alivio se instalar em seus ombros tensos.
A minha frente não tem mais um homem brincalhão como a poucos minutos, agora vejo um homem de negócios pronto para ouvir tudo o que eu tenho a dizer.
-Apenas quero te ajudar Hana. –Ele encosta na mesa a minha frente me observando.
-Preciso ter certeza que você não fará nada sem a minha permissão. –Falo preocupada.
Ele pondera o meu pedido.
-Tudo bem, não farei nada sem suas ordens. –Ele concorda.
-Bom, como você já sabe fui traída pelo meu ex-marido. –Ele assente de braços cruzados me observando silencioso. -Seu nome é Ivan e depois da separação legal na justiça ele simplesmente sumiu me deixando com Daisy.
-Você não sabe onde ele possa estar? –Pergunta surpreso.
-Não. – Suspiro. - Já fui até a delegacia prestar queixa. Ele é procurado por não pagar pensão, mas até agora não temos nenhuma informação.
-Você quer encontra-lo?
-Quero apenas por um motivo. –Meus batimentos cardíacos se aceleram.
-Você o ama Hana? –Pergunta curioso.
-Não. –Rio irônica. –Não mais.
-Conte-me o que lhe aflige. –Seus olhos verdes observam os meus movimentos com cuidado.
-Não farei nada que não queira, mas vou pedir que meus advogados analisem o caso e entrem como uma ação contra o banco, afim de diminuir ainda mais essa dívida. Quanto a outra casa estamos de mãos atadas, ele foi esperto e pelo que vejo não podemos fazer nada.
-Você promete que não vai usar seu dinheiro? –Pergunto desconfiada.
-Claro que eu posso resolver isso de uma maneira simples quitando tudo, mas se você não quer então eu não farei. –Ele observa meus olhos acariciando minhas costas com a mão.
-Obrigada! –Sussurro o abraçando.
Ele beija o topo da cabeça e ficamos abraçados até que finalmente acalmo minha respiração, mas sinceramente não quero solta-lo.
Layonel se mantém calmo, mas as batidas do seu coração estão descompassadas, posso sentir os batimentos do seu coração em meu rosto encostado em seu peito. Seu corpo está rígido e ele tenta me passar uma calma que no momento ele não tem já que está visivelmente irritado.
Sei que a culpa de tudo isso é de Ivan, mas não quero que Layonel se envolva com ele ou tente encontra-lo. Quero apenas viver uma nova vida de paz e harmonia com minha filha.
Layonel é um sonho, mas eu não posso deixar as expectativas crescerem dentro do meu peito. Ele é um homem rico de trinta e seis anos que está solteiro, o máximo que teremos é um caso que iniciará uma grande repercussão me expondo para o Brasil a fora e eu não posso me dar esse luxo.
Antes eu tivesse a certeza de que um relacionamento com ele me levasse a uma união estável onde eu realmente pudesse dar um pai a Daisy e eu tenho mais do que certeza de que ela amaria tê-lo como pai, mas as coisas não são assim e eu preciso de um relacionamento sério e concreto, sem dúvidas ou incertezas.
Pensar nisso tudo dói. Dói porque ele é um homem surpreendente e talvez eu esteja criando barreiras onde não existem, mas ele é uma pessoa fechada que não deixa eu me aproximar. A cada dia que se passa mesmo com essa distância me sinto apaixonada.
Apaixonada pelas duas faces do meu chefe.
Pelo homem brincalhão e sorridente e até mesmo pelo homem sério, fechado e solitário.
Passo a mão em seu peito dobrando a gola de sua camisa por cima do terno escuro, afrouxo sua gravata e quando vou desabotoar o primeiro botão de sua camisa ele me impede.
-Você deveria vestir roupas mais leves. –Passo as mãos por seus braços fortes.
-Eu adoraria. –Ele sorri. –Mas me acostumei a viver assim.
-Você não sabe mentir. –Sussurro observando seus olhos verdes.
-Como pode afirmar isso? –Ergue uma sobrancelha duvidoso.
-Porque essas roupas te incomodam, você as odeia, odeia as gravas, odeia as abotoaduras, os ternos e as camisas de gola alta. Você odeia roupas apertadas que prendem seus movimentos, odeia roupas sociais Layonel, mas usa a todo instante como se isso pudesse esconder suas verdades.
Seus olhos verdes surpresos se desviam dos meus incomodados.
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